Resenha: Atlético Mineiro 1 x 3 Tricolor

Amigos, não se improvisa uma bela vitória. Os grandes triunfos são resultado do lento trabalho de gerações. Por exemplo, a batalha Fluminense x Atlético, este domingo, no Mineirão. Eis a inescapável verdade: a vitória do Tricolor começou a ser construída antes, muito antes desta semana, há décadas. Contarei aqui a história de como tudo aconteceu.

Há sessenta séculos o profeta escreveu: "em 1951, chegará de Minas Gerais a Álvaro Chaves um Fio de Esperança, chamado Telê, que dará importantes taças a Laranjeiras. Quarenta anos depois, Telê utilizará sua vasta experiência para forjar um gigante em São Paulo. Lá, na terra da garoa, um discípulo, chamado Muricy, aprenderá muito com Telê. Anos depois, o bom aluno Muricy utilizará seus conhecimentos novamente em Álvaro Chaves".

E tudo tem ocorrido exatamente como previsto pelo profeta. O Fluminense de Muricy é um time com a cara de Telê. Quando veio o técnico tricampeão brasileiro, muita gente rosnou: "é retranqueiro, é defensivista!". Estavam obtusamente errados: vejam como o Fluminense joga bonito, como o Fluminense joga para a frente. Nesta semana, o Tricolor encurralou o Corinthians no Pacaembu, e depois o Flamengo no Maracanã, e depois o Atlético no Mineirão. Três adversários de primeira grandeza, todos acuados, pressionados, apertados contra a própria meta.

O Atlético abriu um a zero, logo no comecinho, com Muriqui. E então cometeu o erro fatal: recuou, chamou o Fluminense para seu próprio campo. Achou que agüentaria noventa minutos de pressão. Só agüentou sessenta.

Aos quinze do segundo tempo, Marquinho cobrou escanteio pela esquerda, e o guerreiro Gum testou para o gol: era o saboroso empate tricolor. Quando mais precisamos de um gol salvador, Gum mostra serviço. Foi assim na Copa Sul-Americana, no ano passado. Foi assim no Mineirão, neste domingo.

Três minutos depois, Darío Conca lança Alan, e o príncipe pó-de-arroz invade a área e chuta cruzado: Fluminense 2, Atlético 1. A assistência de Conca foi, mais uma vez, um passe de cinema. O argentino completou neste domingo 150 jogos com a camisa do Fluminense. Mais uma vez, teve grande atuação, assim como já havia tido no Fla-Flu de quarta-feira. Conca é o maestro deste time. E ainda é um maestro que encharca a camisa de suor. Melhor, impossível.

Mesmo à frente no placar, fora de casa, o Tricolor continuou com amplo domínio da partida. Aos 22, Fred quase marca seu gol, em chute no contrapé do bom goleiro Marcelo, que fez grande defesa. Aos 33, Mariano lança Fred na boa, mas o centroavante do Fluminense mais uma vez pára em Marcelo. Dois minutos depois, é a vez de Conca acertar belo chute de fora da área, para mais uma defesa antológica de Marcelo.

Aos 39, o Atlético acorda, e quase empata com Diego Tardelli. De dentro da pequena área, ele chutou por cima. Obrigado, Gravatinha, por sua doce e santa intervenção! Aos 46, Fred tabela com Alan e finalmente assinala o seu merecido gol, dando números finais à peleja: Fluminense 3, Atlético 1.

Na quarta-feira, temos mais uma batalha no caminho do tricampeonato brasileiro. O adversário do Fluminense é o Vitória, no Maracanã. Será nosso até-breve ao Maior do Mundo, que fecha para três anos de reformas. Amigos, chegou a hora de subir as rampas. Tricolores vivos, doentes e mortos, vamos encher o Estádio Mario Filho, e dar ao cimento sagrado a despedida que ele merece. Quarta-feira é dia de chorar as lágrimas de mais uma bela vitória. Lembrem-se: o grande triunfo começou a ser construído há muito tempo, com um Fio de Esperança...

PC