segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Clássico no Engenhão

A rodada foi recheada de bons jogos. Destaco a dramática e suada vitória flamenga no Maracanã, com direito a gol aos 44 do segundo tempo. Um triunfo assim conquistado é saboreado pelos torcedores como um delecioso chicabon! E o rubro-negro permanece no grupo dos quatro primeiros, perseguido de perto pelo pentacampeão São Paulo.

Porém, é óbvio que o grande jogo da rodada foi o clássico do Engenhão. Não haveria como não sê-lo! Cheguei há pouco do Estádio Olímpico, e já vocifero: que idéia estapafúrdia a da diretoria alvinegra, a de mandar os clássicos na acanhada arena. É como se o Vasco resolvesse fazer seus clássicos em São Januário, ou o Corinthians no Parque São Jorge. O estádio é bonito, moderno e confortável, mas não foi construído para receber duas torcidas. Houve confusão antes e depois do jogo, fato devido à impossibilidade de separação dos torcedores das agremiações rivais. Pior ainda foi a idéia de confinar a torcida pó-de-arroz ao minúsculo setor sul do estádio. Os 8.500 tricolores que se fizeram presentes tiveram que assistir ao jogo espremidos, de forma desconfortável, enquanto os 4.000 alvinegros se espalhavam confortavelmente pelos outros setores.

Sobre o jogo em si, ele teve um grande personagem, de nome Péricles Bassouls. Um sujeito com um nome tão antiquado, tão impronunciável, já começa mal na vida. Imaginem se Napoleão Bonaparte se chamasse Péricles Bassouls! Ele teria sido, de antemão, muito menos napoleônico do que realmente foi! Dessa forma, um sujeito com tal nome precisa ser muito bom no que faz para ganhar algum destaque. Ou muito ruim.

A expulsão de Thiago Silva foi um escândalo. O melhor zagueiro do Brasil sequer fez falta em Carlos Alberto. E, se houvesse acontecido a falta, ela seria para cartão amarelo, não vermelho. O Tricolor já perdia por 1 a 0, e a expulsão só complicou as coisas para o lado de Álvaro Chaves. Porém, o dono do apito queria mais. Talvez impulsionado por um feérico ódio ao Fluminense, deixou de marcar três - eu disse três! - pênaltis claros, cristalinos, insofismáveis! O juiz ladrão, clássico personagem do futebol brasileiro, tem aparecido em quase todos os jogos do Tricolor. Semana passada, foi o tal de Macedo no Maracanã. Ontem, foi o tal de Péricles no Engenhão.

Com um gol a menos no placar, e um homem a menos no campo (dois, se contarmos o décimo-segundo jogador alvinegro), o que se poderia esperar do Fluminense, lanterna do campeonato? Nada!, responderiam imediata e estupidamente os idiotas da objetividade. Mais luta!, respondo eu, na minha condição de pó-de-arroz nato, confesso e hereditário. Amigos, eis a verdade: o Tricolor nunca deixa de lutar. Foi essa característica de nossa alma que nos permitiu sair da Terceirona para o topo da América em nove anos. Foi essa característica de nossa alma que nos deu os campeonatos de 76, 83, 84, 95 e 2005. É essa característica de nossa alma que nos livrará do inferno atual. Nunca deixamos de lutar! Essa característica de nossa alma explica o milagre do empate: Edcarlos, no apagar das luzes, empurrou a bola para as redes do uruguaio Castillo.

Assim foi o Fluminense x Botafogo de ontem, visto do minúsculo setor sul do acanhado Estádio Olímpico João Havelange: um jogo que consagrou o nada napoleônico Péricles Bassouls como juiz ladrão.

domingo, 21 de setembro de 2008

Fluminense 2 x 3 Coritiba

Amigos, eis a verdade cruel: esse fim de semana revelou mais uma rodada indecente dos clubes cariocas. Botafogo, Vasco e Fluminense perderam. O Flamengo venceu por 1 a 0, só 1 a 0, em pleno Maracanã, o fraquíssimo quadro do Ipatinga. Diante de tanta mediocridade, escolho o jogo do Fluminense para comentar. Não o faço porque sou tricolor nato, confesso e hereditário, mas sim porque foi o confronto com mais personagens interessantes.

