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segunda-feira, 15 de março de 2010

Estrangeiros no Flamengo

Amigos, um tempo após a publicação da matéria sobre os gringos do Fluminense, consegui organizar a lista de gringos que já vestiram rubro-negro.

Começo pelos técnicos. Até hoje, oito treinadores estrangeiros já comandaram o futebol do Flamengo. O primeiro foi o uruguaio Ramón Platero, em 1921. Platero havia sido campeão carioca de 1919, treinando o Fluminense, mas não obteve sucesso no Flamengo, sendo demitido após oito jogos. Em 1923, Platero voltaria a ser campeão carioca, pelo Vasco.

Entre 1925 e 1928, o Flamengo foi treinado pelo uruguaio Juan Carlos Bertoni. Sob seu comando, o clube conquistou os títulos de 1925 e 1927.

Em 1930 e 1931, o inglês Charles Williams comandou o futebol rubro-negro. Williams havia sido campeão carioca de 1911, treinando o Fluminense. Mas as duas temporadas no Flamengo não foram boas: um oitavo lugar em 1930, e um sexto lugar em 1931.

Em 1937 e 1938, o Flamengo foi treinado pelo húngaro Izidor Kürschner. Embora não tenha conquistado títulos pelo rubro-negro, Dori - como era conhecido - teve grande influência no rumo do futebol carioca, com as idéias revolucionárias trazidas da Hungria, na época uma potência do futebol mundial. Um dos discípulos de Dori foi Flávio Costa, treinador que viria a ser o mais vitorioso na história do futebol carioca.

Em 1947, o português Ernesto Santos, ex-jogador de São Cristóvão e Fluminense, e ex-técnico do Vasco, treinou o clube da Gávea, vencendo 27 dos 47 jogos disputados.

De 1965 a 1967, o Flamengo foi treinado pelo argentino Armando Renganeschi, ex-jogador do Fluminense. Renganeschi conquistou pelo rubro-negro o Campeonato Carioca de 1965.

O paraguaio Modesto Bría marcou seu nome na história do Flamengo como jogador e treinador. Jogou no rubro-negro de 1943 a 1953, sendo campeão em 43, 44 e 53. Depois, treinou o Fla em quatro oportunidades: 1959-60, 1967, 1971 e 1981.
Modesto Bría, paraguaio.

O maior treinador da história do Flamengo foi um estrangeiro: o paraguaio Fleitas Solich. O Feiticeiro - como era conhecido - comandou o rubro-negro em mais de 500 partidas. Foi o treinador do tricampeonato de 1953-54-55, revelando diversos ídolos (Dida, Zagallo e Evaristo, entre outros). Em 1961, conquistou o único Torneio Rio-SP da história rubro-negra. Em 1971, na sua última passagem pelo Flamengo, assistiu a uma partida das divisões de base e resolveu chamar um garoto franzino para os profissionais. Aquele menino se tornaria o maior ídolo da história do Flamengo: Zico.

Fleitas Solich, elegante, em um jogo no Maracanã.

Terminada a lista de treinadores estrangeiros, escreverei um pouco sobre os jogadores gringos que fizeram história com a camisa rubro-negra. Já citei Modesto Bría, o paraguaio que também foi treinador. Bría foi o estrangeiro que mais atuou pelo Flamengo (369 jogos).

Outro paraguaio que fez história jogando pelo Flamengo foi o goleiro Sinforiano García. Ele defendeu os arcos rubro-negros de 1949 a 1958, em 276 jogos. Sua maior conquista pelo Flamengo foi o tricampeonato em 1955.
Sinforiano García, goleiro paraguaio.

O terceiro gringo com mais atuações pelo Flamengo é o atacante argentino Horácio Narciso Doval, com 263 jogos. Doval é também o maior artilheiro estrangeiro do Flamengo, com 92 gols. Após vencer os Campeonatos Cariocas de 1972 e 1974 pelo Flamengo, Doval transferiu-se para o Fluminense, maior rival do Flamengo na época, o que causou indignação na massa rubro-negra. Felizmente, o tempo curou a ferida, e até hoje Doval é cultuado como um dos maiores ídolos da história do Flamengo.
O argentino Doval em ação pelo Flamengo.

