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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ronaldo: "Não se faz Copa do Mundo com hospital"


Resposta de Ronaldo a um jornalista, em 2011. Vídeo: TV Lance.

"Tá sendo gasto também muito dinheiro em saúde, em segurança, mas a gente vai receber a Copa do Mundo. Sem estádio, não se faz Copa do Mundo, amigo. Não se faz Copa do Mundo com hospital. Tem que fazer estádio, senão não tem Copa do Mundo também. Aí você tem que ver o que você quer. Eu acho que tem que ser dividido, lógico, todo o investimento. Eu não faço parte do governo, mas eu tenho certeza que eles estão fazendo isso, e estão dividindo os investimentos. De qualquer maneira, muitos estádios estão sendo financiados pelo BNDES também."

(Ronaldo, perguntado sobre os gastos nos estádios para o Mundial)

Minha opinião: a gritaria geral contra os excessivos gastos com as construções e reformas veio tarde demais.  Nós não protestamos na hora em que deveríamos, lá atrás, quando percebemos que as obras seriam financiadas com (muito) dinheiro público. Que os bilhões investidos nas modernas "arenas" deveriam ter tido utilização mais nobre (educação, saúde e infra-estrutura do país), não tenho a menor dúvida. Mas protestar contra isso, agora, é chorar sobre o leite derramado.

Entendemos tarde demais que sediar os grandes eventos não seria bom para o Brasil. Há uma noção falsa de que "o dinheiro voltará", de que "não são gastos, mas investimentos". Nada mais distante da verdade.

Teremos, de fato, um mês de felicidade, turistas e lucros em 2014, e mais duas semanas de tudo isso em 2016. Eu, como fã de esporte, vou adorar ver de perto alguns de meus ídolos e heróis. E tenho certeza que, de fato, nossa população aproveitará os eventos, será hospitaleira como sempre, e viverá algumas semanas de paraíso e alegria, com segurança de verdade nas ruas e um clima bacana de congraçamento.

A questão é: estas seis ou sete semanas de utopia valem o preço que estamos pagando?

Não, não valem.

O legado dos eventos será uma dúzia de aparelhos esportivos moderníssimos, a metade deles autênticos elefantes brancos, sem perspectiva de uso frequente. A infra-estrutura das cidades simplesmente não melhorou, e mesmo que tenha melhorado um pouco, aqui ou ali, terá sido por obras que poderiam ter sido feitas sem a realização dos eventos.

Não nos enganemos: os euros deixados pelos turistas não cobrirão os gastos que tivemos com as obras - nem chegarão perto disso. Esse argumento do "retorno do dinheiro" é frágil como um castelinho de areia. Faça umas contas rápidas num papel de pão e verifique você mesmo.

Quando soar o apito final em 2014, e quando terminar a maratona em 2016, os turistas irão embora. A maioria não voltará tão cedo. E nós ficaremos com a conta, para pagar a perder de vista. E ainda sem saúde, ainda sem educação, ainda sem infra-estrutura. 

Portanto, sim, essa orgia de gastos públicos é absurda, imoral até. Mas que deveríamos ter gritado antes, ah, deveríamos...

PCFilho

9 comentários:

  1. O Antero, da ESPN, fez um discurso quase igual ao teu dia desses... E olha que vc nem vai com a cara dele, hehehee

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  2. Ah, e claro, concordo plenamente. Tínhamos que ter sido mais ativos há mais tempo mesmo...

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  3. Ih, RAFS, estou sendo "chato" feito a galera da ESPN? hehehe!

    Não sabia do discurso do Antero. Um da ESPN que já grita há um tempo contra os gastos excessivos é o Mauro Cezar. Me lembro das reportagens dele em 2010 criticando os "padrões FIFA" dos estádios da África do Sul.

    Que ironia, precisou a passagem do ônibus aumentar 20 centavos pro povo perceber que perdeu 10 bilhões...

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  4. Tem razão, Big.

    Recebi esse vídeo por e-mail afirmando que a declaração foi dada ontem, mas de fato a entrevista é de 2011. Já corrigi no post.

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  5. Detalhe: o fato de esta declaração ter sido dada em 2011 e só ter virado polêmica agora em 2013 reforça meu ponto.

    Em 2011, já sabíamos o que estava por vir, E NÃO GRITAMOS, NÃO PROTESTAMOS.

    Agora o dinheiro já foi gasto. Agora é tarde...

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  6. Acho que o problema não é ter uma Copa realizado do Brasil, na verdade isso é muito bacana!! Mas o problema é a forma com que ela foi feita, ou seja, a forma com que as coisas são feitas no Brasil!

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  7. É isso aí, Big.

    Um país que tem escolas, hospitais e infra-estrutura agonizantes não pode gastar bilhões de dinheiro público para construir 12 estádios novíssimos.

    Se não houvesse um centavo de dinheiro público, exceto em obras de fato relevantes para a sociedade, aí sim sediar os eventos seria um bom negócio.

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  8. Poderiam ser feitas concessões do tipo:

    - As empresas concorrentes mandam seus projetos para os estádios;
    - Quem ganhar licitação banca toda a reforma e explora o estádio por 30 anos sem custos desde que mantenham este nos conformes.
    - O governo se compromete a fazer todas as obras de infra e transporte.

    Simples, eficiente e sem chance de superfaturamento na construção das arenas....oh wait, já sei pq não foi feito assim...:P

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