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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A vitória da Camisa

Foto: Pedro H. Tesch/getty. 

Amigos, nós estamos na final da Copa Libertadores. Em uma partida dramática, o Fluminense, que perdia por 1 a 0 no Beira-Rio, conseguiu virar para 2 a 1 no finalzinho e vai à decisão continental, quinze anos depois de 2008. O sonho de conquistar a América continua.

E convenhamos, a classificação do Fluminense é para lá de merecida. Apesar de o Carrossel Tricolor não ter feito suas melhores exibições contra o Internacional, é um time mais técnico, mais aguerrido e mais valente que o adversário. A verdade é que fomos assaltados no primeiro jogo, no Maracanã, com a injustificável expulsão de Samuel Xavier, e isso mudou todo o panorama do duelo. Para piorar o que já estava ruim, começamos o jogo do Beira-Rio sofrendo um gol acidental, uma obra do demônio, um lance tão surreal que Nelson Rodrigues atribuiria ao Sobrenatural de Almeida. A partir dali, precisaríamos marcar dois gols, na casa lotada do adversário: era a prova de fogo definitiva.

Mas quem espera sempre alcança, amigos. Quem espera sempre alcança! A torcida do Fluminense não desiste nunca. Já nos minutos derradeiros, John Kennedy e Germán Cano fizeram aqueles que seriam os gols da classificação. No primeiro, passe de Cano e gol de Kennedy; no segundo, passe de Kennedy e gol de Cano: dois lances épicos que estarão para sempre nos almanaques e nas enciclopédias tricolores. Era a virada, a doce e santa virada tricolor em Porto Alegre.

Mas foi engraçado: nós estamos há semanas ouvindo que "o Fluminense não tem camisa". E que ironia, amigos, que ironia: no fim, foi justamente a Camisa que ganhou a semifinal. Quando o Internacional vencia por 1 a 0, teve três chances claras e cristalinas de liquidar o confronto, três oportunidades obscenas de gol. O bravo atacante colorado tinha a faca e o queijo na mão, por três vezes, e em todas elas parou diante da Camisa.

No fim, já após a virada, o Internacional ainda teve sua chance final, em uma cabeçada com endereço certo. Mas lá estava o monumental Fábio, que o Fluminense resgatou da aposentadoria, para fazer um milagre e garantir a vitória. Lá estava também a Camisa, a intransponível Camisa.

Reparem que escrevo Camisa com C maiúsculo. O manto do Fluminense merece essa distinção. Não é qualquer uniforme, amigos. A Camisa é pesada, a mais pesada do país. Lorpas e pascácios podem menosprezá-la o quanto quiserem, que ela continua inexpugnável. Não foi à toa que inventamos o futebol brasileiro como ele é, não foi à toa que fundamos a própria Seleção Brasileira em nosso solo sagrado. Clube com mais história sabemos que não há.

Coçando sua longa barba branca, fitando as faixas de velhos triunfos penduradas nas úmidas paredes da caverna que habita, o Profeta repete seu vaticínio: "o Fluminense será campeão, o Fluminense será campeão!". Quem viver verá.

PCFilho

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