Comecemos pelo juiz. Amigos, o que seria do futebol sem o juiz ladrão? Por vezes, ele salva um espetáculo que, sem ele, não teria graça alguma! O senhor Jailson Macedo Freitas, por exemplo. Com três minutos de jogo, deixou de marcar um pênalti claro, escandaloso, insofismável em Washington! Que graça teria o jogo se ele tivesse cumprido sua obrigação? O pó-de-arroz sairia na frente, e provavelmente venceria o jogo com tranqüilidade. Ao não marcar a falta clara, o juiz ladrão salvou a peleja!

O Coritiba abriu o placar alguns minutos depois, e o Fluminense virou para 2 a 1 ainda no primeiro tempo. O já citado Washington, autor dos dois tentos, é outro grande personagem do jogo. Os tricolores mais antigos se lembram de Waldo ao vê-lo em ação. Perde gols aos borbotões, mas sempre estufa as redes adversárias. E porque o fez duas vezes ontem, merece ser citado aqui. Devo ressaltar que o primeiro tento, por cobertura, foi uma obra de arte, que deveria estar exposta no Louvre!

Na volta do intervalo, o moderno placar eletrônico do Maracanã anunciava: Fluminense 2, Coritiba 1. Meu primeiro personagem, ao ver isso, logo pensou: "o jogo ficará sem graça, preciso consertar isso". Foi o que ele fez no lance do gol de empate do Coritiba: novamente, corrigiu o rumo do jogo. Um jogador pó-de-arroz foi escandalosamente empurrado, mas o juiz ladrão mandou o jogo seguir! Na seqüência, os paranaenses empataram, para plena satisfação do senhor Macedo.

Aos vinte e sete da segunda etapa, aconteceu o grande lance. A essa altura, Washington e o ladrão Macedo já haviam cumprido seus papéis. Restavam os dois outros personagens: o tricolor Tartá e o coxa-branca Keirrison. O segundo já havia começado a cumprir seu destino, ao marcar o gol de empate. O primeiro vinha tendo atuação discreta. Eis que o grande lance une os dois jogadores. Tartá fez uma lambança que me lembrou uma criança desajeitada saboreando um chicabon. Pressionado, deu um passe milimétrico para Keirrison. Nem mesmo um companheiro de equipe conseguiria dar a bola tão limpa, tão perfeita. O jovem do Coritiba apareceu na cara do arqueiro tricolor, e aproveitou para liquidar o Fluminense.

Uma amiga tricolor, o olho rútilo e o lábio trêmulo, definiu bem o fatídico lance: foi um semi-gol-contra! - exclamou ela. Por ter feito um semi-gol-contra, Tartá merece estar aqui. E por ter estufado duas vezes a rede tricolor, provando mais uma vez seu valor, Keirrison também merece cartaz.

Macedo - o juiz ladrão, Washington, Keirrison e Tartá - eis os grandes personagens do jogo de sábado no Maracanã.

