Fluminense entre os oito

Amigos, após muita emoção e muito drama no Maracanã, estamos classificados. A massa pó-de-arroz não compareceu em peso: havia pouco mais de 15 mil torcedores no Estádio Mário Filho. Se o Fluminense quiser mesmo conquistar o bi da Copa do Brasil, é necessário que a massa apareça. Espero que, a partir do confronto contra o Corinthians, aconteça o seguinte: os tricolores vivos e mortos subam as rampas, os vivos saindo de suas casas e os mortos saindo de suas tumbas. Somente assim, imbuída do sentimento do triunfo, a torcida do Fluminense empurrará o seu clube para a glória.

Thiago Neves, sempre ele, fez 1 a 0 para o quadro pó-de-arroz, já no segundo tempo. O empate em 0 a 0 ou 1 a 1 nos favorecia, de modo que o Fluminense passou a ter uma vantagem espalhafatosa. Mas a vantagem é a caveira dos times, amigos. O time pode até sofrer um gol que continua classificado, e o que acontece? Ele sofre um gol. A vantagem geralmente faz com que a equipe recue, e com isso atraia o ataque do oponente. Assim, o objetivo do recuo - não sofrer gols - acaba comprometido. Parreira fez exatamente isso: substituições para deixar o Fluminense na defensiva. E então aconteceu o óbvio ululante, que eu já antecipava na arquibancada amarela: gol do Goiás.

Os momentos finais foram de muita tensão. O atacante Fred foi importantíssimo: prendeu a posse de bola no ataque, gastando um tempo precioso. A milionária contratação já começa a mostrar sua capacidade de decisão. Torcida tricolor, tenha paciência, pois Fred já mostrou que merece envergar a amarelinha do escrete. É só questão de tempo e de entrosamento para que ele comece a arrombar furiosamente as redes adversárias. Enfim, após quatro minutos de acréscimo, o juiz encerrou a partida em 1 a 1.

Eis a verdade amarga e cruel, e ao mesmo tempo doce e santa: fomos classificados pelo regulamento esdrúxulo. Como é que, após dois empates, um time pode ser declarado vencedor, e o outro perdedor? Há quem argumente que é melhor do que decidir nos pênaltis. Pode ser, mas eu continuo achando injusto. Imaginem que beleza se as duas equipes partissem para um jogo-desempate, em campo neutro. O Goiás não mereceu ser eliminado, e mesmo assim o foi. Se houvesse mais uma partida, o time esmeraldino poderia talvez provar que era capaz de seguir na Copa. Mas não terá essa chance.

E o personagem da quinta-feira? Preciso pescá-lo entre os 22 jogadores, e mais os agregados. Não tenho dúvidas: Fred foi importante, mas meu eleito é o "centenário" Thiago Neves. Repito o que já escrevi aqui algumas vezes: o camisa 10, ontem 100, é craque. E a bola reconhece o craque: vai até ele como uma cadelinha adestrada, e lambe-lhe as chuteiras. Thiago Neves chuta a bola onde quer, com uma precisão cirúrgica. E foi o seu gol que salvou o Fluminense. Por isso, o homem do créu é o personagem da quinta-feira.

Tricolores, continuemos humildes na nossa jornada, com as duras e feias sandálias nos pés, e um passarinho em cada ombro. Faltam seis jogos para o bi.

PC