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quinta-feira, 20 de março de 2014

Descanse em paz, Bellini

Em 1958, Bellini ergue a Taça Jules Rimet no Estádio Rasunda, em Estocolmo.

Faleceu nesta quinta-feira 20, aos 83 anos, o lendário ex-zagueiro Bellini, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962, tendo sido capitão na primeira conquista. Bellini também fez história no Vasco, clube pelo qual atuou mais de 400 vezes entre 1952 e 1961, e no São Paulo, com mais de 200 atuações entre 1962 e 1967. Encerrou sua vitoriosa carreira no Atlético Paranaense, em 20 de julho de 1969, despedindo-se da grande área num dia histórico, quando um ser humano pisava pela primeira vez na Lua.

Zagueiro alto e forte para os padrões da época (1,82 m e 80 kg), Bellini era dono de uma condição atlética excepcional, e jogava com seriedade e garra, mas limpo - nunca quebrou um atacante adversário. Seu apelido no Vasco e na Seleção era "Boi", desnecessário explicar por quê.

Reza a lenda que foi ele o inventor do hoje universal gesto de levantar o troféu acima da cabeça. Ao receber a linda Taça Jules Rimet das mãos de Gustavo VI Adolfo, o Rei da Suécia, Bellini não sabia o que fazer. Ouviu então o pedido dos fotógrafos brasileiros, que não estavam conseguindo um ângulo bom para aquele momento histórico: "Levanta, Bellini, levanta!". E ele levantou aquela estátua dourada, sem saber que fazia a pose na qual seria eternizado, em outra estátua, em uma das entradas do Maracanã.

Com 51 atuações oficiais pela Seleção Brasileira, Bellini ganhou 2 Copas do Mundo, 2 Copas Roca, 3 Copas Oswaldo Cruz, 1 Taça Bernardo O'Higgins e 1 Copa do Atlântico. Um episódio de 1962 ilustra bem a grandeza de Bellini: quando Aymoré Moreyra decidiu que Mauro seria titular no Mundial do Chile, em seu lugar, o capitão simplesmente assentiu: "É justo. Agora é o Mauro". Com aquela nobre atitude, Bellini não deixou que uma crise se instalasse no ambiente da Seleção, que partiu para o bicampeonato. E dali para frente, Bellini e Mauro, que antes apenas se cumprimentavam, passaram a ser melhores amigos um do outro. Durante 40 anos, até a morte de Mauro, em 2002, foram praticamente irmãos.

Aliás, uma coincidência impressionante une os capitães de 1958 e 1962: anos antes, Bellini sucedera Mauro como zagueiro central do modestíssimo Sanjoanense, de São João da Boa Vista (SP). O primeiro elogio que o jovem atleta Bellini recebeu foi um "tão bom quanto Mauro", suficiente para convencer o Sanjoanense a contratá-lo. Em 1962, foi a vez de Mauro suceder Bellini como capitão da Seleção Brasileira...

No Vasco, Bellini conquistou o Campeonato Carioca em 1952, 1956 e 1958, e também o Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer de 1953, o Torneio Rio-São Paulo de 1958, o Torneio de Paris de 1957 e o Troféu Teresa Herrera de 1957. No São Paulo, tendo que enfrentar o super-time do Santos de Pelé, não conseguiu conquistar títulos.

Bellini era casado com a professora Giselda, mãe de seus dois filhos Carla e Júnior. Depois da carreira de jogador, formou-se em Direito, incentivado pela esposa. Mas nunca exerceu a profissão de advogado, preferindo dedicar-se a uma escolinha de futebol. Nos últimos anos, Bellini vinha sofrendo com o Mal de Alzheimer, e agora finalmente poderá descansar. Seus feitos e façanhas no futebol são eternos, e por eles Bellini merece todos os elogios dos amantes do esporte.

Bellini, ídolo do Vasco.

Estátua do Bellini, na frente do Maracanã.

PCFilho

3 comentários:

  1. Tá na minha seleção da melhor seleção brasileira de todos os tempos, fazendo dupla de zaga com Brito:-)

    Se Bellini era chamado de "Boi", Brito era chamado de "Cavalo" segundo os jogadores de 1970, portanto, a minha dupla de zaga não podia ser outra:-)

    Descanse em paz, Capitão...

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  2. Corrigindo, é titular indiscutível na minha seleção da melhor seleção de todos os tempos:-)

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  3. Sem dúvida é um dos grandes zagueiros da história do futebol. Qualquer seleção histórica tá bem servida com ele. :)

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