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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Profeta também é eterno

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980.

Amigos, a manhã de hoje merece uma hora de silêncio. Alguém dirá que uma hora é exagero. Exagero, uma ova. Perdão: exagero, vírgula. Um minuto de silêncio seria muito pouco para reverenciar o homem que perdemos.

O Rio de Janeiro e o Brasil estão de luto. Todas as bandeiras, em todos os lugares, tremulam a meio-pau. Todo o país está vestido de preto. As mulheres derramam lágrimas inumeráveis. Os homens não conseguem imaginar os próximos Fla-Flus, sem as crônicas de Nelson Rodrigues a completá-los. Cada brasileiro sente, na carne e na alma, a dor da perda.

O futebol perde o seu maior poeta em todos os tempos. Os deuses do esporte bretão curvam-se em homenagem ao Profeta: os treze pontos da Loteria Esportiva conquistados por seu bolão hoje são a prova irrefutável e inequívoca.

"Quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas."

Todo pó-de-arroz se arrepia ao ouvir ou ler essa convocação. Ela enche nossos espíritos com o sentimento do triunfo, e assim nos empurra ao Estádio Mario Filho.

E o que dizer do simpático Gravatinha e até mesmo do nefasto Sobrenatural de Almeida? Há quem diga que são personagens fictícios, inventados por Nelson Rodrigues. Pois eu vos digo: nem mesmo a bola é mais real que eles em uma partida de futebol.

"Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão."

Com essas palavras, Nelson Rodrigues conseguiu demonstrar que torcida ganha jogo, sim. Sem precisar chutar uma bola, o Profeta esculpiu uma das mais belas obras de arte do futebol passado, presente e futuro.

"O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade. Tudo pode passar, só o Tricolor não passará jamais."

Outra belíssima demonstração: o Fluminense é eterno. Mas não só o Tricolor: o Profeta também é eterno. Nelson Rodrigues vive para sempre em nossos corações.

Encerro minha singela homenagem com os escritos da sua lápide, no Cemitério São João Batista: "Unidos para além da vida e da morte. É só.".

PC

Documentário "Óbvio Ululante", de Sérgio Sá Leitão, sobre a paixão de Nelson Rodrigues pelo Fluminense:

4 comentários:

  1. NOSSA ME ARREPIEI EMOCIONANTE ASSIM É TUDO QUE SE REFERE AO UNICO TIME TRICOLOR NO MUNDO POIS OS DEMAIS SÃO APENAS DE TRES MISERAS CORES SEM GRAÇA PARABENS PC POR TD DEDICAÇÃO A TUDO QUE SE REFERE AO FLUSÃO ST

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  2. Nelson Rodrigues não é apenas o nosso maior escritor. Nem apenas nosso maior torcedor.

    É nosso maior título.

    Por isso, há de ser diariamente saudado e comemorado.

    Viva Nelson!

    Paulo-Roberto Andel
    http://cronicasdoflu.blogspot.com

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  3. Esses vídeos com as narrações das crônicas do profeta são sempre show de bola!

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