Resenha: São Paulo 1 x 1 Tricolor

Amigos, Gum faz um campeonato extraordinário, e fazia também uma ótima partida no Morumbi. Mas vejam como o futebol é cruel: em uma única jogada, o zagueiro do Fluminense falhou feio. E o resultado foi o gol do São Paulo. Sentado na arquibancada vermelha do Morumbi, senti o gol adversário como se este fosse uma punhalada em mim. Não conseguia acreditar naquela falha tão escandalosa, justo do melhor zagueiro do Brasileirão.

E agora, o que seria do time após entregar um gol numa bandeja ao adversário? Temia que o onze tricolor se abalasse pelo erro individual de Gum. Mas não: o que aconteceu após o gol do São Paulo, amigos, já está nas antologias do Fluminense.

Instantaneamente, a equipe do Fluminense passou a transbordar sangue, suor e lágrimas. Todos desejavam, de alguma forma, compensar a falha do companheiro, numa belíssima demonstração de amizade. O Fluminense era um por todos, e todos por Gum.

Assim, o gol de empate passou a ser mera questão de tempo. Aconteceu com o oportunismo de Samuel e Fred: o primeiro roubou a bola e a passou, o segundo se posicionou e estufou o barbante. Na comemoração, a torcida pó-de-arroz no Morumbi berrou "Gum guerreiro! Gum guerreiro! Gum guerreiro!". E, ao ouvir a homenagem, o melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro voltou a ser o melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro. Amigos, nem o próprio Pelé conseguiria passar por Gum após o acontecimento.

A torcida que contribuiu para a épica redenção de seu zagueiro ainda calça as sandálias da humildade. Não se escuta um único "é campeão!" antecipado de um pó-de-arroz. Enquanto a conquista não se confirma, somos uma fortaleza de silêncio.

Na distante caverna que habita, o Profeta coça sua longa barba branca e sorri, observado por um inteligente papagaio. Contemplando as três faixas penduradas nas úmidas pedras à sua frente, o sábio homem calmamente repete seu vaticínio: "Fluminense campeão! Fluminense campeão! Fluminense campeão! Fluminense campeão!".

O louro canta o hino.

PC