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sábado, 20 de agosto de 2011

Recordar é viver - Fluminense 3, Vasco 2


Rio de Janeiro, primeiro de fevereiro de 1989.

Amigos, Fluminense e Vasco duelavam por uma vaga na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1988. Oitenta mil pessoas foram ao Maracanã, cumprindo o dever clubístico. No primeiro jogo, dia 29/01, o Tricolor vencera por 1 a 0, e por isso poderia empatar para se classificar. Ao Vasco, só a vitória interessava.

Pela própria necessidade de vencer, o Vasco lançou-se ao ataque desde o princípio. A equipe vascaína tinha a iniciativa, mas não conseguia criar chances de gol. Era o Fluminense que levava mais perigo, com contragolpes ameaçadores.

Aos 21 minutos do cronômetro, o contra-ataque tricolor foi irresistível: Washington recebeu da defesa e lançou Donizete, que driblou o goleiro Acácio e tocou para o gol vazio. Alegria em três cores no Maior do Mundo: Fluminense 1, Vasco 0.

Nas arquibancadas, os vascaínos pediam insistentemente a substituição de Roberto Dinamite. Porém, quando eram decorridos 36 minutos, Roberto calou as vaias: deu um passe espetacular pelo alto, que Bismarck emendou de primeira, sem chance para Ricardo Pinto. Vasco 1, Fluminense 1. Amigos, nada potencializa mais um craque que as vaias: elas são um combustível infalível.

Aos 10 minutos do segundo tempo, o zagueiro vascaíno Célio, que já tinha cartão amarelo, fez falta violenta em Washington e foi expulso por José Roberto Wright. As coisas não estavam boas para o Vasco, e seus dirigentes só atrapalhavam: Eurico Miranda invadiu o campo, ordenando a retirada para o vestiário. Os ânimos exaltados foram contidos, e a partida pôde recomeçar.

Mesmo com dez, o Vasco atacava, pois precisava do gol. A cada investida vascaína, no entanto, correspondia uma ameaçadora resposta tricolor. As oitenta mil almas no Maracanã não conseguiam relaxar. Era lá e cá.

O resultado de empate classificava o Fluminense, que ainda tinha um homem a mais. O Vasco, porém, não desistia: estava claro que os de São Januário lutariam até o fim. Aos 44 minutos do segundo tempo, Cocada invade a área e Edinho obstrui: falta em dois lances. Geovani cobra pelo alto e Leonardo cabeceia para o gol. Vasco 2, Fluminense 1, e uma dramática prorrogação à vista.

No tempo extra, o Fluminense não deu chances para o rival, exausto por ter que correr atrás com um homem a menos. Aos dois minutos da segunda etapa, Eduardo cobrou falta da ponta-esquerda, quase no escanteio, Alexandre Cruz tentou chutar, e Zé Maria fuzilou para o gol. Fluminense 2, Vasco 2.

Pouco depois, Zé Maria acionou Washington, que avançou e chutou com categoria, vencendo Acácio. Golaço tricolor no Maracanã!

Fluminense, na semifinal do Brasileirão, 3... Vasco, eliminado, 2... Um jogo para a antologia do futebol brasileiro.

PC

Gols do jogo:

Ficha Técnica: Fluminense 3 x 2 Vasco.
Motivo: Campeonato Brasileiro de 1988 - Quartas-de-final.
Data: 01/02/1989.
Local: Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro).
Público: 75.157 pagantes.
Renda: NCz$ 49.674,80.
Árbitro: José Roberto Wright (RJ).
Auxiliares: Élcio Pessoa e João José Loureiro.
Fluminense: Ricardo Pinto; Carlos André, Édson Mariano, Edinho e Eduardo; Jandir, Donizete e Paulo Andreolli; Cacau (Zé Maria), Washington e Romerito (Alexandre Cruz). Técnico: Sérgio Cosme.
Vasco: Acácio; Paulo Roberto, Célio, Leonardo e Mazinho; Zé do Carmo (Cocada), Geovani e Bismarck; Vivinho, Roberto (Ernâni) e Sorato. Técnico: Zanata.
Gols: Donizete (Flu 1-0, 21'/1T); Bismarck (Vasco 1-1, 36'/1T); Leonardo (Vasco 2-1, 44'/2T); Zé Maria (Flu 2-2, 2'/2TP); Washington (Flu 3-2, 2TP).
Expulsão: Célio (Vasco).

