Domingo de Maracanã, Seleção e Fluminense

O novo Maracanã. Foto: AP.

Neste domingo, nós tricolores vivemos nossa rodada dupla de futebol. Às 16 horas, assistimos ao Brasil x Inglaterra, reinauguração de nosso sagrado templo, o Maracanã. Às seis e meia, voltamos nossas atenções para Macaé, onde o Fluminense disputava sua segunda partida pelo Campeonato Brasileiro.

Sem poder ir aos dois estádios, estive no Maracanã para ver a Seleção. Quero dizer, não só para ver a Seleção, mas principalmente para matar as saudades de minha segunda casa. Desde a despedida em 2010 (Fluminense 1 x 1 Palmeiras), eu só estivera lá uma única e escassa vez, durante as obras, numa visita guiada. Confesso que não aguentava mais de tanta saudade.

Em 1950, no jogo inaugural do Maracanã, entre a Seleção Carioca e a Seleção Paulista, o primeiro gol do estádio foi marcado por Didi, o gênio da folha-seca, jogador do Fluminense. Sessenta e três anos depois, na reinauguração, o primeiro gol do estádio foi novamente de um atleta tricolor: Fred venceu o goleiro inglês Hart, e fez 1 a 0 para a Seleção Brasileira. E então os tricolores presentes gritaram para o mundo ouvir: "o Fred vai te pegar!". Não sei se os torcedores de outros clubes acompanharam o coro, já que, infelizmente, muitos estavam mais preocupados em entoar cânticos de seu próprio clube, ao invés de apoiar a Seleção. Espero que esse comportamento medíocre mude logo.

Os ingleses acabaram virando o jogo, com dois gols da entrada da área, um de Chamberlain e outro de Rooney. A Seleção não fazia partida brilhante, é fato. Entretanto, jogava melhor que os ingleses e não merecia perder. O bravo Paulinho - como joga bola este meu xará! - fez justiça com um voleio maravilhoso, marcando o primeiro golaço do novo Maracanã. Brasil 2, Inglaterra 2. A Seleção precisa melhorar, mas a boa notícia é que ela vai melhorar, com os próximos treinos e os próximos jogos. Até a Copa das Confederações, teremos um time mais entrosado, tenho certeza.

O que achei do novo Maracanã? Está lindo, amigos, maravilhosamente lindo. Mas confesso que senti um baque quando, após o estreito corredor que levava à arquibancada, minha vista se abriu para o gigante de concreto. Não, não é mais o mesmo estádio. Sim, vou sentir saudades daquela arquibancada que parecia flutuar sobre o gramado, onde deuses e pernas-de-pau escreviam nossas emoções com chutes e pontapés. Talvez eu sinta saudades até da chuva que molhava nossos corpos e lavava nossas almas em Fla-Flus inesquecíveis, e a partir de agora não passará mais pela lona que cobre as arquibancadas. Uma mistura de nostalgia com admiração: assim posso resumir o que senti esta tarde, no Estádio Mario Filho.

A obra custou caro, mais de um bilhão, dinheiro à beça, dinheiro pra chuchu, que poderia (e deveria) ter sido melhor utilizado. Mas sim, o estádio está lindo, duzentas e cinquenta e sete vezes mais confortável do que antes, com a acústica aparentemente melhor, com cadeiras para todo o público, com iluminação mais potente, enfim, com tudo que um estádio de futebol precisa ter, e até com o que não precisa. Em suma, temos um estádio novo, bonito, maravilhoso.

Em Macaé, o Fluminense mostrou que já esqueceu a eliminação da Copa Libertadores, e atropelou o Criciúma, sem cerimônias, 3 a 0, com dois gols de cabeça de Digão e um de Wellington Nem cobrando pênalti. Com duas vitórias em dois jogos, o Tricolor é o líder isolado do Campeonato Brasileiro (por aproveitamento e por pontos perdidos), e segue rumo ao seu quinto título nacional. Sim, o Fluminense é um chato, e vai com tudo por mais essa taça, com garra e com raça.

Os próximos jogos do Fluminense ainda serão em Macaé, mas logo, logo, estaremos de volta ao nosso sagrado templo, o Maracanã. Lá, viveremos nossas próximas glórias e vitórias mil. O velho Maracanã não existe mais fisicamente, mas viverá eternamente em nossas memórias: as lágrimas que lá derramamos - cada uma das milhões de gotas - nunca serão esquecidas. O novo Maracanã já está pronto para abrigar as próximas emoções do povo tricolor, do povo carioca e do povo brasileiro.

Habemus Stadium!

PCFilho