sábado, 23 de outubro de 2010

Pelé setentão


Amigos, o ano era 1957, e a Seleção Brasileira estava na disputando a Copa Roca, em duas partidas contra a Argentina. O primeiro jogo, no Maracanã, a Argentina venceu por 2 a 1. A derrota, no entanto, foi totalmente irrelevante. Naquele 7 de julho, nascia o mais vitorioso casamento da história do esporte mundial: aos 16 anos, Pelé estreava na Seleção Brasileira. O gol tupiniquim foi do garoto do Santos. Três dias depois, no Pacaembu, o técnico Sílvio Pirillo já escalaria Pelé como titular. Mais um gol, a vitória por 2 a 0, e a posse da Copa Roca. Era o primeiro título da espetacular parceria.

No ano seguinte, teríamos a sexta Copa do Mundo, na Suécia. Os titulares Julinho e Evaristo transferiram-se para a Europa e com isso perderam suas vagas no escrete. Seus reservas Joel e Dida foram promovidos a titulares. E as duas vagas abertas na reserva foram preenchidas por Garrincha e Pelé. Na estreia, vencemos a Áustria com facilidade (3 a 0) e, no segundo jogo, houve empate sem gols com a Inglaterra. No jogo da classificação, contra a União Soviética, estrearam Garrincha e Pelé, e triunfamos por 2 a 0. A dupla não sairia mais do time titular.

Nas quartas-de-final, diante do País de Gales, Pelé marcaria o doce gol da vitória. Um tento de mestre, aos 25 minutos do segundo tempo. O mundo do futebol começava a conhecer e a admirar seu Rei. O menino preto, de Três Corações, que jogava no Santos, começava a encantar o planeta com a sua arte.

Na semifinal, foi um espanto. Numa das maiores atuações individuais da história, Pelé enfileirou três gols na meta da França, e a Seleção venceu degaulleada, 5 a 2. Pelé promovera, sozinho, aos 17 anos, a minuciosa destruição da defesa francesa, que caiu como a Bastilha em 1789.

Na finalíssima, diante dos anfitriões suecos, Pelé deixou mais dois. Um deles antológico, com direito a um chapeuzinho desmoralizante no zagueiro. Nova vitória por 5 a 2, brasileiros campeões mundiais, e Pelé devidamente apresentado ao planeta.

Doze anos depois, já maduro, o Rei voltaria a escrever história, na condição de protagonista da Seleção de 1970, no México. Foram quatro gols: um contra a Tchecoslováquia, dois contra a Romênia, e uma obra de arte na final contra a Itália, de cabeça. A Seleção era tricampeã mundial de futebol, e somente um atleta estivera nas três conquistas: Pelé.

(Até hoje, Pelé é o único a ter conquistado três Copas do Mundo como jogador.)

Hoje, 23 de outubro, é o aniversário de Edson Arantes do Nascimento: Pelé completa 70 anos. E a impressão que se tem é que, vestido o uniforme, calçadas as chuteiras, nossa Majestade entraria em campo, e mesmo setentão, valeria por três de vinte e poucos.

Obrigado, Pelé!

PC

3 comentários:

  1. PELÉ

    Mil novecentos e quarenta foi o ano
    Vinte três de outubro foi o dia
    Em que o futebol da magia
    Concebeu seu soberano.


    Nas Minas um negro diamante
    No berço das Três Corações
    Seu brilho de chuteiras e calções
    De Bauru ainda infante


    Partiu para o mundo com uma camisa
    Branca que dominava adversários
    Podia ser como tufão ou como brisa
    A Vila Formosa foi o maior cenário


    De uma poesia estonteante
    Dribles magníficos e desconcertantes
    Pobres dos goleiros já previam
    O que seus torcedores já sabiam.


    Maestro da bola, tenor do pé,
    Embaixador do encanto, isto é Pelé.
    Gols, mil duzentos e setenta nove
    De uma objetividade nobre.


    As imagens da nossa seleção
    Camisa dez sem comparação
    De uma nação de brasileiros
    Orgulhosos, e sem nação.


    Com a camisa canarinho
    Até em campos sem lei
    O futebol sozinho
    Escolheu seu Rei.


    Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?

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  2. PC, como eu disse no meu texto, não podemos negar Sua Majestade! O hômi jogou MUITA bola, e por isso que eu digo que os dois maiores jogadores de futebol deste mundo foram... Garrincha e Maradona!

    ...

    ...

    ...

    Quem disse que Pelé foi deste mundo?

    ST!

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  3. Lindo poema, Henrique. :)

    Vinicius, o cara realmente era de outro mundo jogando bola.

    Os números dele são absurdos. Mil duzentos e não sei quantos gols...

    E isso numa época em que o futebol era uma carnificina. Os caras deviam bater demais nele (e ele, que não é santo, também batia nos caras).

    O que me impressiona é que ele era completo em todos os fundamentos. Cabeceava como poucos (talvez seja o melhor da história nesse quesito), chutava com as duas, driblava demais, passava maravilhosamente bem, tinha velocidade "de coelhinho de desenho animado"...

    Definitivamente, não era desse mundo.

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