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quinta-feira, 19 de março de 2009

Recordar é viver - Fluminense 6, Arsenal 0


Minha amiga Lili, tricolor nata, confessa e hereditária, diz que "pelo Fluminense não se torce, se vive". Ela tem toda a razão: os sentimentos dos tricolores são mais intensos que os dos outros torcedores. Uma pelada qualquer pode se transfigurar em uma batalha épica, se o pó-de-arroz estiver envolvido. Torcer é realmente um verbo pouco intenso para a extraordinária experiência de ser tricolor. Sábias palavras, Lili: nós não torcemos pelo Fluminense, nós vivemos pelas três cores que traduzem tradição. E eu vos digo, caros leitores, que jamais se viveu tanto pelo Fluminense quanto na noite de 5 de março de 2008.

Nessa noite memorável, o Fluminense viveu o resgate de sua tradição internacional. Após 23 anos, voltamos a pisar no Maracanã em um jogo válido pelo principal campeonato da América: a Taça Libertadores. Aquela era a noite mais aguardada pelos tricolores velhos e jovens. Os velhos tinham saudade dos tempos da Máquina, e os jovens queriam ver, pela primeira vez, um time do Fluminense assombrando o mundo. Para tornar tudo ainda mais mágico, conseguimos na Justiça o direito de, novamente, fazer a tradicional festa do pó-de-arroz, após anos de proibição.

Na entrada dos jogadores em campo, acontece o momento sublime: a nuvem de pó-de-arroz encobre as arquibancadas do Estádio Mário Filho. Os jogadores oponentes devem ter ficado maravilhados diante daquela tempestade de talco, bandeiras e cantos. Maravilhados e assustados: afinal, eles teriam que lutar contra todos aqueles fanáticos, durante longos noventa minutos.

E o que se viu em campo foi o reflexo do show que se viu na arquibancada. A equipe do Fluminense jogava por música. Os passes eram precisos e rápidos, havia bastante movimentação, e o sistema defensivo estava seguro. Thiago Neves, de falta, abriu o placar, com uma cobrança magnífica, no ângulo. Minutos depois, Dodô ampliou, escorando de primeira um cruzamento. Ainda no primeiro tempo, Dodô fez bela jogada e deixou Gabriel livre, na cara do gol: Fluminense 3 a 0. Que primeiro tempo fantástico!

No início do segundo tempo, aconteceu a obra prima. Thiago Neves conduzia a bola pela ponta direita, viu um espaço na entrada da área e efetuou o lançamento de folha seca. A pelota foi em direção a Dodô, e este resolveu chutar de primeira. A trajetória da bola foi perfeita, e estufou as redes: 4 a 0. Um golaço, uma obra de arte, que deveria ser imediatamente recolhida ao Museu do Louvre, em Paris.

O Fluminense continuou avassalador. O centroavante Washington recebeu na frente, e bateu para o gol: 5 a 0. Ainda houve tempo para o sexto gol, do versátil Cícero, de falta. E assim ficou o placar final: Fluminense 6, Arsenal 0.

O adversário derrotado foi o argentino Arsenal de Sarandí, que vinha credenciado pela conquista da Copa Sul-Americana de 2007. Poderia ter sido o escrete húngaro de 1954, ou o carrossel holandês de 1974, ou a Seleção Brasileira de 1970, ou o Santos de Pelé. Diante daquela exibição perfeita, do time e da torcida, qualquer adversário capitularia. Era a grande noite do Fluminense, e a grande noite do Estádio Mário Filho. Aquela aurora anunciou a mais fantástica jornada que um clube jamais realizará na Taça Libertadores. Uma jornada sem final feliz, mas nem por isso menos fantástica.

PC

12 comentários:

  1. Agradecimentos:
    - Lili, pela frase inspiradora.
    - Cinegrafista ( http://www.youtube.com/user/bfwrj ).

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  2. Jogaço, realmente inesquecível, como nossa inigualável campanha.
    O único time campeão com jornada possivelmente comparável à nossa foi o Santos de Pelé, os demais ganharam sem brilho, até sem merecer, como o flamengo em 81.
    Mas o futebol não é justo e o Tricolor não ergueu a merecida taça.

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  3. Pc, de nada !
    sabe que pode contar sempre
    pra ajudar aqui no seu blog.
    é um prazer ! rs

    mais enfim , que jogo eeim !
    nossaaaa . com certeza teremos
    mais assim !

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  4. o primeiro tempo foi sinistro... melhor atuação de um time que eu me lembre de ter visto

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  5. o primeiro tempo foi sinistro... melhor atuação de um time que eu me lembre de ter visto [2]

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  6. Os R$ 25 milhões gastos pela Unimed para montar aquele time foram justificados nesse jogo.

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  7. TEnho vontade de chorar sempre que lembro da Libertadores...

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  8. Foi a partida mais perfeita que eu vi o Flu jogar em toda minha vida!

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