PC

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Desculpas

Antes de mais nada gostaria de pedir desculpas aos nossos sete leitores pelo longo tempo ausente. Meu último texto para o blog nem aparece mais na lista das publicações recentes. Lamentável!
Durante esse hiato, estive às voltas com outro tipo de texto, não tão agradável quanto as linhas produzidas aqui, mas de grande importância para o meu futuro. Era o texto do meu Projeto Final de Curso. Foi esta a tarefa que consumiu todo o meu tempo livre nos últimos meses, mas principalmente nas últimas cinco semanas.
Muito desagradável, escrever sob pressão. Prazo expirando, inúmeras coisas sendo feitas ao mesmo tempo, não houve um mínimo intervalo para deixar a mente fluir livre em pensamentos divergentes. Foco total.
Mas, devido à urgência, precisei fazê-lo. A corda estava apertando ao redor do meu pescoço. Os ovos estavam frigindo, as luzes se apagando. Várias outras metáforas indicativas da proximidade do “fim” estavam sendo proferidas pelos ventos soprados dos quatro cantos da Ilha do Fundão.
Não gostei muito de produzir um texto puramente técnico. Muito impessoal, sem vida e sem alma. Infelizmente é o mais próximo que a maioria dos engenheiros consegue chegar da produção literária. Talvez por isso carreguem a fama de escreverem mal. São todos robotizados, treinados em escrever exatamente o que viram, fizeram, estudaram. Idéias precisam ser medidas, calculadas e provadas. Objetividade! Nada de metáforas, pleonasmos ou eufemismos. A verdade, nua e crua, e nada mais.
Espero que, após caminhar pelo árido e estéril deserto da técnica, eu consiga, pelo menos, voltar à produção habitual de textos para postar neste recinto virtual, pois acompanhar meu nobre colega Paulo Cezar ficará difícil, já que seus neurônios sempre encontravam um tempo para gerar material para este blog (um tanto tendencioso, é verdade). (Brincadeira).
Para encerrar, gostaria de ressaltar que agora nós demos um passo significativo rumo ao real título de “Jornalheiro”. Para ser mais exato, 50% (ainda não me livrei completamente dessa precisão matemática). Agora nos tornamos Engenheiros. Só nos falta ser Jornalistas.

by rafs

domingo, 14 de setembro de 2008

Todos derrotados II

Faz pouco tempo que escrevi aqui que os quatro times do Rio haviam sido derrotados na rodada. Os resultados reais haviam sido empates, que nada mais são que derrotas duplas e recíprocas.

Porém, amigos, hoje foi pior! Disse pior e já amplio: bem pior! Os quatro cariocas foram derrotados, e dessa vez derrotados mesmo! O Flamengo foi a São Paulo, menosprezando o atual bi-campeão, achando que teria vida fácil no Morumbi. Claro que era uma impressão equivocada. O rubro-negro perdeu de dois, e poderia ter perdido de mais, não fossem as salvadoras intervenções de Bruno. O Fluminense foi a Santos e, mais uma vez, não chegou a ser nem uma caricatura do time que brilhou na Libertadores. Resultado: 2 a 1 para os santistas. Piores ainda foram os resultados de Botafogo e Vasco. Jogando em pleno Rio de Janeiro, ambos perderam. No Engenhão, festa gaúcha: 2 a 1. Em São Januário, festa pernambucana: Náutico 3 a 1.

Com as quatro derrotas, os quadros do Rio despencam na tabela. Na parte de cima, Botafogo e Flamengo vão dando adeus ao título, e talvez até à vaga na Libertadores. Tenho cá para mim que Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e São Paulo beliscarão o passaporte para a América. Na parte de baixo, Vasco e Fluminense se aproximam perigosamente da Segundona. Eu, na minha condição de pó-de-arroz nato, confesso e hereditário, acredito que escaparemos da degola. Mas o sinal amarelo de alerta está aceso em Álvaro Chaves.

Enquanto isso, na Europa, mais especificamente na Alemanha, o ex-tricolor Thiago Neves estreou bem, tendo participação fundamental na vitória do seu Hamburgo sobre o Bayer. Nós, no Laranjal, já sentimos saudades...

PC

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Brasil 0 x 0 Bolívia

Quando dois times empatam, devemos reconhecer: ambos perderam. É uma derrota recíproca e humilhante. O próprio público sai enfurecido e com razão: pagou para ver alguém vencer e alguém perder. Em futebol, qualquer resultado é bom, menos o empate. O empate deprime e desmoraliza os jogadores, o juiz, os bandeirinhas e o público. Convenhamos: só pode ser trágico um sentimento assim universal de frustração. Por exemplo: o jogo desta quarta, no Engenhão, entre Brasil e Bolívia. Houve um empate, e o placar agrava a situação: 0 x 0! Quando a partida terminou, com o placar rigorosamente virgem, experimentei a seguinte sensação: a de que tudo ia começar de novo. De fato, uma peleja sem gol não existe, não chegou a existir. Eu julgaria procedente uma ação em que os espectadores exigissem seu dinheiro de volta. No futebol, o empate significa a derrota dos 22 jogadores. Considero nítida e insofismavelmente derrotados o Brasil e a Bolívia. Como explicar tamanho fracasso?

