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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobre o caso do goleiro Bruno

(crédito da foto: Julia Johansen)

Às vezes me pergunto por que gosto de escrever sobre esportes. As glórias e tragédias esportivas me fascinam, e devem existir motivos para isso. Uma vez, o recém-falecido José Saramago - que Deus o tenha - disse ao Luís Figo o seguinte: que o mau das vitórias é que elas não são definitivas, e que o bom das derrotas é que elas também não são definitivas. É exatamente por isso que gosto de escrever até sobre as tragédias esportivas: elas não são definitivas, sempre se pode recomeçar e tentar novamente. O Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1950, e isso nos pareceu uma tragédia infinita. No entanto, foi o ponto de partida para que conquistássemos cinco Mundiais. O Fluminense foi rebaixado à terceira divisão em 1998, e parecia aniquilado para sempre. E foi naquela época, quando parecia minúsculo, que o Tricolor provou ser um gigante: ressurgiu das cinzas, e voltou a ser um dos maiores clubes brasileiros.

Na vida também é assim, em muitos casos. Uma derrota não necessariamente significa o fim; às vezes, significa o começo. Há exemplos diversos: o sujeito que foi demitido dezessete vezes, e hoje é um empresário bem sucedido; o cidadão que se deixou envolver com as drogas, e hoje ajuda os jovens a permanecer longe delas; o autor antes humilhado pelos críticos, hoje um best-seller.

Há, porém, na vida, derrotas e derrotas. Algumas derrotas, infelizmente, são irremediáveis. Alguns erros são irreversíveis. O caso do goleiro Bruno é tão chocante, tão revoltante, que demorei muito para conseguir escrever algo a respeito. Quando engravidou a jovem Eliza, sem a intenção de fazê-lo, Bruno estava cometendo um erro comum, que muita gente comete. Uma irresponsabilidade que trazia uma conseqüência, simples assim. Restava a ele arcar com esta conseqüência. Quando tentou forçar Eliza a abortar, Bruno começava a ultrapassar o limite. Se tivesse parado aqui, o ex-goleiro do Flamengo já estaria muito errado. Infelizmente, porém, Bruno não parou aqui.

Eliza teve o bebê, e foi cobrar de Bruno as responsabilidades esperadas de um pai. Bruno não é pobre: é o goleiro de um grande clube brasileiro, tinha planos de trabalhar na Europa, até de defender a Seleção Brasileira. O pagamento da pensão do filho não lhe causaria grande transtorno. Mesmo que causasse, seria sua responsabilidade de pai: o mais importante compromisso que um ser humano pode ter. O bem estar da criança deveria estar acima de absolutamente tudo na vida de Bruno. Infelizmente, o goleiro rubro-negro não tinha consciência disso. Pior: achou que, para "resolver seu problema", poderia recorrer à violência. Acabou cometendo alguns crimes hediondos e horripilantes, de dar inveja a vilões do cinema.

Eis os fatos: Eliza está morta, e sua arrasada família não possui nem mesmo o corpo para velar. O filho - quatro meses de idade! - provavelmente terá problemas psicológicos. Se um dia vier a saber a verdade, odiará o pai como se este fosse o próprio demônio.

A carreira de Bruno, que alguns consideravam promissora, está destruída. Sua vida, que parecia resolvida, será uma tormenta infinita. Toda noite, quando for se deitar, Bruno lembrará que tinha tudo e não tem mais nada. Lembrar-se-á do belo sorriso de Eliza, que não existe mais, por culpa e obra sua. Sonhará com a glória do passado, e acordará no inferno do presente e do futuro.

Bruno, por quê?

PC

10 comentários:

  1. Bruno, por que?
    Pq é um psicopata, frio, calculista.
    Pq não tinha menor estrutura pra receber a qtde de $ q recebia.
    Pq achava, ou ainda acha, q seu $ te dava todo o poder do mundo, pra fazer o q bem entendia.
    Qdo a mulher começou a bater de frente com ele, cobrando os seus direitos e o direito do SEU FILHO, ele quis mostrar quem mandava no pedaço. Qdo ele viu q ela não faria as coisas do jeito q ele queria, ele tomou essa horripilante decisão. Óbvio, que não era a questão da pensão, pois sabemos q esse $ não faria falta alguma em sua conta bancária.
    Não sei o q mais me choca: A brutalidade do crime em si, a frieza da cervejinha depois do assassinato ou o famoso deitar a cabeça no travesseiro com isso na consciência!
    O pior de tudo é saber q ele e seus amigos não pagarão nem um milésimo pelo q fizeram. E q daqui a algum tempo isso tudo será "esquecido". Afinal, vc mora onde? Brasil, né?!
    Que a justiça divina olhe para isso!
    O que eu torço de verdade é q essa criança tenha um outro pai. E que ela não saiba dessa história terrível, o q é muito difícil.

