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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Eu já vi esse filme antes...

(texto do amigo Paulo-Roberto Andel, publicado originalmente no Bendito Flu)

Trinta de maio de 2007.

A maravilhosa e apaixonante torcida do Fluminense deixava o majestoso Maracanã com o gosto de féretro, após ter lotado o estádio para a primeira partida das finais da Copa do Brasil. Henrique, jogador do Figueirense, fez um golaço chutando de longe, acertando o ângulo do Perseguido (que, além das deficiências, tem o azar como sina). A mágoa daquele chute não foi desfeita pela raça de Adriano Magrão, que empatou o jogo a centímetros do fim. A família Fluminense desceu as rampas de concreto com tristeza e desesperança. Houve um engano: poucos ali se lembraram de que o Fluminense, totalmente descartado pela mídia, havia revertido três vantagens de mando de campo para chegar até a final - e que uma quarta seria possível. Segundo: o gol de Magrão era um prenúncio; um time que estivesse fadado ao fracasso não conseguiria empatar aquele jogo. E então passou uma semana, e então Roger recebeu o maravilhoso passe de Magrão, fez o gol histórico e o Fluminense nunca mais perdeu aquele título - foi o supremo campeão.

Nossa história tem essa marca. Num dos dias mais tristes de minha vida, o da perda de meu pai, duas horas depois Washington fez o inacreditável e o Fluminense conseguiu uma das maiores vitórias de todos os tempos, contra o São Paulo no Maracanã, pela Libertadores.

Cair ano passado era impossível, lembram? Vencemos dez dos treze jogos, nasceu para a história o "time de guerreiros" e o Fluminense calou boa parte de um debochado Brasil da imprensa vendida.

Além dos Tricolores, quem acreditava no gol de Antônio Carlos ao fim do jogo contra o Volta Redonda, que nos deu o grande título de 2005? Eu pergunto: quem, além de nós, acreditava que o Fluminense sairia do coma que foi a série C de 1999? Aí estamos, vivos e com saúde.

É preciso falar de 1995, quando a imprensa já tinha seu campeão oficial a seis rodadas do fim, com nove pontos de vantagem? No fim, quem ganhou os aplausos foi o eterno Renato, quem chorou de alegria e se ajoelhou nas arquibancadas do eterno Maracanã foi a torcida do Fluminense - este sim o verdadeiro centenário. Os mais adultos vão lembrar do heroico tricampeão de 1983 a 1985. Assis fez o gol do sacrilégio, o Fluminense foi campeão e vaticinaram: "É um timinho. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Realmente, não caiu duas, mas três vezes e com direito ao nosso segundo título brasileiro em 1984. Não éramos favoritos nem quando tivemos um time chamado Máquina. Em 1971 e 1969, os derrotados eram os grandes favoritos. Exemplos assim estão nos anos sessenta, cinquenta; nos quarenta, como o grande Fla-Flu da Lagoa. Não éramos favoritos nem no primeiro Fla-Flu, o de 1912, que vencemos por três a dois e começamos uma história sem fim. Nunca nos concederam a honra do favoritismo, nem quando tivemos nas redações o maior cronista de futebol da história: Nelson Rodrigues.

Não precisamos de favoritismo. Precisamos apenas é honrar a nossa camisa centenária, vitoriosa de verdade, acostumada por mais de um século a desafios e a vencer quando todos nos dão como fora do páreo.

O Fluminense, hoje, precisa ganhar seus três jogos e ser campeão.

É o que basta.

O poderoso Corinthians, versado e saudado pela imprensa, dirigência e arbitragens, é o grande favorito? Não ganhará seus três jogos como nós poderemos - e deveremos - fazer.

A nossa camisa não tem cheiro de favoritismo. Na verdade, o aroma dela é outro: o de títulos. Nossa sala de troféus nunca teve posters pré-datados, voltas olímpicas prévias. Nada disso. Nós somos o time da vírgula, do último suspiro, do último minuto. Noventa minutos são uma vida; nós temos duzentos e setenta para almejar uma grande conquista. Não são falácias, o que digo é tão-somente a história do Fluminense, tal como ela é. Para nós, nada acaba antes do último segundo, quanto mais um título a ser conquistado.

Quem não souber da nossa história, favor consultar - e, claro, ler - as enciclopédias sobre o assunto. A literatura a respeito é de uma fartura impressionante.

Se eu fosse do Parque São Jorge, jamais comemoraria um título antecipado tendo o Fluminense a um ponto de distância, faltando três rodadas para o fim do campeonato. Quem fez isso contra nós acabou chorando para sempre. É um erro capital. O jogo ainda não acabou.

Muito pelo contrário: ele acabou de começar.

Paulo-Roberto Andel

6 comentários:

  1. Excelente texto, amigo Paulo-Roberto.

    Você está de parabéns, conseguiu sintetizar o gigantismo do Fluminense na hora das decisões.

    Se formos de fato campeões - e eu acredito que seremos - seu texto fará parte da conquista. Será leitura obrigatória, como os escritos do grande Nelson, nosso inspirador eterno.

    Saudações Tricolores,
    PC

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  2. só para discontrair

    caro PC, Tubo beleza?? espero que sim, eu tenho uma enquete para vc:
    eu estava assistindo, sem querer,e falta de opção, showbol entre Flamengo e Corinthians, para quem torci?
    (a) Flamengo,pois não ganha mais nada
    (b) Corinthians,100 ter nada??
    (c) o telhado cair, e acabar o jogo
    (d) o M.P. entrar e prender todos.
    abs

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  3. Ganhem os 3 jogos e esqueçam do mundo! Família tricolor unida sempre!

    Saudações tricolores baianas!

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  4. Todos os agradecimentos, amigos.

    Faltam poucas horas.

    NÓS ACREDITAMOS!

    É o que basta.

    Abraços gerais e ostensivos.

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  5. Fácil? O profeta nunca disse que seria fácil.

    --

    Muito bom texto. O improvável e o último minuto sempre serão nossos.

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