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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O Efeito Nishimura

Brasil x Croácia: Yuichi Nishimura marca pênalti em Fred.

São Paulo, 12 de junho de 2014. No primeiro jogo da Copa do Mundo, a Seleção Brasileira empatava em 1 a 1 com a Croácia, no Estádio Itaquerão. Quando Fred, o centroavante do Fluminense e da Seleção, foi agarrado dentro da área, o árbitro japonês Yuichi Nishimura não teve dúvidas, e assinalou o pênalti. Segundo a FIFA, o juiz nipônico acertou na jogada. Segundo a imprensa esportiva brasileira, no entanto, ele errou. Sim, a nossa mídia não se conformou com a marcação favorável ao nosso escrete, em um estranhíssimo fenômeno de auto-flagelação que eu ainda não consegui explicar.

E passamos aquela semana ouvindo gracinhas diversas, de que Nishimura fora o 12º jogador da Seleção na estreia, de que havíamos comprado a Copa do Mundo (risos). Em suma: ficou no ar a sensação de que o senhor Nishimura errou ao marcar o pênalti em Fred.

Se fosse só isso, tudo bem. Mas não é: aquele pênalti em Fred ainda ecoa. E quem está pagando o pato é o nosso Fluminense, clube do centroavante.

Explico: quase três meses depois, ainda sob a influência do que estou chamando de Efeito Nishimura, os árbitros brasileiros simplesmente não marcam uma única e escassa falta sobre Fred. Só esta semana, o centroavante do Fluminense sofreu dois pênaltis acintosos, ambos solenemente ignorados pelos apitadores. Repito: foram dois pênaltis acintosos.

No jogo Corinthians 1 x 1 Fluminense, no domingo 31, pelo Campeonato Brasileiro, no mesmo Itaquerão do fatídico Brasil x Croácia, Fred foi agarrado dentro da área, e o árbitro Paulo Henrique Godoy Bezerra fingiu que não viu, demonstração prática do Efeito Nishimura. Vejam a foto abaixo, que não deixa a menor margem para dúvida. (E o presidente do Corinthians, numa cara-de-pau inacreditável, ainda teve a coragem de reclamar da arbitragem nesse jogo...)

Foto: Miguel Schincariol/LANCE!Press.
Corinthians x Fluminense: Fred claramente agarrado dentro da área.
Para o árbitro Paulo Henrique Godoy Bezerra, nada a marcar.
Demonstração prática do Efeito Nishimura.

Já no jogo Goiás 1 x 0 Fluminense, na quarta-feira 3, pela Copa Sul-Americana, no Serra Dourada, foi a vez de o árbitro Francisco Carlos do Nascimento ignorar outro pênalti insofismável em Fred. Não quero justificar a eliminação do Fluminense, que jogou muito mal, mas, se fizéssemos 1 a 0, o Goiás só se classificaria virando para 3 a 1. Convenhamos, seria outro jogo.

E não é só dentro da área, não: o preconceito dos árbitros com Fred ocupa o campo inteiro. Algumas vezes, a falta não só não é marcada, como é invertida contra o Fluminense.

A diretoria tricolor, já sabemos, é omissa e não defende os interesses da instituição. Mas nós, torcedores, não vamos aceitar essa palhaçada calados. Exigimos da Confederação Brasileira de Futebol a eliminação deste preconceito inaceitável dos árbitros contra nosso centroavante Fred.

Querem culpar Fred pelos 7 a 1, numa lógica completamente torta e bizarra? Que culpem, é maluquice, mas é direito de qualquer um. Mas o Fluminense e sua torcida não merecem pagar por isso. Queremos e exigimos um tratamento justo e igualitário. Quem pede é a torcida de um clube que:
(I) é pioneiro do esporte no país, fundador da Seleção Brasileira; e 
(II) não se sustenta com patrocínio público, diferentemente de muitos de seus rivais.

Não posso falar em nome de toda a torcida tricolor, nem tenho esta pretensão. Mas tenho certeza de que ao menos boa parte dela assinaria este texto.

PCFilho

5 comentários:

  1. Assinado. ST****

    Parabéns pelo excelente Blog,
    as excelentes crônicas,
    os diagramas do Jogo dos Reis.

    Mauro Balbino

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  2. Obrigado pelo prestígio, Mauro Balbino.

    Saudações Tricolores!

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  3. PC,

    Essa implicância com jogadores do Flu na seleção vem de longe. Olha só:
    - 94: Branco era dado como acabado por todo mundo, não devia ter sido convocado, etc. Conseguiu calar a boca de todo mundo contra a Holanda;
    - 70: Muito se fala que era uma seleção que só tinha craques, menos o goleiro (Félix). Não era nascido, fui ver no youtube alguns jogos de 70. Félix fechou o gol contra a Inglaterra. Na semi final, contra o Uruguai, ele evitou uma prorrogação com uma defesaça ao estilo Banks aos 40 do segundo tempo. O jogo ainda estava 2 x 1.
    Nesta mesma copa, Marco Antônio do Flu foi reserva do Everaldo. Não vi nenhum dos dois jogarem, mas com todos que converso (inclusive não tricolores) afirmam que lateral tricolor era melhor que o titular.
    O mesmo aconteceu em 58 e 62 com Castilho na reserva de Gilmar. Nesse caso, havia um consenso geral de que Castilho era muito mais goleiro.

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  4. Castilho foi pra reserva do Gilmar porque havia uma ideia generalizada de que - pasmem! - Castilho era azarado.

    O azar do melhor goleiro da história do Brasil foi só um: ter enfrentado o lendário escrete húngaro em 54...

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