16 comentários:

  1. Tinha 10 anos. Estava nesse jogo. Meu pai me levou de cadeira. Festa linda.

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  2. Claudio,

    Esse jogo marcou muitos tricolores. Resolvi escrever sobre ele pois fiz uma enquete num fórum tricolor e este foi o Fluminense x Vasco mais lembrado.

    Pelas imagens, dá pra ver que foi uma festa linda mesmo!

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  3. PCFilho, sou leitor assíduo do seu blog, mas raramente comento.
    Dei a sugestão do Brasil INVICTO com Garrincha e Pelé.
    Já que voce é o PAPA das pesquisas e estatísticas, vou sugerir outra pesquisa que talvez dê mais trabalho.
    Porto e Benfica é neste preciso momento a maior rivalidade do futebol luso, é como fra-flu.
    O Benfica tem maior torcida, acha que tem o rei na barriga e se acham os melhores do mundo, além da imprensa baba-ovo, tipo fla-press.É uma espécie de framengu ou curintia daqui.
    O Porto desde que o presidente Pinto da Costa assumiu, em 1982, ganhou tudo no futebol, exceto a extinta Taça dos Vencedores de Taça, onde chegou à final em 1984, sendo derrotado pela Juventus de Platini.
    Se puder, de 1982 até hoje, veja quem é freguês de quem.O globoesporte diz que em toda a história dos jogos entre porto e benfica, o porto leva vantagem de 75 a 70.Os jornais lusos baba-ovos dizem que é 71-70.
    Interessa-me mesmo é de 1982 até hoje, para saber o quanto Pinto da Costa influiu nesta reviravolta, inclusive o porto já ultrapassou o benfica em títulos no futebol profissional.
    abraço.

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  4. quanto ao post, estava no maraca e vibrei muito.
    também estava no maraca nos 2 jogos da decisão do CB 1984.
    também estava no maraca no elástico do riva em alcir em 1976.
    também estava no maraca quando washington colocou acácio para dançar em 1987.
    também no 1 x 0, gol de doval em 1976.
    e lembro-me também de um flu-vasco em 76, onde com 5 ou 6 juvenis(gil, gildásio, gilcimar, gilson genio e mais dois), o flu venceu o vasco completo por 3 x 0.
    saudações tricolores.

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  5. era robertinho, ponta direita, o outro juvenil.

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  6. RBN,

    Vou levar sua sugestão a sério, mais uma vez. Já fiz posts sobre duas rivalidades estrangeiras (Nacional x Peñarol e Barcelona x Real Madrid). A próxima será, ora pois, Benfica x Porto. :)

    Você viveu a Era de Ouro de Fluminense x Vasco. Só faltou citar a finalíssima do Campeonato Carioca de 1980, gol do Edinho!

    ST,
    PC

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  7. Chorei muito na saída deste jogo. Foi um acontecimento indescritível. Lembro que, nas últimas rodadas da primeira fase, os vascaínos chegaram ao ponto de tentar fazer "corpo mole" nas últimas partidas para evitar o confronto contra o Fluminense (que já era o oitavo e não tinha como subir na tabela). Vencemos a primeira partida com o gol contra de Zé do Carmo (que não escapou das críticas de meu eterno e inesquecível amigo Xuru ao ser flagrado, horas depois do jogo, na pizzaria Bella Blu da Siqueira Campos, em Copacabana). Washington tinha tentado antes o gol por cobertura, sem sucesso. O gol do Vasco ao final do segundo tempo foi um castigo, mas o Fluminense tee fôlego de sobra e mostrou mais uma vez que o impossível para alguns chega a ser banal para nós. O poderoso time do Vasco ficou desolado ao final da partida: tinham feito uma grande campanha, mas não conseguiram superar o arqui-rival. A massa vascaína aplaudiu nosso feito. Naquele ano, infelizmente não fomos campeões, mas aquele jogo desafiou corações sadios. Minha comemoração foi no dia seguinte: voltei ao Maracanã com Xuru e, discretamente, fomos para o bolinho à direita das cabines do rádio - mais precisamente, na torcida do Grêmio, que diante de 60000 da Gávea, comemorou a classificação com um belo gol de cabeça de um jovem jogador, dotado de boa técnica e muita raça, chamado Cuca. Enfim, estava escrito. Brax. ST3.

