O Fluminense anunciou hoje a contratação do meia Paulo Henrique Ganso. Se vai dar certo, não temos como saber: devemos desconfiar de todos os que dizem conhecer uma nesga que seja do futuro, para o bem ou para o mal. Mas se me perguntarem se foi um acerto trazê-lo, respondo que sim, sem pestanejar.
Revelado pelo Santos em 2008, Ganso conquistou com a camisa do Peixe o tricampeonato paulista (2010, 2011 e 2012), uma Copa do Brasil (2010), uma Copa Libertadores (2012) e uma Recopa Sul-Americana (2012). Negociado com o São Paulo em 2012, foi campeão da Copa Sul-Americana. Esperneiem o quanto quiserem, mas é um currículo que fala por si.
O Santos de 2010, em que ele era peça fundamental, foi provavelmente o melhor time brasileiro deste século: uma encantadora máquina de fazer gols e moer adversários, cuja principal engrenagem era Paulo Henrique Ganso. Eu defendi aqui a convocação dele e de seu colega Neymar para a Copa do Mundo da África do Sul - e tenho ainda hoje a desconfiança de que a Seleção teria levantado o caneco se Dunga fosse menos teimoso e tivesse se rendido àqueles jovens irresistíveis, que não teriam respeito algum pelos holandeses ou mesmo pelos espanhóis.
Ganso é criticado por ser "lento" e não jogar na velocidade do "futebol moderno". E de fato, Ganso não é um desses velocistas de desenho animado. Cadencia mesmo o jogo. E eu não vejo problema algum nisso. Se os treinadores europeus não conseguem adequar seus times para acomodar o monumental talento de Ganso, o problema é deles, não dele.
Disse e repito: o problema é deles, não dele. Ganso nos oferece outro tipo de velocidade: a agilidade cerebral, a capacidade de antever o que companheiros e adversários farão. E esta, amigos, é uma habilidade raríssima, que pode acrescentar qualidade a qualquer time de futebol na Terra.
Tenho certeza que alguns dos "professores" do futebol moderno torceriam seus narizes para Didi, para Garrincha e para Gérson. Reclamariam da "lentidão" dos três gênios, como reclamam de Ganso. E desperdiçariam três dos maiores talentos que os gramados do planeta já viram em todos os tempos.
Minha aposta é que vai dar certo. Os tricolores, que andam sofridos com os times medíocres recentes, já têm um brilho no olhar que há muito tempo não se via. Ganso é a personificação da esperança de retorno aos dias de glória, a que sempre estivemos acostumados, desde 1902.
Seja bem-vindo, Paulo Henrique Ganso! Acredite: você está no lugar certo para fazer história.
PCFilho