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segunda-feira, 1 de março de 2010

Uma estrela nascente


Amigos, convido vocês a lerem minha crônica "Uma estrela nascente", publicada também no excelente blog Gol de Letras.

Nela, escrevo um pouco sobre a atuação de Wellington Silva ontem, um pouco sobre a nebulosa transferência para o Arsenal, e um pouco sobre o futuro do futebol brasileiro.

Peço que comentem como sempre, aqui no Jornalheiros ou lá no Gol de Letras. O retorno de vocês é muito importante.

Abraços,
PC

**********


Amigos, em mais um jogo da maratona contra os pequenos do Rio de Janeiro, o Fluminense obteve mais uma vitória: 5 a 1 sobre o Friburguense. O grande personagem do jogo foi o jovem Wellington Silva, de apenas dezessete anos. É ele o personagem da minha crônica de hoje.

A atuação do jovem contra a equipe serrana, sua estréia no Maracanã, foi nota dez. Infernizou a defesa do Frizão, com sua velocidade de desenho animado e seu ímpeto inexcedível. Fez o segundo gol, exibindo muita categoria para matar a pelota no peito. Deu também a assistência para o terceiro gol. Assistência é pouco: ele entregou o gol para Everton, numa bandeja de ouro. Foi mais responsável pelo tento que o próprio autor.

Olhem para Wellington Silva, examinem suas fotografias, e caiam das nuvens. Ele é, de fato, uma criança, um menino. Não pode sequer dirigir um carro! Quando vai ao cinema, pode ser barrado, pode ser expulso da sala, dependendo do filme em exibição. Mas reparem: é um craque indubitável. Se um dia Pelé encontrá-lo, poderá lhe perguntar, com a mais tenra intimidade: - "Como vai, colega?".

Wellington Silva é mais uma estrela nascente no futebol brasileiro. Faz companhia ao santista Neymar e ao vascaíno Philippe Coutinho, entre outros. Daqui a quatro anos, formarão o nosso escrete. Será uma responsabilidade e tanto: defender a Seleção em solo nacional, sessenta e quatro anos após 1950. Mas confio nesses meninos: se trata de uma geração de ouro.

Meu único temor é a lógica perversa que rege suas transferências precoces para a Europa. Um jogador de dezessete, dezoito ou vinte anos ainda está em fase de formação. Ainda pode aprimorar habilidades, ainda pode ser ensinado. Não há sequer sombra de dúvidas sobre qual é o melhor local para essas lições futebolísticas: o Brasil, obviamente. E, no entanto, Philippe Coutinho completará sua formação na Itália, Wellington Silva na Inglaterra, Neymar sabe-se lá onde. Nos resta rezar - e muito - para que o futebol dos meninos não seja descaracterizado pela brutalidade européia.

Wellington Silva começou a ser assediado aos quinze anos! Quinze! Em dezembro de 2008, ocorreu o primeiro contato com o Arsenal: uma espécie de estágio que os ingleses realizam com jovens promessas em Londres. Na ocasião, Wellington Silva marcou quatro gols contra os juvenis do Norwich. Foi o suficiente para encantar a direção dos Gunners. Ali mesmo ficou apalavrado o acordo.

Em novembro de 2009, após meses de intensas conversas com os ingleses, finalmente foi assinado o contrato com o Arsenal. Wellington Silva se apresentará em 2011, quando completar 18 anos de idade. Especula-se que o Fluminense tenha sido indenizado com cinco milhões de dólares.

Amigos, há algo de assustador nessas transferências tão precoces. Wellington Silva já é o quarto jogador tricolor negociado antes mesmo de estrear pelos profissionais do Fluminense. Antes dele, os laterais gêmeos Rafael e Fábio saíram para o Manchester United, também da Inglaterra; e o meia Maurício Alves saiu para o Villarreal, da Espanha. Nesse ritmo, daqui a pouco tempo haverá uma perversa Seleção de ex-tricolores.

O futebol brasileiro sangra na sua base. E essa hemorragia precisa parar, antes que seja tarde.

13 comentários:

  1. Deveriam proibir transferências antes de 23 anos.
    Só isso já renderia muito aos clubes.

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  2. O comentário de Alcides Antunes no globoesporte é sintomático:

    Wellington Silva já foi negociado com o Arsenal, da Inglaterra, por R$ 10 milhões. O dirigente do Flu comentou que está muito difícil manter as revelações por muito tempo no futebol brasileiro.

    - Infelizmente a situação é essa. De repente se demora mais para ir embora o clube não ia receber nada. É difícil concorrer com o euro. Gostaríamos de não vender promessa nenhuma.

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  3. Os dirigentes são iludidos pela mesma ladainha que os empresários aplicam em seus jogadores...lamentável.

