sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ídolos do Fluminense


Faixa com onze rostos de ídolos. Da esquerda para a direita: Castilho, Pinheiro, Edinho, Didi, Rivellino, Telê Santana, Ricardo Gomes, Waldo, Romerito, Washington e Assis.


Recentemente, um botafoguense me interpelou, tentando diminuir o Fluminense. "O tricolor não possui ídolos", proferiu o alvinegro. E da sua boca pendia uma baba elástica, grossa e bovina. A intensa salivação deve ser sinal de alguma doença. Como não sou médico para diagnosticá-la, vou apenas apresentar pequenas ilustrações para ensinar um pouquinho de história ao amigo de General Severiano.

Começo com a foto de um único time do Fluminense. Antes de olhar o registro fotográfico, aconselho que ponham óculos de proteção, pois desta pintura vaza uma luz ofuscante.


[equipe do Fluminense em 1952, no Maracanã. Em pé: Píndaro, "papagaio de pirata", Édson, Jair (Santana), Bigode, Castilho e Pinheiro. Agachados: Telê, Didi, Carlyle, Orlando Pingo de Ouro e Quincas.]

Pouquíssimos clubes em toda a história do futebol mundial conseguiram reunir, numa mesma equipe, cinco lendas vivas do esporte bretão. Esse time de 1952 tinha Castilho, Pinheiro, Telê, Didi e Orlando. Não à toa, vencemos o Campeonato Mundial de Clubes nesse saudoso ano, que marcava nosso cinqüentenário.

Continuo minha exposição da história do Fluminense com um painel de jogadores:

O primeiro a aparecer é o ponta-direita Pedro Amorim, campeão de 1940, 1941 e 1946, autor de 80 gols em 204 partidas com a camisa do Fluminense.

Depois vem João Coelho Netto, o Preguinho, que é simplesmente o atleta brasileiro mais completo de todos os tempos. Marcou 156 gols em 172 partidas pelo Tricolor. Também fez o primeiro gol da Seleção em Copas do Mundo.

Flávio marcou 93 gols em 114 jogos. Entre eles, o gol que decidiu o até então maior Fla-Flu de todos os tempos, decisão do Campeonato Carioca de 1969. [clique aqui para conhecer a história deste jogo maravilhoso, nas palavras mágicas de Nelson Rodrigues]

Iniciando a próxima linha de craques, está Denílson. Ele era um cabeça-de-área de estilo clássico. Ganhou do Profeta Tricolor o apelido de Rei Zulu, devido à elegância imperial com que desfilava em campo. É o sétimo jogador com mais aparições pelo Fluminense, com 435 jogos e 17 gols.

Ao lado de Denílson, está o lateral-esquerdo Altair, que era conhecido por seu fôlego infinito, e também por ser um virtuose da técnica. Jogou 543 partidas pelo Fluminense (é o quarto jogador que mais atuou pelo Tricolor). Colecionou os canecos de 1957 (Rio-SP), 1959, 1960 (Rio-SP), 1964, 1966 (Taça GB) e 1969. Símbolo de dedicação e amor à camisa.

Sobre Didi, aconselho que leiam "O triunfo do homem", brilhante crônica de Nelson Rodrigues sobre a conquista de nossa primeira Copa do Mundo.

Cláudio Adão chegou em 1980 para levantar o Campeonato Carioca.

Edinho, prata-da-casa, zagueiraço de altíssima classe, exímio cobrador de faltas. Campeão carioca em 1975, 1976 e 1980, neste último marcando, de falta, o santo gol do título.

Carlos Alberto Torres, o capitão do tri da Seleção, foi formado pelo Fluminense. Na foto, aparece com o troféu do Torneio de Paris, uma das glórias conquistadas com a camisa tricolor.

Romeu Pellicciari, "o homem que passava meses sem errar um passe", era um autêntico técnico dentro de campo. Foi campeão carioca em 1936, 1937, 1938, 1940 e 1941, todos tendo o maior rival Flamengo como vice-campeão. Em 23/11/1941, teve fundamental participação no lendário Fla-Flu da Lagoa. Nessa decisão, o árbitro Juca da Praia deu doze minutos de acréscimo, porque o Fluminense isolava todas as bolas na Lagoa Rodrigo de Freitas, a fim de ganhar tempo. Foram os doze minutos mais espetaculares de um jogador de futebol. Mário Filho descreveu: "Romeu alongava caminhos, avançando, recuando, dando voltas, prendendo estrategicamente a bola. E ele não dava a bola para ninguém. Ela era só dele. E o tempo passava." Em 199 partidas pelo Tricolor, Romeu marcou 91 gols.

Félix Mielli Venerando era o goleiro da Seleção em 1970. No mesmo ano, venceu o Campeonato Brasileiro com o Fluminense. Ganhou ainda diversos outros troféus vestindo a camisa pó-de-arroz, no Brasil e no exterior.

Escurinho marcou 113 gols em 490 jogos, durante dez anos envergando o manto tricolor. Levantou o Rio-SP em 1957 e 1960, e também o Campeonato Carioca de 1959.

Acham que é só? Lá vai mais um painel:

1. Castilho; 2. Romerito; 3. Romerito comemorando o gol do título brasileiro de 1984; 4. Telê; 5. Deley; 6. Rivellino; 7. Waldo, o maior artilheiro; 8. Pinheiro; 9. Orlando, o "Pingo de Ouro"; 10. Carlos Alberto Pintinho; 11. Elba de Pádua Lima, o Tim; 12. Gérson; 13. Assis e Washington, o inigualável "casal vinte"; 14. Jair Marinho.

Na década de 70, houve também Marco Antônio, Mickey, Samarone, Manfrini, Kléber, Paulo César Caju, Doval, Zé Mário, Mário Sérgio, Cafuringa. Mais recentemente, tivemos Paulo Victor, Branco, Ricardo Gomes, Ézio, Aílton, Renato Gaúcho, Marcão, Magno Alves, Thiago Silva, Thiago Neves, Cícero, Darío Conca e outros. Poderia passar o resto do meu dia aqui a listar ídolos. Há clubes que vivem de um ídolo, ou dois ou três; outros vivem de um grande time. O Fluminense é diferente: os ídolos, os timaços, as máquinas se sucedem, uns após os outros, numa corrente que começou quarenta minutos antes do nada, e durará para sempre.

Ademir Menezes, Supercampeão Carioca de 1946.


Renato Gaúcho comemora em 1995. Campeão no Centenário do Flamengo!


Marcos Carneiro de Mendonça, o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, tricampeão em 1919!


Thiago Silva, o mais recente ídolo do Fluminense. Levantou a Copa do Brasil em 2007, e participou da campanha histórica do vice-campeonato da Libertadores em 2008. Joga hoje no AC Milan, da Itália, e provavelmente jogará as próximas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira.

Marcão, volante de muita disposição, jogou 397 partidas pelo Fluminense.


Mickey, herói do Campeonato Brasileiro de 1970!

Welfare e Machado, heróis do tricampeonato em 1919!

Ricardo Gomes, um dos zagueiros mais técnicos da história do futebol brasileiro.

Ézio, artilheiro que sempre balançava as redes rubro-negras...

Thiago Neves, maestro do time que assombrou a América em 2008.

Manfrini, craque na década de 70, terror do Flamengo!

Darío Conca, herói do Campeonato Brasileiro de 2010!

Há outra peculiaridade no Fluminense: alguns de seus grandes ídolos não foram jogadores de futebol. Que outro clube no mundo poderia reunir tantos ases assim, em tantas áreas diferentes?



Nelson Rodrigues, o maior cronista esportivo de todos os tempos.


