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sábado, 29 de agosto de 2009

Sobre um possível impeachment de Horcades

Amigos,

No meio dessa crise que parece não ter fim, à beira do rebaixamento, pessoas no Fluminense Football Club começam a falar em impeachment de Roberto Horcades. A princípio, a idéia é animadora: "opa, tirar o Horcades do poder? Que bom! Estamos esperando o quê?". O objetivo deste post é colocar os pingos nos i's. Tentarei explicar o que acontece no caso de impedimento do presidente do clube. Peço atenção máxima ao assunto, pois a torcida tricolor já foi utilizada como massa de manobra algumas vezes na história. Será mesmo positiva uma tentativa de impeachment?

Recorro ao Estatuto do Fluminense, para descobrir como se dá o processo de impedimento de um presidente do clube, e quais são as conseqüências do impeachment. Na seção de "Reuniões do Conselho Deliberativo", está o seguinte parágrafo:

Art. 28, § 8º - Nas reuniões extraordinárias expressamente convocadas para deliberar sobre pedidos de Impedimento do Presidente do FLUMINENSE, a matéria só será apreciada com quórum de 150 (cento e cinqüenta) Conselheiros. O Impedimento só será aprovado se obtiver, em escrutínio secreto, os votos favoráveis de, pelo menos, 2/3 (dois terços) do número das assinaturas no Livro de Presença.

Pergunta: o que deve ser feito para realizar essa convocação extraordinária? Resposta: um requerimento assinado por cinqüenta conselheiros. Veja abaixo:

Art. 28, inciso II, alínea b) Atendendo a requerimento justificado, assinado por, pelo menos, 30 (trinta) Conselheiros. Se o requerimento versar sobre os assuntos tratados nos incisos XII ou XXVI do art. 20, serão necessárias as assinaturas de, no mínimo, 50 (cinqüenta) Conselheiros.

E o que acontece se o impeachment for aprovado?

Art. 51 - Declarado o Impedimento do Presidente, assumirá interinamente a Presidência do Clube o Vice-presidente Geral; na sua falta, ausência ou recusa, o Presidente do Conselho Deliberativo ou, pelos mesmos motivos, o Vice-presidente desse mesmo Conselho. O Presidente Interino, assim escolhido, será empossado conforme o § 1º do art. 18, para cumprir mandato até a eleição do novo Presidente.

Para situar os leitores menos informados sobre a política tricolor: o atual vice-presidente geral é José de Souza. Hoje, ele é oposição declarada a Horcades, mas isso não significa que ele deseja o bem do Fluminense. Dizem algumas línguas que José torce para o Vasco da Gama, inclusive. Outro inimigo declarado de José é nosso mecenas Celso Barros (homem forte da Unimed-Rio).

José de Souza assumir a presidência é ruim? É, mas esse não é o problema maior, porque o mandato é interino. O presidente do Conselho Deliberativo é obrigado a convocar eleições em 45 dias:

Art. 52 - O Presidente do Conselho Deliberativo, ou se for o caso o seu substituto, convocará a Assembléia Geral para, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias da aprovação do Impedimento, eleger o novo Presidente do FLUMINENSE e, sendo necessário, também o Vice-presidente Geral.

Aqui reside o problema maior em caso de impedimento de Horcades: todos os que se associaram nos últimos meses não poderão votar, uma vez que não terão completado um ano de sociedade. A oposição correria o sério risco de perder a eleição, e o Fluminense provavelmente teria mais um ano e meio de amadorismo, incompetência, arbitrariedades, e "mais do mesmo". A luta pelo impeachment tem por trás de si a intenção de um "golpe" da situação, para continuar no poder.

Torcida tricolor, reflita: vale a pena lutar pelo impeachment? É claro que não. O impedimento de Horcades somente poria em risco o processo de mudança que tanto desejamos. Não nos deixemos levar por discursos falsos. Não sejamos massa de manobra novamente!

Saudações Tricolores,
PC

PS: em caso de renúncia do presidente, a regra é outra: o vice-presidente geral (José de Souza) assume, e cumpre até o final do mandato (dezembro/2010).

