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quinta-feira, 17 de março de 2022

O Fluminense e a Copa Libertadores



O relacionamento conturbado entre o Fluminense e a Copa Libertadores não é nada fácil de entender – é uma história que já está entre as mais loucas da história de todos os esportes.

Começou em 1971. O Fluminense vinha de conquistar o maior Campeonato Brasileiro de todos os tempos. Iniciou a campanha da Copa Libertadores com quatro vitórias avassaladoras, uma sobre o Palmeiras, três sobre os venezuelanos da chave. Faltava um único e escasso pontinho para garantir a vaga nas semifinais, mas o Tricolor conseguiu o mais difícil: perdeu para o Deportivo Itália em pleno Maracanã (após ter vencido o mesmo adversário por 6 a 0 na Venezuela) e depois perdeu novamente para o Palmeiras, entregando a vaga ao rival paulista.

Em 1985, novamente o Fluminense tinha um timaço, era o campeão brasileiro e o favorito do grupo, mas se enrolou e deixou os dois argentinos da chave – clubes que não são considerados grandes por lá – se classificarem (um deles, o Argentinos Juniors, conquistaria o título daquela Libertadores).

2008 dispensa comentários – aquela campanha mágica que terminou da maneira mais trágica possível. Aquele time goleou o Arsenal de Sarandí, então campeão da Copa Sul-Americana, por 6 a 0. Nas oitavas-de-final, eliminou o Atlético Nacional da Colômbia com duas vitórias. Nas quartas, venceu o São Paulo de Muricy, único tricampeão brasileiro de todos os tempos. Nas semifinais, derrotou o melhor Boca Juniors da história, pondo fim à hegemonia do clube argentino naquela década. Na final, após 45 minutos de desastre na altitude, o Fluminense protagonizou a maior reação de uma final de Libertadores, para tudo terminar nos malditos pênaltis, com a LDU sendo a pior campeã da história, tendo apenas 5 vitórias em 14 jogos (vide figura abaixo, com os aproveitamentos de todos os campeões).

Entre 2011 e 2013, mais uma vez com um senhor timaço, o Fluminense dominava o futebol brasileiro, mas na Libertadores não conseguia nada – eliminações para o Libertad em 2011, para um Boca Juniors turbinado pela arbitragem em 2012, e para o Olimpia em 2013. Todos os três, times que não tinham a menor condição de fazer frente ao esquadrão que fazia chover nos gramados tupiniquins.

Em 2021, o Fluminense retornou à competição. Voltou às quartas-de-final. O adversário era o Barcelona de Guayaquil, notoriamente mais fraco. Mas vieram dois empates e a eliminação nos gols fora de casa – um critério bizarro que, semanas depois, a Conmebol decidiu abolir de suas competições. Que timing. (No returno do Brasileirão, o Fluminense venceu tanto o Flamengo, que seria o adversário na semifinal, quanto o Palmeiras, que seria o oponente na final...)

Para a Libertadores de 2022, o Fluminense estava se classificando para a fase de grupos, obtendo a última vaga do Campeonato Brasileiro. Mas é claro que não seria tão fácil: o Bragantino, com as asas da patrocinadora, marcou um gol no último minuto de seu último jogo e mandou o Fluminense para as fases preliminares. No sorteio, nos tocou a chave com Millonarios e depois Olimpia – que viria a nos eliminar novamente, na maldita disputa de pênaltis, na já inesquecível noite de ontem.

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O último jogo do Fluminense com torcida no Maracanã na Libertadores foi em 2 de julho de 2008. Parece que tem uma coisa, um encosto, um sete-pele impedindo o reencontro depois daquela noite. Coisa de doido.

Entre 2011 e 2013, o Maracanã estava em reformas para a Copa do Mundo. Em 2021, o Fluminense pôde jogar lá, mas sem torcida, devido à pandemia. Em 2022, o reencontro parecia inevitável, mas a troca do gramado nos forçou a jogar as fases preliminares em São Januário e Engenhão. E a loucura de ontem nos tirou da fase de grupos.

A noite de 2 de julho de 2008 não terminará jamais?

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Para vocês examinarem a loucura dessa relação entre Fluminense e Libertadores: nos confrontos contra times brasileiros, argentinos e colombianos em mata-mata, só tivemos UMA eliminação (para o Boca Juniors em 2012). Em 2008, passamos por Atlético Nacional, São Paulo e Boca Juniors. Em 2012, tiramos o Internacional. Em 2022, eliminamos o Millonarios. 

Contra times de Paraguai e Equador, países com muito menos expressão no futebol, já são cinco eliminações (LDU em 2008, Libertad em 2011, Olimpia em 2013, Barcelona de Guayaquil em 2021 e Olimpia em 2022). Como explicar essa loucura?

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Podemos discutir falhas táticas ou individuais, mas para mim o maior erro é estratégico. É enfrentar Olimpias e Barcelonas como se fossem jogos de igual para igual.

Não são. Contra times com uma fração do seu orçamento, o Fluminense tem que passar o trator, deveria vencer aqui e lá sem deixar margem para dúvidas.

Não é falta de respeito, mas sim constatação da realidade. O time do Olimpia é medíocre e dificilmente conseguiria escapar do rebaixamento no Brasileirão.

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"Começo minha crônica anunciando logo: o Fluminense nunca vencerá a Copa Libertadores da América. É isso mesmo: o Fluminense nunca vencerá a Copa Libertadores da América."

Iniciei meu texto de 30 de maio de 2013 com as palavras acima. Convenhamos, com o histórico que descrevi acima, parece mesmo uma conclusão razoável.

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Por quê?

PCFilho

2 comentários:

  1. Impressionante como o Fluminense não sabe lidar com vantagem. Em três duelos de Libertadores, saímos do primeiro jogo com dois gols de vantagem. Em dois fomos eliminados...
    Libertad 2011 ❌
    Cerro Porteño 2021 ✅
    Olimpia 2022 ❌

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    Respostas
    1. Acreditem: nosso retrospecto é melhor quando PERDEMOS o primeiro jogo:
      São Paulo 2008 ✅
      LDU 2008 ❌
      Boca Juniors 2012 ❌
      Emelec 2013 ✅

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