Arnaldo Guinle, o patrono do Fluminense. O maior dirigente esportivo da história brasileira.


Chico Buarque, gênio da música brasileira.


Carlos Alberto Parreira, técnico campeão brasileiro pelo Flu e mundial pela Seleção.


Ivan Lins, expoente da Música Popular Brasileira.

Há ainda Barbosa Lima Sobrinho, Elis Regina, Tom Jobim, Santos Dumont, Mário Lago, Pedro Bial, Arthur Moreira Lima, Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Oscar Schmidt, Cartola, Jô Soares, Francisco Horta, João Batista Figueiredo e muitos outros.

Não vou fugir da pergunta final: "E quem é o maior ídolo da história do Fluminense?". Respondo sem pestanejar: Carlos José Castilho.


O lendário arqueiro do Fluminense e da Seleção Brasileira tem um currículo espetacular, que inclui três campeonatos mundiais (a Copa Rio de 1952 pelo Fluminense - em que teve espetacular atuação - e as Copas do Mundo de 1958 e 1962 pela Seleção Brasileira). Amputou um dedo para continuar jogando pelo Fluminense, e é até hoje o recordista de atuações pelo Tricolor. Toda homenagem a Castilho é pouco diante do que ele fez pelo pó-de-arroz. Obrigado, Leiteria!

Certamente deixei de citar alguns nomes importantes, e peço desculpas envergonhadas por isso. Peço que apontem meus esquecimentos nos comentários. Encerro o post com um agradecimento ao Blog do Tricolor Verdadeiro, de onde copiei os painéis. Lá, há mais alguns mosaicos de ídolos tricolores. Valeu, Hélio!

PC

Golaço do dia #43 - Marcelinho


Atleta: Marcelo Pereira Surcin (Marcelinho Carioca).
Nascimento: 01/02/1971, no Rio de Janeiro.
Jogo: Santos 2 x 2 Corinthians (Campeonato Paulista).
Local: Vila Belmiro, Santos/SP.
Data: 11/02/1996.

Este golaço foi uma sugestão do leitor Leonardo Cidade Ribeiro.

PC

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Recordar é viver - Fluminense 2, Corinthians 0

Rio de Janeiro, 30 de julho de 1952.

Amigos, a vitória desta quarta-feira foi a mais importante de todas. Numa final de dois jogos, o mais importante é o primeiro. O time que quer ser campeão precisa se impor na primeira partida. É óbvio que é o segundo jogo que define tudo, e que é possível virar uma situação desvantajosa. Porém, muito melhor é não precisar virar nada: muito melhor é estar em vantagem o tempo todo.

Foi isso que o Fluminense fez hoje, diante dos campeões paulistas: impôs o seu futebol, do instante inicial ao minuto derradeiro. O quadro de Álvaro Chaves foi uma verdadeira máquina de jogar bola, espremendo o Corinthians contra o seu próprio gol.

Quando o cronômetro marcava vinte e dois minutos, Orlando Pingo de Ouro, o atacante que é a cara do Fluminense, abriu o placar para o Tricolor. Foi o quinto gol de Orlando na Copa Rio: ele é agora o artilheiro isolado do certame.

No segundo tempo, o Fluminense manteve a pressão, buscando o segundo tento, que significaria enorme vantagem. E foi Marinho, aos 25 minutos, que concretizou o sonho pó-de-arroz. Foi a quarta vez que Marinho balançou as redes na Copa Rio. Fluminense 2 a 0, e o placar não mudou mais.

Me perdoem por não dar mais detalhes do jogo em si. Explico minha sonegação: em uma final, a tática e a estratégia dão lugar ao coração, e a razão é substituída pela emoção. É por isso que as finais são sublimes, é por isso que as decisões são eternas. Nosso austero técnico Zezé Moreira tem a sua importância, claro. Mas, numa final, o fator que desequilibra mesmo é o coração na ponta da chuteira: é o sangue verde, branco e grená jorrando paixão.

Sábado é o grande dia. Os tricolores vivos, doentes e mortos subirão as rampas do Maracanã. Os vivos sairão de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Nós, torcedores do passado, do presente e do futuro, empurraremos o Fluminense para a glória suprema.

PC

Ficha técnica: Fluminense 2 x 0 Corinthians
Data: 30/07/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Jair, Édson e Bigode; Telê (Robson), Didi, Marinho (Simões), Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira.
Corinthians: Gilmar; Homero e Olavo; Idário, Julião e Sula; Cláudio, Luizinho, Carbone, Gatão (Jackson) e Mário (Colombo). Técnico: Rato.
Árbitro: Joaquim Campos (Portugal).
Público pagante: 27.094.
Público presente: 38.680.
Renda: CR$ 770.590,90.
Gols: Orlando Pingo de Ouro (aos 22 minutos do primeiro tempo) e Marinho (aos 25 minutos do segundo tempo).

Fontes de pesquisa:
[1] Anuário do Esporte Ilustrado 1953.
[2] Livro "Fluminense Football Club, Histórias, Conquistas e Glórias no Futebol", de Antônio Carlos Napoleão.

Jogos anteriores do Fluminense na Copa Rio de 1952:

Jogo final da Copa Rio de 1952:

Golaço do dia #42 - Thiago Neves


Atleta: Thiago Neves Augusto.
Nascimento: 27/02/1985, em Curitiba/PR.
Jogo: Fluminense 2 x 2 Macaé (Campeonato Carioca de 2008).
Local: Maracanã.
Data: 26/01/2008.
Comentário: muita categoria, gol por cobertura, de fora da área, com vários adversários à frente. Espetáculo!

PC

Dez jogos sem vitória

Amigos, segue o calvário do Fluminense: já são dez jogos sem vitória. Ontem, foi Palmeiras 1 a 0 no Parque Antártica, gol de nosso ex-jogador Diego Souza. A equipe tricolor só não assume a lanterna porque o Náutico consegue perder mais ainda.

No início do campeonato, estávamos mal, e alguns torcedores começaram a culpar Parreira e Thiago Neves. Cansei de escutar nas arquibancadas do Maracanã: "tudo vai melhorar sem o Thiago Neves", "tudo vai melhorar sem o Parreira". Confesso que não consigo entender a lógica desse pensamento, que obviamente se revelou incorreto.

E agora, quem os idiotas da objetividade culparão? O meia Conca? O técnico Renato Gaúcho? Eu asseguro, amigos: a culpa não é deles.

Conca não pode ser o único armador do time. Seu futebol exige companhia na armação. Pergunto: onde está o outro meia criativo do time? Respondo: ele inexiste. Toda a responsabilidade fica nos ombros do argentino. No segundo semestre do ano passado, foi a mesma coisa, e não deu certo. Eis porque sentimos tanta falta de Thiago Neves.

Já Renato Gaúcho também não pode receber o fardo da culpa. Ele assumiu um elenco que não montou, já na zona de rebaixamento, e recebeu pouquíssimos reforços. O time até melhorou sua postura, passou a lutar mais, mas ainda não tem sido o suficiente para vencer.

O time ruim é reflexo da diretoria incompetente. O amadorismo reina. Tanto que não me surpreenderei se anunciarem a demissão de Renato Gaúcho. Se isso realmente acontecer, perderei o meu último fiapo de esperança na salvação.

Reage, Fluminense!

PC

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Recordar é viver - Fluminense 1, Palmeiras 0

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1970.

