O Fluminense não estará sozinho

Amigos, as terríveis manchetes da grande imprensa berram, em letras garrafais: "o Fluminense está em crise". Vejamos: o Tricolor é, talvez, o único líder de campeonato de todo o mundo em crise. De fato, dos últimos cinco jogos, só vencemos um. A fabulosa lua-de-mel com as doces vitórias de repente desandou. A liderança do Campeonato Brasileiro, que era enorme, encontra-se agora reduzida a três míseros pontos.

Muitos jogadores são criticados no momento complicado. Com o goleiro, até eu, sempre calmo e paciente, perdi as estribeiras. Os zagueiros tampouco vivem boa fase, segundo a imprensa, falhando demais no posicionamento. O meio-campo e o ataque sentem os desfalques dos lesionados. Sobra até para Muricy, o tricampeão que, para alguns, subitamente passou a desconhecer futebol.

Porém, acontece o seguinte: um clube como o Fluminense, com a tradição do Fluminense, independe de homens. Em muitas oportunidades de sua história, o quadro tricolor era definido como "timinho", e mesmo assim conseguia triunfos memoráveis. Por quê? É simples: quando lhe faltam os valores técnicos, o Fluminense joga com a tradição. Por trás de cada camisa tricolor, existe um passado glorioso, que potencializa os atletas do presente. Envergando a camisa das três cores, um perna-de-pau já o será muito menos.

Na quarta-feira à noite, o Tricolor jogará contra o vice-líder Corinthians, no Engenhão: serão os noventa minutos mais importantes do ano até aqui. Uma vitória no Estádio Olímpico João Havelange trará de volta o otimismo a Laranjeiras. Arrisco-me a dizer que, em toda a sua história, nunca o Fluminense necessitou tanto de um triunfo. Vocês percebem a importância desta partida? Estará em jogo todo o futuro do Tricolor no Campeonato Brasileiro.

A taça maior do futebol nacional não é levantada pelo Fluminense há inacreditáveis vinte e seis anos. Desde 1984! A geração mais nova, na qual me incluo, nunca esteve tão perto da glória. Repito, para tentar convencê-los: o jogo contra o Corinthians é o mais importante do ano para o Fluminense. O mais importante do ano, quiçá da década!

E a torcida tricolor será peça fundamental na quarta-feira. Ela precisa aprender o caminho de Engenho de Dentro, precisa lotar as dependências do Engenhão. Vivos, doentes e mortos, chegou a grande hora. Não há desculpas para a ausência. Precisamos repetir 1970 e 1984, e a sua ajuda será essencial. O Fluminense não estará sozinho e, empurrado pelos gritos de guerra de sua multidão, conquistará o seu mais belo triunfo em 2010.

PC