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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O incêndio do Museu Nacional: por quê?


Este domingo, 2 de setembro, foi a data de mais uma tragédia brasileira: um incêndio de grandes proporções destruiu quase totalmente o riquíssimo acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A mais antiga instituição científica do Brasil sofreu o mais duro golpe em sua história de duzentos anos. Desde 1946, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é a responsável por seu funcionamento.

A expressão "tragédia anunciada" pode parecer um clichê, mas neste caso traduz a mais absoluta verdade. Somente nos últimos oito anos, aconteceram seis grandes incêndios em prédios administrados pela UFRJ: em 2011, na Capela do Palácio da Praia Vermelha (notícia); em 2012, na Faculdade de Letras, na Ilha do Fundão (notícia); em 2014, no Centro de Ciências da Saúde, também no Fundão (notícia); em 2016, na Reitoria, na Ilha do Fundão (notícia); em 2017, no Alojamento Estudantil, novamente no Fundão (notícia); e neste domingo, no Museu Nacional, no Paço de São Cristóvão.

Não, não é um privilégio da UFRJ: há inúmeros exemplos de incêndios em prédios administrados pelo poder público no Brasil, nos últimos anos. O mais notório deles ocorreu em dezembro de 2015, no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo (notícia). O mais recente, provavelmente, no Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, em março de 2018 (notícia). Como se pode deduzir, a manutenção dos imóveis administrados pelo Estado deixa muito a desejar. É mais uma tarefa na qual os governos falham miseravelmente, não importando quem esteja no poder.

Por quê? Com os tantos impostos que pagamos, não deveríamos receber em troca serviços minimamente decentes? Não deveríamos ter segurança pública, bons hospitais, boas escolas e, como dizer, prédios que não pegam fogo? Por que tivemos que começar a Semana da Pátria vendo nosso maior acervo museológico derreter diante de nossos olhos? Como foi possível que um patrimônio tão valioso estivesse tão exposto à destruição?

Segundo notícia da Folha, o Museu Nacional vinha sofrendo com cortes no orçamento, e desde 2014 não recebia integralmente os R$ 520.000,00 anuais necessários para a manutenção básica do prédio. Vamos fazer algumas comparações com outros gastos públicos?

Quinhentos e vinte mil reais são um valor TRÊS MIL E TREZENTAS VEZES menor que os R$ 1,716 bilhão entregues aos partidos políticos este ano, para financiar as campanhas eleitorais (fonte).

Quinhentos e vinte mil reais são, aproximadamente, UM QUARTO do custo anual de UM deputado federal (fonte).

Quinhentos e vinte mil reais são, aproximadamente, UM TERÇO do que o Governo Federal gasta em publicidade POR DIA somente na TV Globo (sim, nós pagamos mais de um milhão e meio por dia à emissora) (fonte).

Quinhentos e vinte mil reais são um valor similar ao patrocínio dado pela União em 2013 a CADA UM dos "blogs sujos", verdadeiras assessorias de imprensa do Partido dos Trabalhadores, então no poder (Brasil247, Conversa Afiada, Jornal GGN, Carta Maior e Opera Mundi) (fonte).

Entendamos de uma vez por todas: temos que rever o uso de cada centavo de nossos impostos. Vamos cobrar este compromisso dos sorridentes políticos que estão por aí pedindo nossos votos?

PCFilho

2 comentários:

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