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  8. Paulo-Roberto, obrigado pelos excelentes detalhes acrescentados! Muito bom o seu relato!

    RBN, taí o que você queria: História - Benfica x Porto.

    ST,
    PC

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  9. Não tiro o mérito do Fluminense, mas o Vasco perdeu essa partida pelo preparo físico. Ao invés de os jogadores continuarem treinando quando o Campeonato deu uma parada por conta do Carnaval, não! Preferiram cair na gandaia e desfilar numa Escola de Samba,enquanto os tricolores treinavam duro na Laranjeiras e chegaram com mais disposição nesse jogo.Foi um diferencial muito grande!

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    1. Marcelo, o seu relato não bate com o calendário de 1989.

      De fato, o Campeonato parou, mas não foi para o Carnaval, e sim para o fim do ano: precisamente, entre 18 de dezembro de 1988 e 28 de janeiro de 1989.

      Os jogos das quartas-de-final foram em 29 de janeiro e em 1º de fevereiro de 1989, ANTES do Carnaval.

      O Carnaval seria no final de semana seguinte: 4 de fevereiro foi o sábado de Carnaval, e naturalmente 7 de fevereiro foi a terça-feira gorda. Assim, os jogadores do Vasco só podem ter desfilado em escola de samba após a eliminação...

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  10. Quem levou os 2 pts da vitoria vasco ou flu?

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    1. Não havia contagem de pontos. Foi um jogo de mata-mata.

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  11. Foi um jogo inesquecível. Sou vascaíno, o Vasco jogou muito para virar o jogo e na prorrogação o time não teve forças para segurar o empate.

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  12. Eu tinha 21 anos e estava na torcida do Fluminense com um amigo. Sou botafoguense. O que mais me marcou foi a festa inacreditável da torcida do Vasco durante o intervalo para a prorrogação

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  13. Meu pai (Zanata) era o treinador do Vasco. Eu tinha 8 anos à época.
    O Vasco fez a melhor campanha DISPARADO na fase normal da competição e tinha o melhor time.

    Meu pai diz que duas coisas tiraram o titulo do Vasco. A primeira foi que o sindicato de jogadores tinha exigido que os clubes dessem período de férias no período de Natal/Reveillon antes que a fase mata-mata começasse. Eurico aceitou e obrigou o clube a parar, com os jogadores perdendo todo o embalo físico e o excelente momento (2º turno impecável e invicto) que o Vasco vinha. Meses depois meu pai ficou sabendo que outros clubes (Bahia, Inter) continuaram treinando escondido do sindicato para chegar voando no mata-mata.

    O 2º fator foi a falta de critério do Wright no 2º jogo. Enquanto o tricolor teve a vantagem, ele deixou a cera correr solta. Quando o Vasco vira no último minuto, meu pai, na preleção pra prorrogação, com o time exausto e um a menos em campo, mas a vantagem no regulamento (empate na prorrogação dava Vasco), pede pros jogadores repetirem a fórmula do Flu no 2º tempo. Caiu no chão, meia hora pra levantar, saiu pra lateral, demora pra ir pegar, vamos usar o relógio (isso é até flagrado pelas câmeras da Globo e aparece na matéria no dia seguinte no Globo Esporte). Só que o Wright resolve chamar os capitães no centro do campo antes de iniciar a prorrogação e avisa que "não vai tolerar cera". Primeira bola pra lateral, ele corre pra cima do jogador do Vasco e dá maior esporro, saca amarelo e tudo. O time, sem poder fazer a cera que o Flu tinha feito e com um a menos, morre em campo e se desestabiliza mentalmente com os esporros do Wright.

    Uma pena, pq era pra ter dado Vasco campeão em 88, pela campanha e pelo elenco.

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    1. Obrigado por seu relato, Carlos.

      Porém, acho que o fator mais importante para a classificação do Fluminense foi mesmo o cansaço do time do Vasco, por ter que jogar uma hora inteira com um homem a menos - os trinta minutos finais do tempo regulamentar e os trinta da prorrogação. A irresponsabilidade do zagueiro Célio influiu muito mais que a tolerância da arbitragem com a cera, que a falta de preparo físico do Vasco ou que qualquer outra coisa.

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