O quarto gringo com mais atuações pelo Flamengo é o zagueiro paraguaio Francisco Santiago Reyes Villalba. Foram 196 jogos pelo clube da Gávea. Para a massa rubro-negra, Reyes é um dos símbolos da raça do Flamengo. Jogava com tanta vontade que nem mesmo uma falha decisiva na final da Taça Guanabara de 1971, vencida pelo Fluminense, apaga sua condição de ídolo do Flamengo.
O paraguaio Reyes com a camisa do Fla.

O meio-campista argentino Carlos Martín Volante jogou no Flamengo de 1938 a 1943, sendo o quinto gringo com mais aparições pelo clube da Gávea (164 jogos). Volante conquistou os campeonatos de 1939, 1942 e 1943.
Volante, ídolo do Fla na década de 40.

Um dos mais recentes ídolos do Flamengo também é um gringo: o sérvio Dejan Petkovic. Com participações fundamentais nas conquistas do tri carioca em 2001 e do Brasileirão em 2009, Pet escreveu definitivamente seu nome na história rubro-negra. Nem mesmo suas passagens por Vasco e Fluminense apagam sua condição de ídolo da massa rubro-negra.
Petkovic comemora o gol antológico de 2001, contra o Vasco.

Na década de 40, um outro gringo foi fundamental numa importante conquista do Flamengo: o primeiro tri, em 1944. Trata-se do argentino Agustín Valido, que marcou o gol decisivo contra o Vasco, aos 41 do segundo tempo. O gol foi irregular, uma vez que Valido se apoiou em um oponente para cabecear. Até hoje, os rubro-negros vibram com o fato de o gol do título ter sido ilegal, para desespero dos vascaínos.
Agustín Valido, o argentino herói de 1944.

O inglês Sidney Pullen foi o primeiro jogador estrangeiro da história do futebol do Flamengo. Pelo rubro-negro, conquistou os Campeonatos de 1920 e 1921. Sidney Pullen é, até hoje, o único atleta não nascido em solo brasileiro a disputar partidas oficiais pela Seleção Brasileira (no Sul-Americano de 1916).

Sidney Pullen, o primeiro estrangeiro do Fla.


O atacante paraguaio Jorge Duílio Benítez Candía é até hoje o segundo maior artilheiro estrangeiro da história do Flamengo. Benítez disputou 115 jogos pelo Flamengo, tendo assinalado 75 gols. Vestiu rubro-negro de 1952 a 1956.
Benítez marcou 75 gols pelo rubro-negro.

O atacante José Armando Ufarte Ventoso, conhecido como Espanhol, também fez história no Flamengo, tendo jogado na Gávea de 1958 a 1964.
Espanhol também foi ídolo no Atlético de Madrid.

O zagueiro uruguaio Sergio Ramírez D'Ávila atuou no Flamengo entre 1977 e 1979, sendo bicampeão estadual (1978/79). Sua cena mais famosa, no entanto, ocorreu em 1976, antes de ele jogar no Flamengo, numa partida entre Brasil e Uruguai no Maracanã. Revoltado com alguma atitude de Rivellino, Ramírez partiu para cima do craque tricolor que, veloz, conseguiu fugir do furioso defensor uruguaio.
O uruguaio Ramírez, bicampeão estadual pelo Flamengo.

Entre 1936 e 1938, o Flamengo teve um atacante alemão, de nome Fritz Engel. Em 74 jogos com a camisa rubro-negra, Engel assinalou 23 gols. Nos três Campeonatos Cariocas que disputou, o Flamengo ficou com o vice-campeonato (nos três anos, o Fluminense foi o campeão).
Fritz Engel, o alemão rubro-negro.

