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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Sobre a falência do Botafogo


Amigos, nesta semana uma tristíssima realidade ficou clara: o glorioso Botafogo vive um estágio avançado de falência. No último domingo de julho, os jogadores alvinegros escancararam para o mundo a grave crise financeira do clube, ao entrarem no gramado do Maracanã com aquela faixa de protesto: atrasos de três meses nos salários, mais cinco meses nos direitos de imagem. Em tese, após os três meses de atraso, o atleta pode simplesmente pedir as contas na Justiça e ir embora. Com dívida total estimada em R$ 700 milhões, pelo menos cinco vezes sua arrecadação anual, o Botafogo está, sim, vivendo um processo de falência.

Vale sublinhar que o buraco financeiro em que o Botafogo se encontra foi cavado por seus próprios dirigentes irresponsáveis, que ao longo dos últimos anos trataram de gastar muito mais que o arrecadado, temporada após temporada. Uma dívida de centenas de milhões não nasce do nada, não cai dos céus como um raio inesperado. Ela é o resultado de um trabalho contínuo, de um esforço perseverante. Estas gestões desastrosas é que, uma após a outra, contribuíram para a falência do Botafogo.

Agora, chego ao ponto principal deste meu texto, um alerta: o Botafogo não está sozinho nesta canoa furada.

Pelo menos os outros três grandes clubes cariocas estão, cada um, em seu próprio estágio no processo falimentar: Flamengo, Vasco e Fluminense. Não tentemos tapar o sol com a peneira: todos os três vivem o mesmo problema de seu co-irmão Botafogo, após gestões irresponsáveis, com gastos estratosféricos e arrecadações menos gordas.

Sobre o caso particular do meu Fluminense, eu já venho alertando aqui nos últimos anos. Como escrevi em novembro de 2013, a dívida do outrora rico Tricolor das Laranjeiras evolui de forma assustadora: R$ 382 milhões em 2010, R$ 405 milhões em 2011, R$ 445 milhões em 2012, R$ 500 milhões em 2013*... A seguir nesse ritmo, em 2016 a dívida passará dos R$ 620 milhões. A bolha tricolor uma hora estourará, como a alvinegra está estourando agora. É só questão de tempo.

Tenho visto muitos fazendo graça e caçoando da situação do Botafogo, mas é bom abrirmos nossos olhos, e começarmos a cobrar de nossos próprios dirigentes. O presidente tricolor Peter Siemsen, responsável por boa parte da dívida tricolor, foi reeleito quase por aclamação no ano passado. O Fluminense, surfando no tapete mágico da Unimed, ainda consegue manter um elenco milionário com salários em dia, é verdade. E por isso foi campeão em 2010, foi campeão em 2012, e disputa o título em 2014. Mas o sonho um dia vai acabar.

O Fluminense tem a vocação da eternidade, como escreveu certa vez o monumental Nelson Rodrigues. Mas eu realmente espero que nossos torcedores e sócios saibam que precisam agir para que esta vocação da eternidade seja real. Para continuar glorioso, o Fluminense precisa, urgentemente, acordar para a realidade. Que o triste caso do Botafogo sirva de exemplo, enquanto ainda há tempo.

PCFilho

* observação: o número de 2013 era uma estimativa - o balanço oficial do clube apontou que a dívida total do Fluminense em 31 de dezembro de 2013 estava em R$ 422,7 milhões, uma leve redução em relação a 2012 - devida, basicamente, à venda de Wellington Nem para o Shakhtar Donetsk, por R$ 25,4 milhões.

6 comentários:

  1. Em entrevistas do Peter,ele diz que sua prioridade é o pagamento de dívidas e afirma que é isto que está sendo feito,e essa foi sua propaganda eleitoral,poderia me esclarecer se é verdade? Se o Fluminense realmente está pagando suas dívidas de forma mais assídua? Tanto que um dos objetivos da atual gestão é o aumento do número de associados e parar de depender tanto da Unimed,li também uma pesquisa apontando a dívida do tricolor em torno de 258 milhões,por favor,esclareçam como anda a situação financeira e o que faz a gestão do clube para melhora-la,pois vendo de longe,parece que o Fluminense está crescendo e enriquecendo com a valorização da marca e os milionários elencos anuais. ST

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  2. Lucas Andrade,

    De fato, o discurso da campanha do presidente Peter Siemsen falou muito em redução e pagamento de dívida. No entanto, a prática não tem correspondido a esse discurso.

    De acordo com os balanços financeiros disponíveis no site do Fluminense, a dívida total do clube evoluiu da seguinte forma:

    31/12/2010 (último ano do presidente Roberto Horcades): R$ 382 milhões.
    31/12/2011 (primeiro ano do presidente Peter Siemsen): R$ 405 milhões.
    31/12/2012 (segundo ano do presidente Peter Siemsen): R$ 445 milhões.
    31/12/2013 (terceiro ano do presidente Peter Siemsen): R$ 423 milhões.

    Portanto, a dívida só diminuiu mesmo de 2012 pra 2013. No geral, a dívida total do Fluminense aumentou na gestão Peter Siemsen.

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  3. E vale fazer uma observação fundamental sobre essa "redução da dívida" no ano de 2013.

    Foi nesta temporada de 2013 que o Fluminense vendeu Wellington Nem para o Shakhtar Donetsk, por R$ 25,4 milhões, valor maior que esta redução da dívida.

    Não é todo ano que podemos vender um Wellington Nem para cobrir o rombo do orçamento...

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  4. A dívida seria amortizada sensivelmente caso os recursos não fossem bloqueados pela justiça, como ocorrido com o Botafogo...

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  5. A justiça tem mais é que bloquear as receitas, com empresas que devem 4 ou 5 vezes sua arrecadação anual e continuam gastando mais do que ganham...

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  6. Está na hora de um dirigente chegar e ser honesto, falar assim: durante 10 anos não vamos ganhar nada... vamos apenas tentar se manter na série A com um time mediano e sem estrelas, vamos sanear e estruturar o clube, daí pra frente volta-se a investir. A torcida precisa ter paciência, e não pensar somente no hoje, mas também no futuro dos clubes.

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