Amigos, começou o quadrangular final do Campeonato Brasileiro, e começou muito bem: Fluminense 1 x 0 Palmeiras! Com o empate no clássico do Mineirão (Cruzeiro 1 x 1 Atlético), o Fluminense já assume a liderança. E a Taça de Prata começa a sorrir, com a encantadora possibilidade de envelhecer eternamente na Rua Álvaro Chaves.

E foi uma grande vitória do Fluminense. Primeiro, aconteceu a tempestade de bandeiras e de pó-de-arroz. Mais de 50 mil tricolores coloriam as arquibancadas, cadeiras e gerais de verde, branco e grená. O Maracanã estava simplesmente deslumbrante.

E o que dizer da escalação tricolor, anunciada pelos alto-falantes? Amigos, é de fazer estremecer qualquer adversário. Já começa com Félix, o goleiro do escrete que assombrou o mundo em junho, no México. Desde o tri, Félix ganhou muito respeito. Quem o acusava de frangueiro, não mais o faz. E o que dizer da linha à frente do arqueiro? Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio! Um colossal arrepio toma conta de mim ao ouvir esses quatro nomes. Reparem na presença de Marco Antônio na lateral-esquerda: ali está outro herói do tri, a apavorar os adversários.

Vejamos nossos dois homens do meio-campo: Denílson e Didi. Ano passado, Denílson voltou a ser o "Rei Zulu", um dos melhores jogadores brasileiros de defesa. Já Didi tem nome de craque, e hoje parecia inspirado mesmo pelo eterno Waldyr Pereira, tamanha a elegância com que se portava em campo.

A escalação pó-de-arroz termina com um ataque avassalador: Cafuringa, Mickey, Samarone e Lula! Cafuringa é um ponta-direita e tanto. Acusam-no de não marcar gols, mas ele usa os seus dribles para destruir as defesas rivais, abrindo o caminho para os gols dos companheiros. Sobre Mickey eu falo daqui a pouco. Sobre Samarone, basta dizer seu apelido: "Pelé branco". Não é necessário continuar descrevendo o craque. O pernambucano Lula na ponta-esquerda, com sua capacidade goleadora, também assusta qualquer defesa.

Deixei Mickey para o final, e há um glorioso motivo para isso: ele é o meu personagem do domingo. Foi dele o gol que garantiu a doce e santa vitória que nos catapulta para a liderança. Domingo que vem, seremos campeões brasileiros, diante do Atlético no Maracanã. E Adalberto Kretzer, o Mickey, será novamente o nosso grande herói. Está escrito há seis mil anos que a Taça de Prata de 1970 é nossa. Faltam dois jogos para o título.

PC

História - Fluminense x Palmeiras

O Fluminense Football Club e a Sociedade Esportiva Palmeiras formam um dos clássicos inter-estaduais de maior tradição no futebol brasileiro. Já foram até hoje 89 jogos: 25 vitórias tricolores, 14 empates, e 50 vitórias palmeirenses. A equipe carioca já marcou 131 gols, e o quadro de São Paulo já assinalou 164 tentos.

(ATENÇÃO: PARA CONHECER AS ESTATÍSTICAS ATUALIZADAS DO CONFRONTO, CONFIRA A POSTAGEM MAIS RECENTE, CLICANDO AQUI)

Os dois tradicionais clubes têm uma gloriosa semelhança nas abarrotadas salas de troféus: a Copa Rio, Campeonato Mundial da época, que o Palmeiras levantou em 1951 e o Fluminense conquistou em 1952. Ambas as conquistas foram nessa época do ano (inverno no Hemisfério Sul).

Eis a relação completa dos jogos:
30/05/1926 - Palestra Itália-SP 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
15/03/1931 - Fluminense 3 x 2 Palestra Itália-SP - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
06/08/1933 - Fluminense 1 x 4 Palestra Itália-SP - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
10/12/1933 - Palestra Itália-SP 2 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
19/07/1934 - Fluminense 3 x 4 Palestra Itália-SP - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
11/06/1938 - Fluminense 2 x 2 Palestra Itália-SP - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
14/09/1938 - Palestra Itália-SP 0 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
23/08/1939 - Palestra Itália-SP 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
25/10/1939 - Palestra Itália-SP 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
24/07/1940 - Fluminense 5 x 3 Palestra Itália-SP - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
21/03/1942 - Palestra Itália-SP 5 x 2 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
26/04/1946 - Palmeiras 2 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
04/07/1946 - Fluminense 4 x 1 Palmeiras - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
10/07/1946 - Palmeiras 2 x 2 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
30/07/1947 - Palmeiras 2 x 5 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
05/11/1947 - Palmeiras 3 x 0 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
02/02/1949 - Palmeiras 3 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
05/02/1950 - Palmeiras 3 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
02/03/1952 - Fluminense 2 x 2 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
30/05/1953 - Palmeiras 2 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
28/04/1954 - Fluminense 2 x 1 Palmeiras - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
04/07/1954 - Fluminense 2 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
12/05/1955 - Fluminense 2 x 5 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
04/05/1957 - Fluminense 5 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
26/02/1958 - Palmeiras 2 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
26/03/1959 - Palmeiras 2 x 0 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
29/03/1959 - Fluminense 0 x 0 Palmeiras - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
17/05/1959 - Fluminense 2 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
17/04/1960 - Fluminense 1 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
09/11/1960 - Palmeiras 0 x 0 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
16/11/1960 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
12/03/1961 - Fluminense 1 x 2 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
17/03/1963 - Fluminense 2 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
26/04/1964 - Fluminense 2 x 2 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
10/04/1965 - Palmeiras 3 x 2 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
16/05/1965 - Fluminense 1 x 3 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
16/03/1966 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
05/03/1967 - Fluminense 2 x 4 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
04/08/1968 - Palmeiras 1 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
26/09/1968 - Palmeiras 2 x 0 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
18/10/1969 - Fluminense 2 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
07/11/1970 - Palmeiras 0 x 3 Fluminense - Morumbi (São Paulo)
29/01/1971 - Palmeiras 0 x 2 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
10/03/1971 - Fluminense 1 x 3 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
04/09/1971 - Palmeiras 1 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
12/10/1972 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
24/08/1975 - Palmeiras 3 x 1 Fluminense - Pacaembu (São Paulo)
03/12/1975 - Fluminense 4 x 2 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
09/03/1980 - Fluminense 0 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
24/04/1982 - Palmeiras 1 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
20/05/1982 - Fluminense 1 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
23/09/1987 - Fluminense 2 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
18/12/1988 - Palmeiras 0 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo) [PK: 3 x 1]
22/10/1989 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
04/06/1990 - Palmeiras 1 x 1 Fluminense - Maracanã (São Paulo)
28/10/1990 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Eduardo Guinle (Nova Friburgo-RJ)
03/02/1991 - Fluminense 4 x 2 Palmeiras - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
08/02/1992 - Palmeiras 3 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
11/07/1993 - Fluminense 0 x 3 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
29/07/1993 - Palmeiras 2 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
03/10/1993 - Fluminense 2 x 4 Palmeiras - Laranjeiras (Rio de Janeiro)
14/11/1993 - Palmeiras 2 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
27/08/1994 - Palmeiras 1 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
03/09/1994 - Fluminense 1 x 1 Palmeiras - Caio Martins (Niterói-RJ)
05/11/1994 - Fluminense 4 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
28/10/1995 - Palmeiras 1 x 1 Fluminense - José Lancha Filho (Franca-SP)
05/09/1996 - Palmeiras 5 x 1 Fluminense - Café (Londrina-PR)
05/07/1997 - Palmeiras 4 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
30/01/1999 - Fluminense 4 x 0 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
06/02/1999 - Palmeiras 2 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
30/01/2000 - Palmeiras 6 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
13/02/2000 - Fluminense 0 x 2 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
24/09/2000 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
18/01/2001 - Palmeiras 1 x 3 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
07/11/2001 - Palmeiras 2 x 6 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
03/03/2002 - Palmeiras 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
21/07/2002 - Palmeiras 1 x 0 Fluminense - Albertão (Teresina-PI)
06/11/2002 - Fluminense 0 x 3 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
12/08/2004 - Palmeiras 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
19/12/2004 - Fluminense 1 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
21/08/2005 - Fluminense 2 x 2 Palmeiras - Raulino de Oliveira (Volta Redonda-RJ)
04/12/2005 - Palmeiras 3 x 2 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
23/08/2006 - Palmeiras 3 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
03/12/2006 - Fluminense 1 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
05/08/2007 - Fluminense 0 x 1 Palmeiras - Maracanã (Rio de Janeiro)
14/11/2007 - Palmeiras 1 x 0 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)
16/07/2008 - Palmeiras 3 x 1 Fluminense - Parque Antártica (São Paulo)

