Resenha: Boca Juniors 1 x 2 Tricolor

Amigos, as manchetes de quinta-feira berrarão, épicas: caiu a Bombonera!

Aconteceu o seguinte: quatro mil tricolores invadiram Buenos Aires, por terra, ar e mar. Foi uma autêntica ocupação. Durante o dia, os argentinos se entreolhavam espantados. Seria um ato de guerra decretado pelos vizinhos brasileiros? O que justificaria aquela hedionda invasão tupiniquim?

Ao cair da tarde, a legião pó-de-arroz marchou com passos firmes rumo à Bombonera. Lá, naquele campo de futebol, aconteceria a guerra santa: Boca Juniors x Fluminense, pela Copa Libertadores da América.

Uma atmosfera de revanche pairava no estádio: os trinta ou quarenta mil hinchas do Boca estavam sedentos pela vingança da eliminação de 2008. Aquela derrota para 86 mil fanáticos no Maracanã ainda dói no corpo e na alma do Boca Juniors.

Começa o jogo, aquela carnificina, aquela típica selva de gangsters que é a Copa Libertadores. No meio das botinadas e dos pontapés, dentre os vinte e dois atletas, um se destaca: Deco, o artista.

O camisa 20 executou mais uma obra genialíssima: um lançamento tão preciso, tão milimétrico, quanto espetacular. Fred, matador, venceu o goleiro com uma cabeçada firme, para o chão, como manda a cartilha do centroavante. Fluminense 1 a 0.

No início da segunda etapa, o árbitro paraguaio Amarilla cai na malandragem de Riquelme, e marca uma falta que não foi falta nem no replay mais lento. Na cobrança, o próprio capitão do Boca chuta na trave, e a bola sobra para Somoza empatar. 1 a 1.

A reação do Boca, no entanto, pararia ali.

Em jogada pela esquerda, o jovem tricolor Wellington Nem bagunçou a defesa dos anfitriões, e cruzou rasteiro para o meio. E lá estava Deco, o artista, para finalizar com categoria. Fluminense 2 a 1.

Sobre o restante da batalha, diria o gênio: o Boca não empatou mais. Nunca mais.

De sua caverna, o sábio Profeta avisara que a tradição do Fluminense venceria a partida em Buenos Aires. Mais uma vez, o barbudo estava certo.

Eis os três fatores que explicam a queda da Bombonera: a legião, o artista e a tradição.

Daqui a doze noites, sob o estrelado céu desta América de futebol, ocorrerá o tão aguardado encontro.

PC