Resenha: Tricolor 1 x 0 Guarani

Amigos, a humildade acaba aqui: desde ontem e para sempre, o Fluminense Football Club é o campeão brasileiro de 2010.

Preciso dizer que foi também a grande tarde do Estádio Olímpico João Havelange: pela primeira vez em sua história, o Engenhão consagrou um campeão. E que lindo foi o espetáculo, que linda foi a tempestade de bandeiras, que lindo foi o mosaico, que lindos foram os cânticos da legião pó-de-arroz.

O gol de Emerson já é história: estará, obrigatoriamente, em todas as antologias e enciclopédias tricolores, tal qual o de Mickey, tal qual o de Romerito. Carlinhos luta pela bola na esquerda, cruza, Washington cabeceia, a bola sobra, e Emerson emenda de primeira. Um instante para a eternidade: era o gol da vitória, era o gol do título. Vinte e seis anos de espera estavam encerrados.

Indiscutivelmente, o Tricolor mereceu levantar o Campeonato Brasileiro. Liderou o maior número de rodadas, teve a melhor defesa, e também um dos melhores ataques. Méritos de Muricy Ramalho e também de Cuca, que foi quem começou este time. Merecem, ambos, todos os nossos aplausos.

A taça sorri, amigos. Ela sorri porque está radiante com seu destino eterno: a abarrotada sala de troféus da rua Álvaro Chaves. Terá a companhia da Taça de Prata de 1970 e da Copa Brasil de 1984, os dois primeiros Campeonatos Brasileiros do Fluminense. Estará também ao lado dos 30 estaduais, da Copa Rio, da Taça Olímpica, da Copa do Brasil, da Teresa Herrera, e de tantas outras taças sorridentes.

Me obrigo a citar nesta crônica Darío Conca, o argentino que foi o maior craque deste Campeonato Brasileiro. E o mais incrível é que Conca foi um craque sempre presente: esteve em todas as 38 partidas do Fluminense no certame. Rei Darío, gigante de um metro e sessenta e poucos, também há de ser obrigatoriamente citado em todos os livros e dicionários tricolores.

O Profeta saiu de sua úmida caverna. Encarou o dilúvio que se abateu sobre o Rio de Janeiro, e foi festejar junto com o povo. Foi nesta celebração encharcada que o encontrei. De sua longa barba branca, pingavam as gotas de água da chuva. Sua bela manta branca estava agora atravessada por uma faixa de tricampeão. Quando me viu, ele sorriu largamente, e abriu os braços. Lágrimas nos olhos, caminhei em sua direção, enquanto ouvia os ecos de seu vaticínio: "Fluminense campeão! Fluminense campeão! Fluminense campeão!".

Saltando das cinzas da humildade, ele avisou: vamos tratar da América!

PC

Vídeo editado por Sandro Carvalho sobre a conquista: