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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Da classificação americana e da eliminação italiana


Amigos, a primeira fase do Mundial da África do Sul vai terminando, recheada de jogos emocionantes e de surpresas arrebatadoras.

Falando em jogos emocionantes, o que dizer da classificação americana? Amigos, depois do roteiro hollywoodiano, me arrisco a escrever que os Estados Unidos finalmente se apaixonarão pelo futebol. Uma vitória arrancada no suor e nas lágrimas, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, é tudo que um povo precisa para se apaixonar pelo esporte bretão. Os eslovenos perderam para a Inglaterra, e comemoravam a classificação, que vinha graças ao empate entre Estados Unidos e Argélia. Eles não contavam com Donovan, o mais novo herói a honrar aquela bandeira estrelada. Em uma jogada espetacular, o craque norte-americano demonstrou ímpeto inexcedível. Após noventa minutos de extenuante batalha, ninguém mais tem pernas. Os músculos não mais respondem aos comandos do cérebro. Mas Donovan reuniu suas últimas forças para um esforço final, e obteve o resultado épico. Era o gol, o santo gol que classificava os Estados Unidos e eliminava a atônita Eslovênia.

Alguns ainda dizem que os Estados Unidos são surpresa. Não mais, amigos, não mais. Desde 94, os norte-americanos evoluem a passos largos no futebol. Os resultados começam a aparecer: ano passado, a equipe foi a única a derrotar a toda-poderosa Espanha, campeã européia. E quase derrotaram a própria Seleção Brasileira - chegaram a abrir 2 a 0, mas permitiram a virada. Podem ainda não estar no nível de um Brasil, de uma Alemanha. Afinal, chegar ao topo demanda um lento trabalho de gerações. Mas os norte-americanos evoluem, é fato. Finalmente resolveram aprender a jogar o futebol do resto do mundo. Ainda darão trabalho em 2010.

Surpresa mesmo foi, sem dúvida, a eliminação precoce da Itália, campeã de 2006. Não tanto pela qualidade do plantel, bem inferior ao de outras Itálias do passado, mas pelo grupo fácil em que caiu. Convenhamos, enfrentar Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia não deveria ser tarefa complicada. Mas foi. Com dois empates e uma derrota, a Azzurra se despediu dos gramados sul-africanos, melancolicamente.

Falei mal da qualidade do plantel italiano, e agora me explico. Marcelo Lippi, o treinador da Azzurra, optou por uma velha receita: levar o time campeão de quatro anos antes. A princípio, parece uma boa idéia. Afinal, se eles já foram campeões do mundo, poderão levantar a Copa novamente. Porém, não é assim que a banda toca. O envelhecimento de quatro anos significa muito no futebol. As seleções campeãs vêm tentando repetir essa receita de manter o elenco para quatro anos depois, sistematicamente, Copa após Copa. Os resultados quase sempre são desastrosos.

Temos como exemplo recente a França de 2002, que saiu sem marcar um gol, após a vitoriosa campanha de 1998. O time estava quatro anos mais velho, corria menos, e a lesão de Zidane acabou de vez com qualquer esperança de bicampeonato. Temos diversos outros exemplos, até mesmo aqui no Brasil, caso de 1966, quando levamos para a Inglaterra alguns ex-craques em atividade só porque eram campeões do mundo.

De fato, uma única seleção "repetida" conseguiu sagrar-se bicampeã em toda a história: o Brasil, que reeditou em 1962 a conquista de 1958. E há algumas explicações para o sucesso daquele time. Os campeões na Suécia eram muito jovens, Pelé tinha 17 anos, Vavá 23, Garrincha 24, Zagallo 26. Didi com 29 era praticamente um tio da garotada. Enfim, o elenco era cheio de revelações que ainda possuíam bons anos de futebol pela frente. Além disso, era claramente uma equipe de exceção - provavelmente o melhor time de futebol que jamais se formou.

A Itália está eliminada porque levou um time velho, sem renovação. Será que isso tem a ver com um certo elenco internazionale?

PC

3 comentários:

  1. PC, é fato que a falta de renovação atrapalha, caso da França. Aliado a isso, cada vez mais os "astros" são garimpados aqui na América do Sul e em outras regiões menos favorecidas economicamente ao redor do mundo. O jogador é bom com 15 anos? Vai prá lá. Estourou só com 25 anos? Vai prá lá também!

    Os resultados se refletem nas seleções: Inglaterra, Itália e Espanha, apesar de terem os melhores CLUBES do mundo, estão jogando uma bola sofrível na Copa.

    Bom... dane-se, eu dou risada. Quem sabe depois do fracasso eles esquecem um pouco Xerém (entre outras "minas de ouro" da América do Sul) e pensam mais na renovação do futebol deles mesmos? (você acredita que a Inglaterra vai fazer realmente bonito frente à Alemanha? Pode passar, mas vai ser na conta do chá!)

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  2. Como o Casagrande disse hoje:

    Nos grandes times desses países só existem estrangeiros. Então, a base da seleção é formada por jogadores advindos de times medianos, acostumados a jogar pra não cair, ou, no máximo pra conseguir uma vaguinha na Copa da UEFA (que agora se chama Liga Europa, né?). Dessa forma, levando essa mentalidade para as seleções, não poderia dar outra: França e itália eliminadas, Inglaterra se classificando no sufoco....

    A melhor seleção européia na copa tem sido a Alemanha, não por coincidência, a Bundesliga é, dentre os grandes campeonatos europeus, o que menos se destaca pela presença maciça de estrangeiros.

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  3. Do jeito que Americano gosta de esportes e tem talento para isso, não duvidem muito que daqui a umas 3 copas a gente não comece a colocar os EUA entre as candidatas e o mesmo dá para ser dizer do mexicanos, atualmente ele tem a liga mais forte economicamente das américas e conseguem manter boa parte da base de sua seleção jogando em território mexicano.

    Quanto à Itália e França, são casos diferentes.

    A França tinha um time que poderia fazer uma copa digna da tradição daquele país (chegar as quartas de final), mas o treinador não levou jogadores por conta do horoscopo e os jogadores fizeram corpo mole na copa.

    A Itália sofre de três problemas, primeiro o grande numero de estrangeiros (principalmente na Inter), segundo o momento de transição entre gerações e terceiro que o treinado convocou mal e escalou mal a copa inteira, deixou os jogadores mais talentosos de fora e pagou o pato por isso. Entretanto, à Itália não faltou vontade mesmo, faltou futebol.

    Quanto à Espanha e Inglaterra, o problema da Inglaterra é que suas estrelas não tem rendido bem com a camisa da seleção e o da Espanha é que o time parece que não quer chutar a gol, mas se esses dois times se acertarem, são grande candidatos à conquista desta copa junto com Brasil, Argentina e Alemanha (que vem jogando mais que o esperado).

    []'s

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