PC

Golaço do dia #41 - Leandro Amaral


Atleta: Leandro Câmara do Amaral.
Nascimento: 06/08/1977, em São Paulo/SP.
Jogo: Fluminense 6 x 1 América (Campeonato Carioca de 2008).
Local: Maracanã.
Data: 06/02/2008.

PC

terça-feira, 28 de julho de 2009

Eterna paixão

Por: Pedro Gilio.

"Quando eu nasci não chorei, eu vibrei. Vibrei por saber estar vindo ao mundo com o destino traçado. Meu destino? Ser Tricolor.

Eu podia começar a enumerar centenas de motivos que me fazem amar o Fluminense, mas na verdade não há motivo nenhum. Eu amo por amar. Amo ser tricolor tanto quanto amo o Tricolor.

Cantei, vibrei, gritei, me emocionei e chorei. 2008 foi intenso. Ser tricolor é viver a intensidade. Nascemos com vocação para a eternidade. Mas a eternidade deve ser chata, por isso vivemos cada jogo, cada campeonato, cada momento como se fosse o derradeiro. E quando chegar ao fim, vou me recordar de quando chorei e vou sorrir. O momento era nosso, o estádio era nosso, a festa era nossa mas e o título? Não foi. Azar dele que vai demorar mais alguns anos para fazer parte da nossa galeria. Torci pelo Coração Valente, pelo argentino baixinho e frágil, pelo meia que fazia nevar com a bola nos pés. Mas não deu.

E aí vou me lembrar de quando eu sorri e vou chorar. O resultado era adverso, o tempo era adversário, a volta era redonda nas a gente tinha o Papa. E também uma nuca abençoada.
Nesse momento eu me lembro de um gol de um tal de Magrelo, Fininho, Magrão, já nem me lembro o nome dele, no Maracanã e depois um gol logo no comecinho, no despertar de um jogo sofrido na terra do Guga. Como era mesmo o nome daquele zagueiro reserva que fez o gol e virou herói? Ah, era o Roger.

Roger... isso me lembra o fundo do poço. E o curioso foi onde esse tormento terminou. Com dois gols de um habilidoso meia que também se chamava Roger no sugestivo estádio dos Aflitos. Dizem que quando estamos no fundo do poço nossos amigos nos dão a força que precisamos para a subida e a nossa torcida fez muito bem esse papel. Esteve lá o tempo todo dando show. Ah, disso eu me lembro, como me lembro.

Assim como eu me lembro como chegamos lá no fundo. Tudo começou com uma derrota para o time do Rei (que uma certa vez foi o nosso Rei) lá em São Paulo. Sim, a queda do gigante começou contra um outro gigante adormecido, numa certa semi-final, um ano antes da queda anunciada. Um 4x1 que eu nunca me esquecerei.

Na verdade, eu nunca vou me esquecer mesmo é do Rei do Rio. O churrasqueiro gaúcho que veio dos pampas para virar um autêntico carioca rato de praia e, principalmente, de Maracanã. Viva a gordurinha acumulada. Viva o Fla-Flu. Viva o nosso Renato. Ave ao Rei do Rio!

Daí pra trás eu não tenho mais lembranças, só histórias que outros tricolores, entendiados em sua ociosa eternidade vão nos contando. Me falaram de um tal carrasco que tinha um parceiro para formar o Casal 20. Tinha também um paraguaio que fazia o futebol de qualquer outro parecer falsificado. E o Brasil era nosso.

Soube também de uma Máquina que tinha o bigodudo paulista, o Pôl Cêzár entortanto os beques adversários, o Capita no comando e um presidente que gostava de trocar figurinhas.

Dos nossos ancentrais tricolores bem mais da velha guarda escutei falar de um tanque, uma leiteria e um fio de esperança. Fora outros tantos nomes como o maior de todos os atletas, Preguinho.

E assim vai se construindo a história do meu Tricolor. De imortal para imortal, na ociosidade da eternidade a nossa história vai sendo levada e contada. Saudações Tricolores. A todos. Aos vivos que saem de suas casas e aos mortos que deixam as suas tumbas. Nos vemos no Maracanã."

Golaço do dia #40 - Didi



Atleta: Waldyr Pereira (Didi).
Nascimento: 08/10/1928, em Campos/RJ.
Morte: 12/05/2001, no Rio de Janeiro/RJ.
Jogo: Brasil 5 x 2 França (semifinal da Copa do Mundo de 1958).
Local: Estádio Råsunda, Estocolmo, Suécia.
Data: 24/06/1958.

O gol de hoje é um exemplo do chute inventado por mestre Didi: a folha seca. Waldyr Pereira é um dos maiores craques de todos os tempos, e desfilou seu infinito talento com as vestimentas de Fluminense, Botafogo, Real Madrid e Seleção Brasileira. Tinha duas paixões colossais: o futebol e dona Guiomar, mulher com quem viveu durante 50 anos. Didi foi aclamado como o melhor jogador da Copa do Mundo de 1958. Abaixo, a brilhante crônica de Nelson Rodrigues sobre a conquista do campeonato mundial, destacando o papel de Didi, "o príncipe etíope".

PC

O triunfo do homem
(Nelson Rodrigues, Manchete Esportiva, 05/07/1958)

"Qualquer jogador do escrete brasileiro podia ser o meu personagem da semana. De Gilmar a Zagallo. De Zagallo diremos apenas o seguinte: — estava em todos os lugares ao mesmo tempo. De certa feita, foi até interessante. Zagallo salva um gol, sai com a bola e, em seguida, aparece lá na frente, na área adversária, desintegrando a defesa inimiga. Amigos, ontem o escrete era imbatível. Cada vez que um craque patrício apanhava a bola, partia em todas as direções, como aquele mocinho de fita em série. E, pela primeira vez, numa final de campeonato do mundo, um escrete vence de goleada, vence de banho. Mas, como eu ia dizendo: — a exibição do Brasil foi tão perfeita, irretocável, que, desta vez, qualquer um podia ser o meu personagem.

Por exemplo: — Pelé, um menor total, irremediável, que nem pode assistir a filme de Brigitte Bardot. Ao receber o ordenado, o bicho, é o pai que tem de representá-lo. Pois bem: — Pelé assombrou o mundo. Não se limitou a fazer os gols. Tratava de enfeitá-los, de lustrá-los. Sim, poderia ser Pelé o homem desta página.

