Dilma Rousseff ou José Serra?

Amigos, a pergunta atormenta brasileiros do Oiapoque ao Chuí, da nascente do rio Moa à Ponta do Seixas: em quem devemos votar no segundo turno, Dilma Rousseff ou José Serra?

A pergunta que eu faço é outra: faz diferença?

Vocês já ouviram aquela analogia da tartaruga em cima do poste? Não sabemos como ela chegou lá, mas sabemos que ela não chegou sozinha. Também sabemos que ela não descerá de lá sozinha, e que enquanto estiver lá não fará nada. Quem quiser que ela saia de lá só tem uma opção: rezar para ventar.

A tartaruga é o presidente da República.

Escolher entre Dilma e Serra é apenas escolher uma peça da estrutura, a qual não muda há 16 anos. É isso mesmo: vivemos há 16 anos sob o mesmo governo. Muita gente boa tenta me convencer do contrário, mas não consegue. Na minha visão, de FHC para Lula não mudamos nada. E de Lula para o sucessor também não mudaremos nada.

Vejamos.

FHC criou programas sociais, e Lula os unificou, renomeou e consolidou.

FHC iniciou uma política econômica, e Lula a manteve, rigorosamente igual. (Lula inclusive trouxe um banqueiro de raízes tucanas, Henrique Meirelles, para comandar o Banco Central.)

Havia escândalos de corrupção, e eles continuam aí. Os corruptos são um câncer que toma conta do Brasil, e no mundinho político não é diferente. Se agora a corrupção aparece mais, agradeçamos à Polícia Federal, que tem sido mais eficiente nas investigações.

Se um governo obteve resultados econômicos melhores que outro, isto provavelmente se deve à conjuntura macroeconômica, e não a méritos do presidente X ou do ministro Y. (E, de qualquer forma, não chegamos a alcançar tanto crescimento e prosperidade, como alguns tentam vender.)

Sobrevivemos à crise do final da década de 90, e também sobrevivemos à crise mais recente. Talvez tenhamos sentido menos efeitos agora, mas isto porque temos uma economia muito mais consolidada (repito, com a manutenção por Lula da política econômica do governo FHC).

Aliás, diga-se: poderíamos ter sofrido menos ainda na crise recente, se tivéssemos tomado as precauções assim que apareceram os primeiros sintomas de recessão, um ano antes.

Continuemos: Dilma diz que, com Lula, o Brasil não se curva mais aos estrangeiros. Mas eu me lembro de Serra lutando na ONU, pela quebra das patentes dos remédios contra a AIDS.

Repito: Dilma diz que, com Lula, o Brasil não se curva mais aos estrangeiros. Mas eu me lembro de Evo Morales, presidente da Bolívia, tomando as instalações da brasileiríssima Petrobras. E também me lembro da reclamação do Paraguai, exigindo aumento em contrato assinado. "Yes, sir" não pode, mas "Sí, compañero" pode?

Sim, é fato que, com Lula, o Brasil avançou nas relações internacionais. Parece que estamos até próximos de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, quem diria! Porém, ao mesmo tempo, estreitamos relações com os bizarríssimos Hugo Chávez da Venezuela e Mahmoud Ahmadinejad do Irã. (Se você considera isto saudável, reveja seus conceitos, por favor.)

Amigos, eis a minha visão: seja quem for o eleito em 31 de outubro, 2011 será o décimo-sétimo ano do mesmo governo.

Um governo que ignora e continuará ignorando o principal problema do país, que é a Educação.

Porque a tão necessária Revolução da Educação não dá voto, essa preciosa mercadoria que é o objetivo final do sistema.

Pelo menos agora teremos a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, né?

PC