Sport 4, Flamengo 2

Amigos, venho contando aqui nesse espaço diversas histórias de viradas extraordinárias no futebol brasileiro e mundial. Vejam só, acabou acontecendo mais uma virada ontem, no nosso Campeonato Brasileiro!

Na Ilha do Retiro, o Flamengo saiu na frente, fazendo 2 a 0 no anfitrião Sport, gols de Emerson logo nos primeiros minutos. Talvez por ainda possuir aqueles jogos históricos na memória, tive uma visão profética: "o Sport vai virar".


Sempre digo que "futebol só acaba quando termina", repetindo o velho ditado. O jogo estava só no começo, e o Sport ainda teria longos 80 minutos para fazer os três gols da virada. Portanto, leitores, não valorizem demais a minha profecia: a virada do rubro-negro pernambucano sobre o carioca era algo perfeitamente viável, e até natural, visto que o jogo se dava em Recife.

O que ninguém poderia prever era a velocidade da reação. Abro parênteses para falar da síndica do prédio onde moro: é a típica torcedora flamenguista. Se eu lhe perguntar a escalação do mais querido, ela provavelmente citará Júnior, Zico, Adílio e Adão. Ela é como mais de metade da massa rubro-negra: não acompanha futebol, e torce pelo Flamengo "porque todo mundo torce pelo Flamengo". Imaginemos então a cena patética: neste seu interesse desinteressado por futebol, ela cochila durante o jogo. Aqueles dez minutos naturais de soneca após o almoço, nada mais que isso. Eis o fator impressionante da virada do Sport: a síndica dormiria com 2 a 0, e acordaria com 4 a 2. Fechemos os parênteses.

Com quatro gols em oito minutos, o Sport virou a partida sobre o Flamengo. É a seqüência de gols mais rápida que eu já vi: Durval de cabeça, e depois Weldon três vezes (um chute, uma cabeçada e mais um chute).


Tudo se torna ainda mais impressionante quando se analisa o momento turbulento que atravessa o rubro-negro pernambucano. Após a eliminação da Libertadores, o técnico Nelsinho Baptista e o experiente Paulo Baier saíram. É bom ressaltar que o recém-contratado treinador Emerson Leão não trabalhou ainda, de modo que a reação extraordinária não teve nenhuma influência dele.

Ainda houve o segundo tempo, que só não foi mera formalidade por causa do espetacular chute de Sandro Goiano, de sua própria intermediária, pegando o goleiro Bruno adiantado. Não seria apenas o quinto tento do Sport: seria um gol antológico, épico, fantástico e inenarrável! Mas Bruno corrigiu sua falha de posicionamento com uma defesa sensacional.

Antes que eu me esqueça, o personagem do jogo foi Weldon, o autor do hat-trick da virada. Não foram apenas três gols: em todos eles, o atacante do Sport exibiu coragem e categoria inexcedíveis.

Amigos, assim foi a virada mais rápida da história do futebol. Parabéns ao Sport Club do Recife pelo feito extraordinário!

PC