E, todavia, eu penso em Didi. Examinem a sua fisionomia, os seus traços. Há, nele, uma dignidade racial de Paul Robeson. “Grande jogador”, dizem todos. Mas não faltam os que duvidem do seu caráter, do seu brio, da sua alma. Nos jogos do certame carioca, é comum ouvir-se um torcedor esbravejando: — “Didi não está fazendo força! Didi está amolecendo!”. Quando se tratou de organizar o escrete, quase todo mundo gritou contra Didi. Uns juravam: — “Moacir é melhor!”. Outros diziam: — “Didi não é jogador para a Copa!”. Nos treinos da seleção, foi vaiado quantas vezes? Acabaram queimando o formidável jogador. Conclusão: — ele amarrou a cara e seu comportamento, em todo o Mundial, foi esmagador.

Não se podia desejar mais de um homem, ou por outra: — não se podia desejar mais de um brasileiro. Ninguém que jogasse com mais gana, mais garra, e, sobretudo, com mais seriedade. Nem sempre marcava gols. Mas estava, fatalmente, por trás dos tentos alheios. Era ele quem amaciava o caminho, quem desmontava a defesa inimiga com seus lançamentos em profundidade. Com uma simples ginga de corpo, liquidava o marcador. E nas horas em que os companheiros pareciam aflitos, ele, com sua calma lúcida, o seu clarividente métier, prendia a bola e tratava de evitar um caos possível.

Não foi só o jogador único, que os críticos europeus mais exigentes consideraram o maior da Copa. Foi algo mais: — um homem de bem. O que ele demonstrou de constância, de fidelidade, de bravura, de entusiasmo, basta para caracterizá-lo como um brasileiro de altíssima qualidade humana. A partir deste Mundial, o brasileiro começa a ter uma nova imagem de Didi. Repito: — passa a ver Didi como um homem de bem. Pois nós sabemos que nenhum escrete levanta um campeonato do mundo sem extraordinárias qualidades morais. De nada adiantará o futebol se o homem não presta. O belo, o comovente, o sensacional no triunfo de ontem está no seguinte: — foi, antes de tudo, o triunfo do homem.

Eu já disse que, no formidável e harmônico esforço do escrete, todos parecem merecer uma glória igual. É dificílimo destacar este ou aquele. Mas há, no caso de Didi, certas circunstâncias que projetam o craque em alto-relevo. O torcedor estava errado quando o imaginava incapaz de paixão, incapaz de gana, incapaz de garra. Molhou a camisa, derramou até a última gota de suor, matou-se em campo. Quando o rei Gustavo da Suécia veio apertar-lhe a mão, eu imaginei ao ouvir no rádio a descrição da cena: — dois reis! Pois Didi, como sempre tenho dito aqui, lembra um rei ou príncipe etíope de rancho.

Com as suas gingas maravilhosas, ele, em pleno jogo, dava a sensação de que lhe pendia do peito não a camisa normal, mas um manto de cetim azul, com barra de arminho."

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A quem desejar ler outras crônicas esportivas de Nelson Rodrigues, recomendo fortemente os seguintes livros: "À Sombra das Chuteiras Imortais", "O Profeta Tricolor" e "O Berro Impresso das Manchetes".

Apresentação de Peter Siemsen

Ontem à noite, estive em uma reunião aberta do Grupo Político Pavilhão Tricolor, uma sabatina a Peter Eduardo Siemsen, candidato à presidência do Fluminense Football Club nas eleições de 2010. Muitos leitores pediram que eu passasse as minhas impressões sobre o encontro, de modo que eu resolvi escrever aqui. Antes de começar, gostaria de deixar bem claro que jamais, em hipótese alguma, usarei esse espaço para fazer propaganda política, seja de eleições do clube, seja de eleições do Brasil. Não estou aqui defendendo que os sócios votem em Peter Siemsen, nem que não votem nele. Meu intuito aqui é meramente informativo.

Ainda antes de iniciar, observo mais alguns pontos:
- Não tenho a reunião gravada, e portanto posso escrever aqui alguma coisa que na verdade não foi dita. Nesse caso, peço que o próprio Peter ou qualquer pessoa que tenha estado lá se manifeste nos comentários.
- Um candidato não deve ser condenado somente por sua opinião com relação a determinado assunto. É impossível concordar 100% com outra pessoa.
- Trechos entre aspas denotam frases na forma exata como foram ditas pelo candidato.
- Este não é um relato oficial do evento. A versão oficial do Pavilhão Tricolor para a apresentação de Peter Siemsen estará disponível no site do grupo político.

Peter Siemsen é graduado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e pós-graduado em Direito Financeiro. Peter é um dos executivos da Dannemann Siemsen, empresa que atua nas áreas de propriedade industrial e intelectual, e de direito ambiental. Ele foi candidato nas últimas eleições do clube, obtendo 631 votos e a segunda colocação. (Horcades foi eleito com 901 votos, e Paulo Mozart ficou em terceiro com 215.)

Minha impressão do encontro foi positiva. Embora eu não concorde com todas as idéias de Peter Siemsen, ele me pareceu uma pessoa bem intencionada, e bem preparada. Ele adota o discurso de que "não existe milagre", do jeito que eu gosto. A idéia de profissionalização da gestão do clube me agrada, mas a forma como ela será viabilizada não. Abaixo, detalho os assuntos abordados por ele, dentro do que minha memória permite.

TRANSPARÊNCIA
Logo no começo da apresentação, Peter Siemsen deixou bem claro que, se vencer as eleições tricolores, fará um mandato com total transparência. Todos os números e contratos do Fluminense seriam disponibilizados para os sócios, os torcedores, e a sociedade em geral.

PARTICIPAÇÕES EM GESTÕES PASSADAS DO FLUMINENSE
Peter participou duas vezes de gestões passadas no Fluminense, ajudando na área jurídica, que é a sua especialidade. A primeira foi durante seis meses na gestão emergencial de Manoel Schwartz, em 1998. O clube se encontrava em situação caótica, com "dívidas acumuladas, esportes olímpicos arrasados, e futebol a caminho da queda para a terceira divisão". A segunda ajuda foi na primeira gestão de Roberto Horcades, durante um ano e meio. O candidato diz que não deveria ter aceitado o cargo, pois "na verdade não estava ajudando o Fluminense, e sim contribuindo para a perpetuação dos erros". Ele também diz ter aprendido que só se deve aceitar cargos se houver confiança total e irrestrita na administração da instituição.

LARANJEIRAS
Peter Siemsen considera que o Fluminense deveria ter um espaço de memória mais organizado, e uma loja maior que a atual. Mas afirma que não tem como fazer planos para a sede do clube, uma vez que a atual administração ainda tem um ano e meio para fazer o que quiser ali.

ESTÁDIO
Peter Siemsen garante que o assunto não está entre as suas prioridades. O Fluminense continuaria jogando no Maracanã, pelo menos a curto e médio prazos.
[nota do blogueiro: concordo veementemente com essa posição do candidato.]

XERÉM
O candidato considera que o tamanho do terreno é satisfatório. Mas, segundo ele, são necessárias melhorias nas instalações, e principalmente na gestão da carreira dos jovens atletas, pois a transição dos jogadores da base para os profissionais é muito precária. Ele ainda afirmou que o contrato de cessão do terreno pela prefeitura de Duque de Caxias precisa ser revisto. (atualmente, a cessão não é definitiva, o que torna o investimento na área muito arriscado)

CENTRO DE TREINAMENTO
Peter Siemsen critica a gestão de Roberto Horcades, por só começar a se mobilizar nesse assunto no quinto ano de gestão, "numa tentativa desesperada de deixar um legado para o clube". Para ele, um CT ideal teria dois campos, espaço de areia, e área para construção de um prédio administrativo e um centro de recuperação e fisioterapia (citando o caso do REFFIS, do São Paulo Futebol Clube). O terreno seria cedido pela prefeitura, em uma "recompensa pelos serviços prestados pelo Fluminense ao longo de seus 107 anos". A localização seria próxima da residência da maioria dos atletas, condição que segundo ele atrairia os jogadores para o clube. Por fim, a construção do centro seria muito bem planejada, nada seria feito às pressas.

PROFISSIONALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
A idéia da campanha é que o Fluminense seja administrado de forma profissional. Isto significa que os executivos seriam remunerados e dedicariam 100% do seu tempo ao clube, sem outro emprego paralelo. Porém, a implementação do profissionalismo não se daria de forma imediata. Haveria um período de transição, em que o clube seria administrado por um comitê executivo, formado por pessoas não remuneradas, com expertise em suas áreas. Este comitê analisaria a situação do clube e, num prazo não determinado pelo candidato, passaria a gestão aos profissionais. Um dos argumentos utilizados é o da natural sub-divisão de setores do Fluminense: não faria sentido executivos muito bem remunerados tomarem as decisões de determinados esportes olímpicos, cujas receitas são muito pequenas.
[nota do blogueiro: considero maléfico esse período de transição amador. Nada me convence de que isto não vai contra os princípios de administração profissional que eu defendo para o Fluminense.]

A GESTÃO DO FUTEBOL
Após o período do comitê executivo, o futebol teria três nomes fortes: um administrador profissional, um nome da área técnica do futebol, e um "boleiro". A necessidade do administrador profissional é óbvia: o processo decisório precisa ser influenciado por um executivo, que entenda de negócios. O nome da área técnica do futebol seria o responsável por analisar o mercado da bola, tanto doméstico quanto internacional. O "boleiro" captaria informações sobre o grupo de jogadores, detectando problemas como "rachas", falta de interesse, e falta de comprometimento.

SÓCIOS-TORCEDORES - OS EXEMPLOS DE INTERNACIONAL, GRÊMIO E VASCO
Peter pretende seguir esta tendência de captação de novos sócios-torcedores. O Internacional, por exemplo, atingiu recentemente a marca de cem mil sócios, o que gera uma receita de, no mínimo, R$ 2,2 milhões mensais ao clube. O candidato afirma que o torcedor fiel de arquibancada merece tanto desconto nos ingressos quanto o direito de votar nas eleições do clube.
[nota do blogueiro: o Fluminense hoje age na contramão dessa tendência. O plano sócio-torcedor sai mais caro que a compra individual dos ingressos, não dá direito a voto, e ainda sofreu aumento abusivo de 2008 para 2009.]

UNIMED
O patrocínio é muito bem vindo, por causa do alto investimento e da história de parceria. No primeiro ano de mandato, o formato seria parecido com o de hoje: a Unimed pagaria diretamente os atletas, sem o dinheiro passar pelo caixa do Fluminense, evitando assim os problemas de penhora. Porém, o Fluminense seria 100% responsável pelas contratações. Se essa condição não for aceita, o candidato prefere procurar outro patrocinador, mesmo que este injete menos dinheiro.

ASSUMIR UM CLUBE FALIDO
O candidato se sente motivado pelo desafio. Ele confessa que já teve uma visão pessimista, de que o Fluminense não tinha mais salvação, no final da década de 90. Mas mudou de pensamento, dizendo que as receitas de hoje são muito maiores que as de outrora. Peter argumenta que, se bem administrado, o clube ainda tem chances de voltar a ser uma potência.

ALIANÇAS POLÍTICAS
Peter Siemsen afirma categoricamente que não fará distribuição de cargos, em troca de apoio político. O candidato aceita conversar com todo mundo, mas não cederá na sua proposta de profissionalização para angariar votos.
[nota do blogueiro: esta é a principal bandeira defendida por mim. Espero que o candidato mantenha a postura durante os próximos meses.]

CAMPANHA ATUAL POR NOVOS SÓCIOS
Peter não soube precisar o número exato de novos sócios, uma vez que somente o próprio Fluminense Football Club tem esse controle. Mas ele acredita que a campanha de associação em massa da torcida está tendo o sucesso esperado. Senão, não teria lançado sua candidatura.

Minha mensagem final (minha, Paulo Cezar):
Hoje, a forma mais efetiva de melhorar o futuro do Fluminense é militar na sua política. Detesto esse tipo de coisa, mas na minha visão é necessário. Se você gosta do Fluminense, e tem condições financeiras, associe-se ao clube até setembro, para poder votar nas eleições de 2010. Influencie no destino de sua paixão. Tome posse do que é seu. O Fluminense somos nós.

PC

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Recordar é viver - Fluminense 5, Áustria Viena 2

Rio de Janeiro, 27 de julho de 1952.

Amigos, o Tricolor está na finalíssima do Mundial! Hoje tivemos a nossa mais bela vitória. Sequer precisávamos vencer, mas atropelamos! O esquadrão do Áustria Viena não conseguiu segurar nossos craques, que lutaram com ímpeto e paixão inexcedíveis!

O quadro de Laranjeiras ignorou a vantagem obtida no primeiro jogo, e se lançou todo para o ataque. Logo aos seis minutos, Telê, nosso Fio de Esperança, abriu o marcador. Abençoado seja Telê Santana, cuja vida se confunde com as três cores do querido pavilhão.

Porém, a equipe vienense logo passou a demonstrar sua força. Quando o cronômetro marcava um quarto de hora, o infernal centroavante canhoto Ernst Stojaspal empatou a peleja, dando nova vida às esperanças austríacas. E, cinco minutos depois, Rudolf Pichler venceu Castilho, assinalando 2 a 1. Como o Fluminense vencera por 1 a 0 na ida, estava tudo empatado novamente.

Mas o domingo era tricolor, e empurrado por seu povo o Fluminense partiu para a reação espetacular. E então começou a brilhar a estrela do meu personagem do domingo: Orlando Pingo de Ouro.

Quando se pensa num centroavante goleador, vem logo a imagem de um sujeito forte, com físico privilegiado. Não é o caso de Orlando, que é um pernambucano franzino, praticamente um pingo de gente. Em compensação, a mãe natureza deu a Orlando ginga, malícia e inteligência, que o fazem se posicionar bem, sempre no local certo para marcar os gols. Esse faro de gol e a técnica apuradíssima nas finalizações fazem do Pingo de Ouro um grande gênio do esporte bretão.

Ainda no primeiro tempo, Orlando foi o responsável pela virada pó-de-arroz, primeiro aos 31 minutos, e depois aos 41. O placar de 3 a 2 voltava a dar tranqüilidade ao Fluminense: a vaga de finalista estava próxima.

Então veio a segunda etapa, e o Tricolor continuou arrasador. Logo aos oito minutos, o ponta-esquerda Quincas fez 4 a 2. E aos vinte, Orlando Pingo de Ouro completou seu hat-trick. O score de 5 a 2 era o passaporte tricolor para a finalíssima da Copa Rio.

Na semana que começa, o Maracanã receberá os dois jogos mais importantes de nossa cinqüentenária história. Fluminense e Corinthians quebrarão lanças na batalha pelo troféu mundial. Os tricolores vivos e mortos comparecerão ao Maracanã. Com os torcedores de hoje e os fantasmas de velhos triunfos, o pó-de-arroz tentará conquistar a sua maior glória.