O goleiro argentino Ubaldo Matildo Fillol, um dos melhores da história portenha, defendeu os arcos rubro-negros durante 1984 e 1985, tendo atuado em 71 ocasiões. Conquistou apenas uma Taça Guanabara, em 1984.
Fillol em ação pelo Flamengo, na final do Campeonato Carioca de 1984.

Muitos outros atletas estrangeiros jogaram no Clube de Regatas do Flamengo, com menos visibilidade que os já destacados. Segue a lista dos que ainda não foram citados, em ordem cronológica pelo último ano de atuação pelo Fla:
- Henry Welfare (Inglaterra, 1916).
- José Tunel Caballero "Talladas" (Argentina, 1937).
- Agustín Regino Cosso (Argentina, 1938).
- Arcádio Júlio López (Argentina, 1938).
- Átmio Luis Villa (Argentina, 1938).
- Alfredo González (Argentina, 1940).
- Arthur Naon (Argentina, 1940).
- Júlio Castillo (Argentina, 1940).
- Raimundo Bibiani Orsi (Argentina, 1940).
- Alfredo Alejandro De Terán (Argentina, 1945).
- Rafael Sanz (Argentina, 1945).
- Sabino Colleta (Argentina, 1945).
- Severo Rivas (Paraguai, 1946).
- Peter Timko (Tchecoslováquia, 1950).
- Eusébio Chamorro (Argentina, 1956).
- Carlos Anibal Mendoza (Uruguai, 1967).
- Florian Albert (Hungria, 1967).
- Roland Lundblad "Rimbo" (Suécia, 1967).
- Jorge Carlos Manicera Fuentes (Uruguai, 1969).
- Rogelio António Domínguez (Argentina, 1969).
- Jorge Paolino (Argentina, 1977).
- Alfonso Darío Pereyra Bueno (Uruguai, 1988).
- Claudio Daniel Borghi (Argentina, 1989).
- Haraoui Nino (Argélia, 1993).
- Wagner Rivera (Equador, 1996).
- Alejandro Victor Mancuso (Argentina, 1997).
- Mariusz Piekarski (Polônia, 1997).
- Juan Daniel Cáceres Rivas (Paraguai, 1998).
- Carlos Alberto Gamarra Pavón (Paraguai, 2001).
- Aluspah Brewah (Serra Leoa, 2004).
- Cesar Augusto Ramírez Caje "El Tigre" (Paraguai, 2006).
- Walter Horacio Peralta Saracho (Uruguai, 2006).
- Diego Antonio Gavilán Zarate (Paraguai, 2008).
- Hugo Colace (Argentina, 2008).
- Maximiliano Daniel Biancucchi (Argentina, 2009).
- Rubens Omar Sambueza (Argentina, 2009).
- Gonzalo Antonio Fierro Caniullán (Chile, 2010).
- Cristian Martínez Borja (Colômbia, 2010).
- Claudio Maldonado (Chile, 2012).
- Darío Bottinelli (Argentina, 2012).
- Marcos González (Chile, 2012).
- Víctor Javier Cáceres Centurión (Paraguai, 2012).
- Marcelo Moreno (Bolívia, 2013).

Não oficialmente, as estrelas do futebol mundial Lev Yashin e Franz Beckenbauer também vestiram a camisa do Flamengo, de acordo com a Flapédia. Será que alguém aí consegue provar? :)

PC
(artigo atualizado em 09/05/2013)

2 comentários:

  1. Show de bola. Uma pesquisa e tanto. Texto muito bem escrito.

    Adorei ler sobre os treinadores que não ganharam nada pelo Fla e tiveram sucesso no Flu. Também foi ótimo ler sobre os jogadores de 36-41, que por mais habilidosos que fossem penaram com o timaço do Fluzão penta em seis anos.

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  2. faltou nesse lista o uruguaio morena
    eo peruano soto abrass

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