Palmas para Kieza

Amigos, segue o calvário do Fluminense: perdemos mais uma, desta vez para o Coritiba, em pleno Maracanã. 3 a 1. Ao que tudo indica, o enterro já tem data e local marcados: 6 de dezembro, Estádio Couto Pereira. Diante do mesmo Coritiba.

Na volta para casa, escutei pós-de-arroz rosnando contra os jogadores, rosnando contra Renato Gaúcho, rosnando contra a diretoria, rosnando até contra si mesmos. Nos últimos vinte anos, torcer para o Fluminense tem sido sinônimo de sofrer. Sofrer muito.

Sou um otimista irremediável. Quem lê esse espaço sabe disso. Quem me conhece pessoalmente sabe disso. Mas nem mesmo o meu exagerado otimismo consegue ver salvação para o Fluminense. Após a derrota para o Goiás, escrevi aqui que o Fluminense é o coitadinho de 2009. Infelizmente, a cada rodada que passa, tenho mais certeza disso.

Escapar do rebaixamento é um problema de dificílima solução para o Fluminense de 2009. Mas já chega para mim, não gosto de escrever sobre coisas ruins. As próximas linhas serão para elogiar o que o Fluminense teve de melhor hoje. O que me fez sorrir nas arquibancadas do Maracanã. O fiapo de esperança que eu tinha ao olhar para o campo. Kieza.

O nome completo do camisa 9 é Welker Marçal Almeida. Não sei por que cargas d'água, apelidaram-no de Kieza. Mas eu gosto do apelido. Tem a mesma pronúncia da palavra italiana "chiesa", que quer dizer "igreja". Nesses tempos difíceis, em que o torcedor pó-de-arroz precisa de muita fé, nada melhor que possuir uma igreja em campo, a balançar as redes adversárias.

Os números não mentem: em nove jogos pelo Tricolor, Kieza já fez cinco gols. E isso no meio de uma crise danada, uma tempestade sem fim. Imaginem se estivéssemos em tempos de bonança: o eterno Waldo e seus 314 gols já se sentiriam ameaçados.

Mas não são apenas os números de Kieza que me fazem sorrir. Não, é muito mais do que isso: é sua comovente entrega nas batalhas. Sempre que o Fluminense entra em campo com Kieza, eu tenho uma certeza profética: a sua camisa terminará o jogo encharcada de suor.

Vejam como os deuses do futebol são justos: deram ao Fluminense uma impiedosa e merecida derrota, sim. Mas não deixaram de compensar o esforço épico de Kieza: deram-lhe um gol de classe, um gol de raça, um autêntico golaço. Seu quinto tento envergando o manto tricolor.

É por isso que peço: palmas para Kieza. Ele é o meu personagem do domingo. Ele é o nosso Fio de Esperança. Que Telê Santana, o Fio de Esperança original, inspire o garoto Kieza. Pois são os seus gols que hão de nos salvar da degola.

PC