Desculpem-me a repetição quase idêntica do primeiro parágrafo da última crônica. Pedi desculpas, mas já me retifico: quem deve pedir desculpas são os jogadores do escrete e da Bolívia. As equipes repetiram os erros que Fluminense e Grêmio cometeram no sábado. Parece que não leram a minha crônica! Será?

Há quem diga que faltou sorte à seleção de Dunga. Estão certos, realmente faltou sorte. Sem sorte, um sujeito não consegue nem chupar um chicabon, sob pena de acabar engolindo o palito do picolé. Mas não faltou apenas sorte. Faltou competência.

Nossos vizinhos que me perdoem, mas o escrete não pode empatar, em pleno Rio de Janeiro, com a Bolívia. Qualquer combinado de onze jogadores nacionais é obrigado a derrotar qualquer combinado verde-amarelo-e-vermelho. Mesmo que eu esteja jogando. Em La Paz, há a desculpa da altitude, mas aqui no Rio, não. A vitória é obrigação. E não importa a vitória sobre o Chile (3 x 0 no domingo). A obrigação de vencer no Estádio Olímpico João Havelange não deixou de existir após o triunfo de Santiago.

Há um agravante no jogo de ontem. Não consigo imaginar a dor no coração de quem estava presente no Engenhão. Após assistir a um 0 x 0 - o pior dos resultados! o pior! -, após pagar por um ingresso inflacionado (havia setores a 200 reais!), tendo que voltar meia-noite para casa! O mínimo que os dirigentes da CBF deveriam fazer é devolver o valor do ingresso! O preço abusivo dos ingressos refletiu-se nas arquibancadas do estádio: vazias como nunca se viu em um jogo da seleção! E os botafoguenses são obrigados a ouvir a piada cruel: nem em jogos do escrete o seu estádio enche! Que maldição!

Até a próxima!
PC

domingo, 7 de setembro de 2008

Fluminense 0 x 0 Grêmio

Quando dois times empatam, devemos reconhecer: ambos perderam. É uma derrota recíproca e humilhante. O próprio público sai enfurecido e com razão: pagou para ver alguém vencer e alguém perder. Em futebol, qualquer resultado é bom, menos o empate. O empate deprime e desmoraliza os jogadores, o juiz, os bandeirinhas e o público. Convenhamos: só pode ser trágico um sentimento assim universal de frustração. Por exemplo: o jogo deste sábado, no Maracanã, entre Fluminense e Grêmio. Houve um empate, e o placar agrava a situação: 0 x 0! Quando a partida terminou, com o placar rigorosamente virgem, experimentei a seguinte sensação: a de que tudo ia começar de novo. De fato, uma peleja sem gol não existe, não chegou a existir. Eu julgaria procedente uma ação em que os espectadores exigissem seu dinheiro de volta. No futebol, o empate significa a derrota dos 22 jogadores. Considero nítida e insofismavelmente derrotados o Fluminense e o Grêmio. Como explicar tamanho fracasso?

Começo examinando o líder: por que os gaúchos empataram, ou melhor, perderam? Respondo: o líder é fraco. O time é limitado, e o técnico é covarde. Vieram ao Rio para empatar. OK, o Fluminense no Maracanã não é brincadeira. Na Libertadores, foram sete jogos e sete inquestionáveis vitórias. Mas isso não justifica uma postura tão retrancada, tão indigna de um líder do campeonato mais difícil do mundo. Já começo a questionar se o campeonato é mesmo tão difícil assim, pois o que vejo nos gramados brasileiros após as transferências do meio do ano é deprimente.

