Páginas

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A invenção do fair-play


Estive no Correão, em Cabo Frio, onde presenciei a derrota do Fluminense para a equipe local, na primeira rodada do Campeonato Carioca de 2009. Poderia escrever um texto sobre o jogo, mas este não merece mais que uma linha. A Cabofriense ganhou porque está mais bem preparada fisicamente. Estão treinando desde dezembro, enquanto os jogadores tricolores começaram sua preparação há quinze dias. Isso justifica os 3 a 1.

Vou falar de algo mais interessante: um relato precioso sobre um episódio da história do futebol, que foi enviado pelo Minoru, um dos sete leitores fiéis deste escriba. Trata-se da invenção do fair-play, o famoso "jogo limpo" pregado pela FIFA e pelos apreciadores do bom futebol ao redor do mundo. O jogo limpo foi inventado no Brasil, amigos! Melhor que isso: no Maracanã.

Transcorria um disputado Fluminense x Botafogo, pelo Torneio Rio-São Paulo, em 27 de março de 1960. Alguns dos maiores ídolos da história tricolor estavam em campo: Castilho, Pinheiro, Altair, Waldo e Telê, entre outros. O pó-de-arroz acabaria sendo o campeão do torneio. No lado do Botafogo, estava Garrincha, e somente isso já justificaria a presença dos 32.653 pagantes daquele jogo. Os dribles do Mané arrebatavam de emoção as multidões. Até os torcedores adversários se rendiam em aplausos.

Porém, nesse clássico-vovô de 1960, foi uma atitude louvável do Anjo das Pernas Tortas que chamou a atenção de todos. No início do segundo tempo, Pinheiro (do Fluminense) disputou uma bola com Quarentinha (do Botafogo), e caiu com distensão muscular. A bola sobrou limpa para Garrincha, que tinha o caminho livre para o gol. O que fez Garrincha, nesse momento sublime? Chutou a bola, de forma proposital, para a lateral, para que o zagueiro tricolor fosse atendido. O jornalista Mário Filho, nas tribunas, se empolgou: "é o Gandhi do futebol", exclamou ele.

O lance já teria sido belo e eterno se parasse por aqui. Porém, houve uma continuação épica, que mudaria para sempre o destino do futebol mundial. O tricolor Altair, encarregado da cobrança do lateral, simplesmente deixou a bola quicar. Ele percebeu que aquela posse de bola pertencia ao Botafogo, e não ao Fluminense. Assim, com esse gesto nobre, fez justiça com as próprias mãos. Todos no estádio entenderam a mensagem, e aplaudiram o lance.

Dessa forma, Garrincha e Altair inventaram o fair-play. O jogo terminou 2 a 2. "Tal partida não merecia produzir um perdedor", diz Ruy Castro, em seu livro 'Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha'.

PC

9 comentários:

  1. http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=28077&tid=5295492090951111894

    ResponderExcluir
  2. Amigo,

    como sempre seus textos são maravilhosos! :D

    Quanto ao jogo já fiz meus comentários contigo via torpedo heheheh e eu, apesar da derrota, gostei dos primeiros 30 minutos de jogo, Flu jogou fácil, devia ter aproveitado.

    Quanto ao fair play, não sabia dessa história. Bacana, se fosse com mulambos eu n admitiria fair play though hahuahuahuhaa PC tbm é cultura!!!



    bjooo amigo e te vejo na quartaaa!!! \o/

    ResponderExcluir
  3. Garrincha vivia em outra dimensão. Impressionante.

    ResponderExcluir
  4. "Fair Play tambem é sinonimo de cultura" me emociono quando vejo atitudes como essa, daqueles que entraram para Historia do nosso futebol, e deixaram para nós esse grande exemplo.

    ResponderExcluir
  5. "Fair Play também é sinonimo de cultura"me emociono em ver gestos como este, daqueles que entraram para sempre na Historia do nosso futebol.

    ResponderExcluir
  6. Cheirinho.. 2019.. morram de inveja do maior jogador de TODOS os tempos.. ser do GLORIOSO

    ResponderExcluir

Regras para postar comentários:

I. Os comentários devem se ater ao assunto do post, preferencialmente. Pense duas vezes antes de publicar um comentário fora do contexto.

II. Os comentários devem ser relevantes, isto é, devem acrescentar informação útil ao post ou ao debate em questão.

III. Os comentários devem ser sempre respeitosos. É terminantemente proibido debochar, ofender, insultar e/ou caluniar quaisquer pessoas e instituições.

IV. Os nomes dos clubes devem ser escritos sempre da maneira correta. Não serão tolerados apelidos pejorativos para as instituições, sejam quais forem.

V. Não é permitido pedir ou publicar números de telefone/Whatsapp, e-mails, redes sociais, etc.

VI. Respeitem a nossa bela Língua Portuguesa, e evitem escrever em CAIXA ALTA.

Os comentários que não respeitem as regras acima poderão ser excluídos ou não, a critério dos moderadores do blog.