Resenha: Tricolor 0 x 0 Olimpia

Começo avisando aos pessimistas: mesmo após empatar em São Januário, o Fluminense segue sendo o favorito do duelo com o Olimpia pela Copa Libertadores. Explico: neste critério de desempate do gol qualificado, o zero a zero em casa acaba sendo um bom resultado. Claro que a vitória seria melhor (Abel estava doido como os Napoleões do Pinel, quando afirmou que 0 a 0 é melhor que 2 a 1), mas o zero a zero nos dá a vantagem do empate com gols na semana que vem, em Assunção. Lá, o 1 a 1 já nos bastará. Portanto, ruim o resultado não foi.

O treinador do Olimpia, Ever Hugo Almeida, embora seja o recordista de atuações como jogador na história da Copa Libertadores, cometeu um erro estratégico fundamental em São Januário: jogou pelo 0 a 0. Os paraguaios não vieram ao Rio de Janeiro para jogar futebol - vieram para segurar um resultado que, curiosamente, estava longe de ser bom para eles. Em suma: o Olimpia desperdiçou os noventa minutos em que seus gols valeriam mais. Difícil de entender.

O Fluminense jogou certo, dominou o jogo, sufocou o adversário, tentou penetrar na retranca paraguaia. Mas jogar contra um adversário com nove homens atrás da linha da bola o tempo todo é muito difícil. Apelando com ferrolhos assim, as seleções da Suíça e do próprio Paraguai conseguem se manter intactas até em jogos de Copa do Mundo. A França, em 1998, precisou de 120 minutos para fazer um golzinho no Paraguai, vocês devem se lembrar. A Espanha, em 2010, não fez gol na Suíça. De cabeça, citei dois escretes campeões mundiais que tiveram enormes dificuldades para furar retrancas como a do Olimpia. Sim, os retranqueiros estão jogando dentro das regras do jogo, mas que são chatos pra caramba, são.

Olhando para trás, para os noventa minutos de São Januário, sentimos uma certa decepção, porque a vitória poderia ter acontecido. O Fluminense teve chances claras de fazer seu gol, pelo menos duas. A primeira logo no começo do jogo, quando, após bela jogada ensaiada, Leandro Euzébio teve o gol à sua frente, escancarado, mas chutou para fora. A segunda já no tempo complementar, quando Rhayner recebeu ótimo passe de Fred, chegou a driblar o goleiro, mas acabou errando a finalização. Uma pena.

Mas olhando para frente, para os noventa minutos a serem jogados no Defensores del Chaco, podemos e devemos ter esperanças. O Fluminense possui um time tecnicamente superior ao Olimpia, com muita experiência nestes confrontos de competições sul-americanas. É só não repetir o erro estratégico que o Olimpia cometeu aqui, de jogar recuado. Lá, mais do que aqui, o Fluminense precisará ser ofensivo, precisará agredir. Se o onze tricolor marcar um gol em Assunção, um único e escasso gol, nossas chances de classificação já serão enormes.

Antes do jogo de volta da Copa Libertadores, na quarta-feira que vem, teremos a estreia no Brasileirão, no fim de semana, em Macaé, contra o Atlético Paranaense. Abel já anunciou que o time será todo reserva - decisão da qual discordo, mas que é adotada por dez entre dez treinadores do futebol brasileiro. Eu é que devo estar errado.

Na distante caverna que habita, coçando sua longa barba branca, e contemplando as glórias previstas em vaticínios passados, o Profeta avisa: "faltam cinco! faltam cinco! faltam cinco!".

PCFilho