PC

Ficha técnica: Fluminense 5 x 2 Áustria Viena (FK Austria Wien)
Data: 27/07/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Jair, Édson e Bigode; Telê, Didi (Róbson), Marinho (Simões), Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira.
Áustria Viena: Paul Schweda; Karl Stotz e Karl Kowanz; Walter Schleger, Ernst Ocwirk e Franz Swoboda; Fritz Kominek, Adolf Huber, Rudolf Pichler, Ernst Stojaspal e Lukas Aurednik. Técnico: Heinrich Müller.
Árbitro: Joaquim Campos (Portugal).
Público pagante: 33.897.
Público presente: 45.623.
Renda: CR$ 948.300,50.
Gols:
- primeiro tempo: Telê aos 6 minutos (1-0); Ernst Stojaspal aos 15' (1-1); Rudolf Pichler aos 20' (1-2); Orlando Pingo de Ouro aos 31' (2-2) e aos 41' (3-2).
- segundo tempo: Quincas aos 8' (4-2) e Orlando Pingo de Ouro aos 20' (5-2).

Fontes de pesquisa:
[1] Anuário do Esporte Ilustrado 1953.
[2] Livro "Fluminense Football Club, Histórias, Conquistas e Glórias no Futebol", de Antônio Carlos Napoleão.
[4] Wikipedia (também alguns artigos da versão em alemão).

Jogos anteriores do Fluminense na Copa Rio de 1952:

Jogos seguintes do Fluminense na Copa Rio de 1952:

Golaço do dia #39 - Rummenigge


Atleta: Karl-Heinz Rummenigge.
Nascimento: 25/08/1955, em Lipstadt, Alemanha Ocidental.
Jogo: Internazionale 3 x 3 Torino.
Data: 08/12/1985.
Local: San Siro, Milão, Itália.
Descrição: chute acrobático de rara beleza. Foi o gol de empate dos nerazzurri (2 a 2), aos 10 minutos do segundo tempo.

PC

domingo, 26 de julho de 2009

Sobrenatural de Almeida

Amigos, foi terrível. Ele estava lá, o tempo todo. Amaldiçoava cada passe e cada chute do Fluminense, durante os longos noventa minutos. Mas eu só percebi a sua diabólica presença no instante derradeiro da batalha. Foi naquele chute de Kieza, que tinha endereço certo, se não fosse sua maligna interferência. Não fosse o desvio no zagueiro cruzeirense, a rede balançaria. Mas a bola desviou no defensor azul. Mesmo assim, seria gol, e mais que isso: seria a vitória - a doce e santa vitória. Mas ele estava lá, para nos atrapalhar.

No metrô, voltando para casa, repassei o jogo de mim para mim mesmo, num silencioso monólogo. E percebi que Sobrenatural de Almeida era o grande responsável pelo tropeço do Fluminense. Para quem não o conhece, apresento: trata-se de um fantasma, que não possui time preferido. Pelo contrário: Almeida quer ver a caveira de todos os times. Quando ele implica com o Fluminense, a vitória se torna quase uma impossibilidade matemática.

Ainda no primeiro tempo, Marquinho apareceu na cara do gol, de frente para o arqueiro Fábio, do Cruzeiro. Ele tentou chutar no cantinho, para fazer 1 a 0. Mas Sobrenatural de Almeida estava lá, e empurrou a bola para a mão do goleiro cruzeirense. Era o primeiro ato do meu abominável personagem do domingo.

Depois de alguns minutos, o Cruzeiro fez 1 a 0, mas logo Kieza teve a chance de empatar para o Fluminense. Para variar, o chute saiu em cima de Fábio. Trata-se de mais uma óbvia interferência do Sobrenatural.

No intervalo, acho que senhor Almeida teve problemas extras quando foi ao banheiro do Maracanã. Deve ter sido aquele cachorro quente, que não é Geneal. Atrasou-se, perdendo o início da segunda etapa. Dieguinho e Maicon acabavam de entrar em campo, e se aproveitaram da ausência do Sobrenatural para fazer uma linda jogada, dando o gol de bandeja para nosso esforçado Kieza. Gol do Fluminense, 1 a 1.

Infelizmente, não deu tempo de virar a partida, antes que Almeida resolvesse seus problemas digestivos. E então ele voltou a agir: estava ao lado de Fábio, velando as traves cruzeirenses, à direita das cabines de rádio do Estádio Mário Filho. O tempo todo.

Maicon cruzou, e Kieza apareceu livre para cabecear. A bola foi para fora.

Conca cobrou uma falta espetacularmente. A bola raspou na trave, e foi para fora.

Kieza foi lançado, e sairia na cara do arqueiro Fábio. E então Leonardo Silva trocou o gol certo pelo cartão vermelho.

Marquinho recebeu na frente, se esticou e chutou. A bola passou pelo arqueiro Fábio, mas misteriosamente saiu pela linha de fundo.

Por fim, desculpem a redundância, o já citado instante derradeiro. Kieza recebe de Maicon e chuta com perfeição. O zagueiro desvia, matando o goleiro Fábio, mas a bola não morre no fundo da rede: vai caprichosamente para fora, passando a milímetros da trave.

Os leitores estão convencidos da influência de Sobrenatural de Almeida? Eu confesso que estou. Gravatinha, dê um jeito de aparecer no Parque Antárctica na próxima rodada: o Fluminense precisa de você.

PC

Golaço do dia #38 - Rahn


Atleta: Helmut Rahn (apelidado de Der Boss).
Nascimento: 16/08/1929, em Essen (Alemanha).
Morte: 14/08/2003, em Essen (Alemanha).
Jogo: Alemanha Ocidental 3 x 2 Hungria (final da Copa do Mundo de 1954, conhecida como "Das Wunder von Bern" - "O Milagre de Berna").
Local: Wankdorf Stadium, Berna, Suíça.
Data: 04/07/1954.
Descrição: aos 39 minutos do segundo tempo, o drible e o chute no canto, para consumar o Milagre de Berna. Foi o terceiro gol alemão, na impressionante virada sobre o fantástico escrete húngaro de Puskas, Kocsis e Czibor.
Curiosidade: mesmo após ser o herói da Copa do Mundo, Rahn continuou jogando por seu clube, o modesto Rot-Weiss Essen, e levou-o à conquista do Campeonato Alemão-Ocidental de 1954/55.

O golaço de hoje foi sugestão do leitor Tadeu N. Ferreira, o Zito.

PC

Craque - Kléber



Rio de Janeiro, 10 de junho de 1975.

Um Fluminense de sonhos esmagava o Bayern de Munique no Maracanã lotado. O bicampeão europeu ruía diante da Máquina Tricolor. Aqueles onze nomes não compõem apenas uma escalação. É música, é poesia: Félix; Toninho, Silveira, Assis e Marco Antônio; Zé Mário e Kléber; Cafuringa, Paulo César Caju, Rivellino e Mário Sérgio.

E como transcorreu a grandiosa batalha? Assim que entraram no gramado do Maior do Mundo, os times saudaram os torcedores e se cumprimentaram. O pontapé inicial revelou um desses jogos imortais. O Fluminense foi só pressão no começo, entusiasmando até mesmo quem não é pó-de-arroz. Aos sete minutos, Rivellino dá um "elástico" na entrada da área. O malicioso drible, inventado pelo próprio Riva, desnorteou toda a defesa alemã. Logo após, o craque da patada atômica deu um passe milimétrico para Kléber, que apareceu na cara do gol. Sepp Maier fechou o ângulo, e Kléber deslocou o goleiro. A bola, porém, não tinha como destino o gol. Acontece então o suave milagre: a pelota desvia na canela de Gerd Müller, e morre no fundo do gol. Gol contra do maior artilheiro da história das Copas. O placar do Maracanã anunciava, exaltando-se de felicidade: "Fluminense 1, Bayern 0". [a história completa deste jogo se encontra aqui]

Rio de Janeiro, 25 de julho de 1991: Moacir Fernandes, o Cafuringa, morre vítima de uma septcemia.