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  2. Pensar no jeito como essa mulher foi morta me deixa mal, me faz tentar imaginar o que leva uma pessoa a ter tal frieza de fazer isso, assistir e,no final, agir como se nada tivesse acontecido, mesmo estando numa cela, ou sendo chamado de assassino até mesmo pelas pessoas que sempre apoiaram e torceram por ele.
    Mas sabe o que me deixa pior? Imaginar o que vai ser dessa criança: a mãe sendo uma maria-chuteira, garota de programa e atriz porno, e que foi assassinada pelo proprio pai, um provavel psicopata. O avô é acusado de estuprar uma menina de 10 anos, supostamente sua filha fora do casamento, e a avó, que provavelmente vai criá-lo, cagou pra filha a vida inteira.
    E mesmo rezando para que o pequeno Bruno não saiba, alguém vai falar, ele vai crescer sendo zoado ou com as pessoas sentindo pena e sempre lembrando o que os pais ou avós fizeram.

    Bom, é rezar para que a educação fique a cima da revolta, e ele não se perca na vida, como o pai.

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  3. E ai PC, tudo bom.
    Muito o texto, alias como sempre.
    Coma já postei em meu blog a palavra que mais expressa meu sentimento é perplexidade.....
    No comentário da Fernanda éla tbm coloca uma situação verdadeira, "é coisa de psicopata", me veio a mente a personagem da nolvela Caminho das Indias (Leticia Sabatela) que tbm tinha esse perfil, bonitinha, atraente, boa vida, mas estremamente perigosa, fria e calculista.
    É realmente uma pena, o cara jogou fora oque todos sonham ter um dia.
    E pra terminar vou descordar da Fernanda quando ela diz que eles não vão pagar um milésimo eplo crime...... não é verdade, principalmente Bruno..... ele vai ter que conviver com isso o resto da vida, o estigma de assassino numca mais ele apagara, perdeu a carreira, a fama e o dinheiro, nesses casos a morte seria um alivio, ainda bem que não tem pena de morte no Brasil....

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  4. Paulo,

    Com tudo o que há de horripilante nesta história - a pior que presenciei nestes 32 anos de arquibancadas ininterruptas, com direito a ter visto os últimos passos de Bruno em campo -, se me coubesse um palpite, seria o de que ainda há algo muito pior por trás de tudo isso. Não sei dizer exatamente o que, mas o provável requinte de crueldade utilizado na execução da moça leva às práticas comuns dos traficantes de drogas - e, conforme noticiado por um canal de televisão domingo passado, existe a forte suspeita que o sítio de Bruno tenha sido regularmente utilizado na rota do tráfico mineiro. E muitos jogadores do time de Bruno mostraram recentemente fortes laços afetivos com personalidades do crime carioca - disso, claro, a imprensa NÃO fala...

    Por mais que ele seja um animal, a hipótese de destruir a menina por R$ 3.500,00 beira o absurdo. Como diz o ditado popular, "tem caroço nesse angu".

    Não me surpreenderei se esta história tiver fortes revelações em breve. Será impossível manter 10ou 20 pessoas caladas o tempo todo. O jovem que presenciou o crime já contou três versões diferentes. O silêncio de todos, dentro e fora da cadeia, é um indicativo de que algo está bem pior do que um homicidío por motivo fútil.

    É só um palpite, mas pode ser que Eliza tenha sido violentamente assassinada como queima de arquivo por saber demais, e não exatamente por ter tido o filho que era indesejado para Bruno.

    De toda forma, nada atenua a barbárie feita com a moça. Nada pode justificar isso.

    Porém, acho que há muitos panos a serem descobertos neste palco.

    Um abraço.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Excelente a sua crônica, PC! Paulo-Roberto, também acho que exista mais coisa por trás disso tudo. Por mais fraca que seja a cabeça do Bruno (e ela é vazia!), por mais frio que ele seja (se achava acima do bem e do mal 'sou goleiro do Flamengo' - e daí?), mesmo com tudo isso, não sei se chegaria a esse ponto. Tem mais gente envolvida em algo mais sério, talvez até gente graúda ('ainda vamos rir muito disso tudo', lembram? Ele se achava protegido!). Tem um matador e ex-policial da pior espécie, tem um cara apaixonado pelo goleiro do Flamengo (estranha tatuagem), e os jogadores do Clube da Gávea sempre envolvidos com traficantes, drogas e orgias, além de um inesperado retorno do Adriano à Itália, de onde ele praticamente fugiu. Isso ninguém fala. Muito estranho! Há algo de podre, mas muito podre nisso tudo! Será que vamos saber um dia? Será que não existe mais policiais envolvidos? Outros jogadores? Horrível! Tenho pena somente pela moça e a criança. Os outros que forem pegos, que apodreçam para sempre na cadeia! Se nossa justiça, sempre boazinha com bandidos, não os soltarem antes por bom comportamento!

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  7. Jobson e Renato Silva, zagueiro, não entram na lista?

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  8. Leandro,

    Eu somente listei jogadores que estavam no Flamengo.

    Jobson estava no Botafogo e Renato Silva estava no Fluminense, quando foram pegos no anti dopping.

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  9. Cleber,
    se o cara (Bruno) matou, ou viu matar, ou seja lá como foi, participou disso e depois foi tomar uma cervejinha com churrasco. Na delegacia pensava alto q não jogaria mais a Copa de 2014, etc. Vc acha mesmo q ele vai viver o resto da vida com isso na cabeça?!?!?!?!?!
    Pra psicopata o horripilante é extremamente normal!
    Como ele mesmo disse, precisava se livrar dela pra viver em paz...
    Enfim, vai entender a cabeça das pessoas...

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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