Fluminense 1, Botafogo 0

(foto: Terra)

Amigos, recomeçou a caminhada pó-de-arroz rumo ao tricampeonato brasileiro. O Fluminense foi mais uma vez sólido e compacto, e venceu da melhor forma possível: 1 a 0, com o gol nos instantes derradeiros. Prefiro o triunfo magro: ganhar de 1 a 0 é muito melhor que golear. Repito minha argumentação de sempre: as goleadas escondem os defeitos da equipe, ao passo que a vitória apertada escancara os erros do time. Perceber os erros é essencial para melhorar.

O Botafogo teve o primeiro grande lance: o chute de Lúcio Flávio raspou a trave direita do arqueiro tricolor Ricardo Berna. Mas logo o Fluminense respondeu: Thiago Neves enfiou bola na medida para Carlos Eduardo, mas ele chutou em cima do goleiro alvinegro Renan. O toma-lá-dá-cá continuou: Alessandro cruzou da direita e Juninho quase marcou, de cabeça. Pouco depois, Fred ajeitou e Conca bateu de fora: mais uma defesa de Renan. Vez do Botafogo: Victor Simões chutou por cima. Vez do Fluminense: chute de longe, mas a bola passou à direita da meta, saindo pela linha de fundo. Eis o resumo do primeiro tempo.

Mas o lá-e-cá continuou no segundo tempo. O botafoguense Tony, com menos de 2 minutos, chutou cruzado e quase abriu o placar. Aos 9, Fred passa para Thiago Neves, que invade a área livre pela esquerda. Mas o craque da camisa 10, que não estava no seu melhor dia, chutou em cima de Renan, que espalmou para escanteio. Aos 14, vez do Botafogo: Lúcio Flávio achou Victor Simões, que bateu cruzado, mas ninguém completou para o gol. Aos 20, vez do Fluminense: Fred chutou rasteiro de fora da área, para fora. Aos 27, vez do Botafogo: Tony recuou para Lúcio Flávio, que girou bonito e bateu de canhota, colocado, errando a meta por muito pouco.

Então vieram as mudanças que determinaram o destino do jogo: Parreira pôs Maurício e Leandro Amaral, e São Pedro mandou a chuva. Foi o suficiente para o panorama do clássico vovô mudar completamente: a partir daí, só deu Fluminense, no campo e na arquibancada. A torcida tricolor se animou com a chuva, e passou a incentivar o time com garra e ímpeto inexcedíveis. Os idiotas da objetividade continuam afirmando que torcida não ganha jogo. Pois eu continuo afirmando o contrário: ganha, sim, senhor.

No campo, aos 30 minutos Leandro Amaral passou a Maurício, que arriscou de longe, por cima. O Botafogo ainda teve uma boa jogada, mas Ricardo Berna foi arrojado na saída do gol, e afastou o perigo. Logo depois, foi a vez de Leandro Amaral chutar do meio da praça, para defesa de Renan em dois tempos.

Ah, como é bom vencer um clássico nos últimos minutos! Aos 43, quando a partida parecia caminhar para um final sem gols, aconteceu o suave milagre: Leandro Amaral lançou Fred, e este justificou sua contratação milionária: balançou as redes botafoguenses. Doce e santo golaço, doce e santo 1 a 0! Verdadeira pintura de Fred, que deu um chapeuzinho no goleiro Renan, e completou de cabeça para o gol. Um autêntico golaço que merecia ser exposto nas galerias do Louvre, em Paris. Se os franceses dispensarem a obra de arte, é porque são uns xenófobos que não entendem bulhufas de futebol. Ih, acabei de lembrar que eles - os franceses - dispensaram o Fred do Lyon. É melhor expor o golaço decisivo de Fred no MAM mesmo.

E quem foi o personagem do domingo? Pensei em eleger a torcida tricolor, pensei em eleger São Pedro, ou então o Parreira, ou o Leandro Amaral, mas não tenho escolha: Fred, o artilheiro mais aguardado que um Moisés em Álvaro Chaves, foi muito importante para o triunfo, e há de ser muito importante para a conquista do tri. Mickey (1970) e Romerito (1984) já começam a sorrir na galeria de heróis do pó-de-arroz: o Fred 2009 vem aí! E é por isso que eu elevo o camisa 9 à ilustre condição de meu personagem do domingo.

PC

(foto: Ricardo Cassiano, Lancenet)