15 comentários:

  1. Daí muito a refletir por conta das arbritrariedades de Tote Menezes e o descaso do Horcades. A situação não dá ponto sem nó. Se cuida galera. Abçs

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  2. pelo que eu ouço falar nesse tal de José de Souza,45 dias é tempo suficiente pra ele terminar de acabar com o Fluminense.
    Quanto ao novo presidente,ele realmente depois de eleito ficaria 3 anos ou só até completar o mandato do Horcades?

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  3. Renato, o novo presidente eleito ficaria por 3 anos.

    Por mais incrível que pareça, é melhor deixarmos a Orca cumprir seu mandato.

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  4. pois é,1 ano mais de sofrimento(no minimo)

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  5. Renato, confirmo a resposta do Ramón. O presidente eleito ficaria por mais três anos.

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  6. Citação desse post:

    http://forum.esporte.uol.com.br/Fluminense-Football-Club--Topico-oficial_t_899?page=17

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  7. Corrijo a informação: o presidente eleito ficaria APENAS até o final do mandato atual.

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  8. PC, pelo que eu entendi, essa nova eleição, a ser realizada 45 dias após a posse do José de Souza, seria decidida pelo Conselho Deliberativo e não por todos os sócios aptos a votar, certo?
    Assim sendo, é irrelevante considerar se os que associaram este ano estariam de fora ou não, porque a eleição seria realizada pelo Conselho.

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  9. Bruno Leonardo,

    A eleição para o mandato tampão é feita em Assembléia Geral, e não pelo Conselho Deliberativo.

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  10. Não estou familiarizado com os termos. Assembléia Geral significa todos os sócios aptos a votar pra presidente do clube?

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  11. Bruno Leonardo,

    Me desculpe, meu caro. Estou tão acostumado a discutir o Estatuto que acabo achando que todo mundo está familiarizado.

    Assembléia Geral é votação com todos os sócios do clube (adimplentes há pelo menos um ano).

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  12. Bom, uma coisa já é certa.
    A renúncia seria o pior dos mundos, porque José de Souza assumiria até o fim do mandato.

    O impeachment nos jogaria numa situação completamente incerta, porque sem os novos sócios, não saberíamos com exatidão qual seria a correlação de forças na eleição. Poderia dar Siemsen, como poderia dar José de Souza (caso ele se lance candidato) ou alguém do seu grupo político. Melhor deixar essa idéia de impeachment pra lá.

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  13. Eu também acho, Bruno. Mas há gente na oposição que não acha.

    (eu conheço conselheiros de oposição que assinaram a lista de pedido de impeachment - lista essa que já conta com os 50 nomes necessários para abrir votação)

    (note que abrir a votação é diferente de ganhar a votação)

    Em caso de o impeachment ganhar força (o rebaixamento iminente contribui para isso), o cenário provável é a renúncia, "pra sair com a imagem menos arranhada".

    (os nossos rebaixamentos em 96 e 97 causaram renúncias...)

    E nesse caso José de Souza assume até o fim de 2010. O rompimento com a Unimed e o sucateamento do futebol são conseqüências prováveis.

    Celso Barros e José de Souza não se falam desde a época da Libertadores de 2008.

    Ai, como eu detesto política. Só o Fluminense mesmo pra me fazer entrar num cenário desses...

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  14. PC, acompanhando os textos publicados no blog da Flusócio e do Pavilhão Tricolor, parece já existir o início de um racha na oposição genuína (José de Souza não é oposição, é esculhambação).

    A idéia do Horcades de convidar nomes próximos ao Peter Siemsen para a gerência do futebol tricolor parece ter sido um golpe de mestre do Horca, porque vai causar divisão nos grupos de oposição, que até então caminhavam juntos. Tem gente nesses grupos que acha que por mais amor que se tenha ao Flu e vontade de ajudar o clube, não se deve se misturar ao Horca, sob o risco de ficar parecido com ele.

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  15. Está arquitetado o plano para o sucateamento e destruição do departamento de futebol tricolor.
    Laranjeiras é o alvo da "elite" de ter um clube privado, apenas para sócios com cacife para estar nas rodas sociais desejadas há tempos.

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