Salvador, 8 de dezembro de 1999: Antônio Dias dos Santos nos deixa desolados aqui na Terra. Toninho é a segunda estrela daquela poética constelação a ir brilhar no céu.

Campo Grande-MS, 25 de julho de 2009: Kléber Ribeiro Filho não resiste a um ataque cardíaco. Aos 55 anos, chegou a hora de Bequinha fazer companhia a Cafuringa e Toninho no Fluminense celeste, que já conta com Castilho, Preguinho, Didi, e tantos outros, inclusive Telê Santana de técnico e Nelson Rodrigues de cronista.

São Gonçalo, 4 de abril de 1954. Nascia Kléber, o Bequinha. Treze anos depois, o garoto começava a escrever sua história em verde, branco e grená. Vejam o que é o destino: ele passaria exatamente treze anos defendendo as três cores que traduzem tradição.

Profissionalmente, atuou no Fluminense de 1973 a 1980. A estréia de Kléber, que era volante, foi num dia 31 de maio, no Estádio Municipal de Luanda, em Angola (Fluminense 4 x 0 Sporting Luanda). Era o capítulo inicial de uma carreira recheada de glórias, no Brasil e no exterior.

Os treze anos foram tempo suficiente para Bequinha se tornar um ídolo de Laranjeiras. Ele conseguia aliar técnica e talento a garra e ímpeto. Mas não foi só isso: também levantou taças, muitas taças. Foram quatro Campeonatos Cariocas: 1973, 1975, 1976 e 1980. Além deles, conquistou a Taça Guanabara (1975), a Copa Vale do Paraíba (1977) e três troféus internacionais (Torneio de Paris-1976, Torneio Viña Del Mar-1976 e Taça Teresa Herrera-1977).

Foram 315 jogos com a camisa tricolor: 156 vitórias, 84 empates e 75 derrotas. Kléber marcou 41 gols para o Fluminense (além do gol contra do Bayern, que na verdade foi dele - a canela de Gerd Müller foi apenas o caminho da bola para vencer Sepp Maier).

Depois do Fluminense, Bequinha ainda atuou nos seguintes clubes: Náutico (PE), 9 de Octubre (Equador), Operário (MS), XV de Jaú (SP) e Vitória de Guimarães (Portugal). Encerrou a carreira em 1986, no clube português.

Após a aposentadoria, Kléber foi vereador de São Gonçalo, sua terra natal. Morou um tempo em Campo Grande, onde se tornou responsável pelo futebol do Rádio Clube local.

Bequinha, obrigado por ajudar a escrever gloriosas páginas da história do Fluminense Football Club. Não se esqueça das palavras de Nelson Rodrigues, com quem você pode conversar agora. "A morte não exime ninguém de seus deveres clubísticos: quando o Fluminense precisa de número, os vivos saem de suas casas e os mortos saem de suas tumbas". Nos vemos no Maracanã!

PC


sábado, 25 de julho de 2009

Recordar é viver - Fluminense 5, Cruzeiro 1

Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2002.

Amigos, o Dia dos Pais não atrapalhou a festa tricolor no Maracanã. Mais de 68 mil pessoas se dirigiram ao Estádio Mário Filho: era a estréia do Fluminense Football Club no Campeonato Brasileiro, e mais que isso, era a estréia de Romário pelo Fluminense Football Club. O torcedor pó-de-arroz poderia ter ficado em casa, abanando seu pai com a revista d'O Globo. Mas não. Cada fluminense sentiu que deveria ir ao Maior do Mundo. Estava escrito há seis mil anos, diria Nelson Rodrigues: aquele seria um dia inesquecível para o clube de Laranjeiras.

Primeiro falemos sobre Romário de Souza Faria, o gigante de 1,68m. Às vezes, tenho a impressão de que o mundo conspira a favor do Baixinho. Mais: o universo conspira por Romário. É impressionante: ele conseguiu ser ídolo de Vasco e Flamengo! Não satisfeito, resolve que será ídolo do Fluminense também. E ele sabe, melhor que tudo e todos, o caminho para se eternizar nos corações de uma torcida: balançar as redes dos adversários.

Mas o clássico entre Fluminense e Cruzeiro não era só Romário. Havia também os outros 21 jogadores, o juiz e os bandeirinhas, os gandulas, os reservas, os técnicos. A estrela do Baixinho brilha tanto que às vezes nos esquecemos dos outros personagens do gramado. Mas eles também participam: tanto que, nos primeiros 25 minutos, o Cruzeiro domina o jogo, e só pára no goleiro Murilo, que defende com segurança os arcos tricolores.

Aos 28 minutos, ocorre o lance que mudaria toda a história do jogo: o atacante cruzeirense Joãozinho desonra o nome do pai, dando um carrinho criminoso em Marcão, o camisa 7 tricolor. O juiz Héber Roberto Lopes, corretamente, expulsa o jogador do Cruzeiro. Agora o Fluminense tinha a vantagem numérica. E aproveitou-se dela para lançar-se todo para o ataque.

Aos 30 minutos, vem o primeiro momento de êxtase no Maracanã. Marquinhos cruza, e Magno Alves mergulha de peixinho para marcar seu centésimo gol com a camisa do Fluminense. Uma façanha emblemática, afinal vivemos o ano do centenário tricolor. O Magnata merece homenagens em Álvaro Chaves: comeu o pão que o diabo amassou, foi criticado por tudo e todos, mas estava sempre lá metendo os seus golzinhos. Hoje, na festa de Romário, ele fez o número 100. Parabéns, Magno Alves! 1 a 0 Fluminense!

E o artilheiro dos 100 gols não parou por aí: achou Fernando Diniz na área, e este só escorou para o gol: 2 a 0 Fluminense, ainda no primeiro tempo, e Romário nem participou ainda! O programa de Dia dos Pais no Mário Filho definitivamente estava valendo a pena.

Héber Roberto Lopes parecia disposto a colaborar com Romário. Vander derruba Fernando Diniz fora da área, mas o juiz carequinha marca pênalti para o Flu. Pronto, Romário, está aí a sua chance de começar a escrever a parte verde, branca e grená de sua gloriosa história. A cobrança é perfeita, a comemoração é perfeita, a festa da torcida é perfeita. 3 a 0 Fluminense.

Começa o segundo tempo, a torcida tricolor quer mais, e é atendida. Beto, o outro estreante, chuta fraquinho, de canhota, e a bola entra de mansinho. Fluminense 4, Cruzeiro 0: magia no Maracanã. Quatro minutos depois, o mesmo Beto é expulso, por falta violenta em Batatais.

A igualdade numérica estava de volta, mas o Cruzeiro não se aproveitava disso. Com erros de passe inacreditáveis, a Raposa parecia implorar ao juiz que encerrasse o jogo. Já no finzinho, Fábio Júnior fez o gol de honra: 4 a 1. Parecia que o jogo inaugural do Campeonato Brasileiro havia acabado ali. Mas...

... Romário estava em campo. Ele inicia a jogada, triangula com dois companheiros, recebe na frente, e toca na bola de biquinho, vencendo o goleiro Jefferson. Um golaço com a assinatura de Romário: Fluminense 5 a 1.

Vasco, Seleção Brasileira, PSV Eindhoven, Barcelona, Flamengo... tantos já se apaixonaram pelo Baixinho! A torcida do Fluminense é a mais nova abençoada com o talento do maior centroavante que o mundo já viu.

PC