E por que empatou o meu Fluminense? Ou melhor, por que o meu Tricolor perdeu? Mesmo sem o brilhante Thiago Neves e os bons Cícero, Dodô e Gabriel, o time ainda é forte, ainda cria jogadas. Nesse sábado, foram duas as chances claras criadas. Por duas vezes, de frente para o arco vazio, com o goleiro Victor batido, com a bola nos pés, Washington errou. Todos vociferamos, "é o pior do mundo! o pior!". Injustiça, afinal ele já nos salvou muitas vezes nesse ano de 2008. Mas hoje foi mal. E ainda coroou a partida com uma agressão ao arqueiro gremista, sendo devidamente expulso por isso. Foi por causa da patética atuação do centro-avante que o Pó-de-arroz empatou. Ou melhor, perdeu.

PC, com boas doses de Nelson Rodrigues (1912-1980), cujas crônicas esportivas mantêm uma atualidade tão impressionante que chegam a retratar melhor os jogos de hoje que as crônicas atuais. Alguns trechos do texto de hoje (os melhores trechos, claro) foram adaptados de crônicas escritas por ele entre 1955 e 1959, na extinta revista Manchete Esportiva.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O maior Fla-Flu

Ontem, o Maracanã presenciou o maior Fla-Flu do ano. Afinal, foi o único clássico em que as duas equipes escalaram seus quadros titulares. E foi um grande jogo, à altura dos Fla-Flus da época de Nelson Rodrigues.

A peleja começou movimentada, com chances dos dois lados. Até que Conca, em um balaço de fora da área, acertou o ângulo do goleiro rubro-negro: 1 a 0 para o Tricolor. Devo registrar que foi um golaço, que deveria ser imediatamente guardado em um museu de relíquias. O gol obrigou a equipe da Gávea a sair para o jogo, abrindo-se para os contra-ataques tricolores. Em um deles, Washington perdeu um gol feito, desses que não se pode perder em um clássico. O troco veio quase imediatamente. Após uma profusão de chutes contra a meta de Fernando Henrique (todos defendidos), o juiz validou o tento do Flamengo, alegando que em um dos chutes o arqueiro pó-de-arroz retirou a bola de dentro do gol. Confesso que não sei até agora se a pelota entrou ou não. Pouco importa, o escore estava empatado.

Após a volta do intervalo, o Clássico das Multidões continuou eletrizante. As duas equipes se jogavam para o ataque, buscando o gol de desempate. Aqui cabe falar sobre as torcidas: eu jamais havia presenciado um Fla-Flu com tamanha diferença numérica entre as torcidas. Dos pouco mais de 60 mil presentes no Maracanã, pelo menos 50 mil vestiam preto e vermelho. Cabe ressaltar que os 10 mil tricolores presentes se fizeram ouvir, tanto quanto ou até mais que a maioria flamenga.

Eis que, em um dado momento do segundo tempo, a multidão rubro-negra cometeu o grave erro. Ecoou no cimento sagrado do Maior do Mundo o grito imortal: "Timinho! Timinho! Timinho!". Eles estão certos, essa é a mais pura verdade: o Fluminense é mesmo um Timinho! O Pó-de-Arroz sempre foi chamado de Timinho. Mas, quando a verdade nos é dita, na cara, como foi ontem, nós adquirimos um poder mágico. Digo "nós" porque o grito de Timinho mexe com todos no Fluminense: instituição, jogadores, torcedores vivos e mortos. Ia dizendo que adquirimos um poder mágico quando ouvimos a verdade, e já explico: ouvir a verdade nos dá o poder de transformá-la em mentira. O Timinho se agiganta! Deixa de ser Timinho! Ainda ecoava o grito de "Timinho" quando a bola de Maurício, em impressionante curva, caiu no ângulo do goleiro Bruno. O quadro de Álvaro Chaves fez 2 a 1 e deixou de ser Timinho!

Porém, clássico é clássico, e não acaba enquanto não terminar. No apagar das luzes, Kleberson - ironia do destino, justo ele que seria substituído - empatou para o Flamengo. 2 a 2. Assim terminou o maior Fla-Flu do ano.

Na minha volta para casa, um rubro-negro, com o olho rútilo e o lábio trêmulo, me pergunta: "por que nossa camisa e nossa torcida, que vencem a todos os outros, não funcionam contra vocês?". Após segundos de reflexão, respondo: "porque o Fluminense é um Timinho, mas mesmo assim é maior que tudo, é maior que todos!".