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  4. Mas tem horas que eu penso, para sair sem dar nada ao clube que nem o Toró e o Juliano ou como saiu o Arouca, acho melhor vender o jogador quando ainda tem direito de fazer isso, senão times aqui de dentro e de fora vem e aliciam os jogadores.

    A unica forma de fazer é esconder os jogadores da base, mandar só os mais ou menos para as competições e segurar os melhores só para o profissional...mas sei la, não vejo nenhuma alternativa senão mudando a lei.

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  5. Só mudando a Lei. O que, inclusive, já deveria ter sido feito, não fossem interesses de gente sem compromisso com o Clube, com o futebol. Agora, se é para vender, que venda bem. Dez milhões... não é pouco? Leandro

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  6. Questão difícil. Ao meu ver, a pura e simples proibição pode ser bem efetiva, mas ela fere um princípio básico do ser humano: a liberdade. Os bons jogadores não querem jogar no Brasil, pois os melhores salários e clubes estão na Europa. É justo proibi-los disso? Um caso parecido é o dos pesquisadores brasileiros. O Estado banca toda a sua formação, assim como os clubes de futebol o fazem com os seus jogadores, mas grande parte deles sai do país para trabalhar em condições melhores. Seria justo proibi-los de emigrar? Não tenho solução, só perguntas.

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  7. Proibir as transferências é complicado, pelo que o Minoru disse: interfere na liberdade do profissional.


    Mudando de assunto...

    Sobre a foto do Wellington Silva com a camisa do Flamengo: COVARDIA da imprensa calhorda, divulgar essa foto após um momento de glória do garoto. Não caiam na pilha!

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  8. Fico imaginando se o garoto faz um gol na mulambada e a torcida começa a cantar:

    "Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão"

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  9. Quanto à questão da transferência, o grande problema é a incompetência da administração Tricolor. Para evitar a saída os dirigentes poderiam propor um contrato por desempenho com bônus avassaladores para boa performance e jogar o papo nada furado dos exemplos de jogadores que esperaram pra sair e se deram melhor que os que saíram rápido (Kaká e Robinho vs Diego). Além disso ainda tem o fato de que eles saem pra ser reservas no exterior. A idéia não é fazer o jogador ficar pra sempre no clube, mas pelo menos até uns 21 anos e render dinheiro e títulos.

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  10. Comentários no Gol de Letras:

    Lílian Alcântara disse...
    Também me assusta tais transferências. Uma vez vi uma reportagem sobre um garoto de 7 anos que foi transferido para o Real Madrid. O futebol brasileiro precisa ser otimizado utilizando estes garotos, a grana precisa começar a rolar aqui para mantê-los. Mas tenho medo que o aumento de dinheiro diminua ainda mais a essência do futebol.

    1 de março de 2010 18:56

    LC disse...
    Os Clubes precisam olhar mais a base e ter a sensibilidade de ver quem realmente tem potencial ou não. Segurar, sem mudar a Lei, é difícil. Mas se for para vender, faça que nem alguns clubes desse mesmo Brasil, venda bem. Dez milhões é muito pouco! Em breve, valerá 10 vezes mais! Leandro

    1 de março de 2010 21:50

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  11. Sobre o comentário do Minoru, concordo com o direito de escolha, só não posso concordar é que o clube invista na carreira desde a base e o jogador saia quando vai começar a render frutos. Pode sair, sim, mas apenas depois de 21 anos. São raros os casos de jogadores brasileiros que saíram cedo e se deram bem lá fora. Ou ficam na reserva, ou vão parar em times de menor expressão ou em países onde o futebol não aparece na mídia. É um assunto polêmico.

    Sobre o garoto com a camisa do rival... ainda bem que ele se recuperou a tempo!!!

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  12. Pra quem acredita em Alcides Antunes...

    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Santos/0,,MUL1512322-9874,00-GANSO+ASSINA+RENOVACAO+GANHA+AUMENTO+E+E+DO+PEIXE+ATE.html

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  13. Mais comentários no Gol de Letras:

    Eduardo Chikui disse...
    Paulo,

    Vc não inclui o Caio (Botafogo) nessa sua lista de futuros craques?

    2 de março de 2010 13:50


    Marcelo Dorneles Coelho disse...
    Excelentes observações e belo estilo rodrigueano, PC! Acredito, no entanto, que não há como evitar transferências cada vez mais prematuras da gurizada que surge para a Europa. Felizmente, os grandes clubes brasileiros revelam incessantemente novos talentos e se houver um fortalecimento econômico, podem preservá-los por duas ou três temporadas.

    2 de março de 2010 15:40


    PCFilho disse...
    Lilian e Leandro, obrigado pelos comentários!

    Eduardo, o Caio do Botafogo tem, sem dúvidas, potencial para se tornar um craque. Há diversos outros espalhados por aí. Marinho (formado no Fluminense, hoje no Internacional) é outro exemplo.

    Marcelo, obrigado pelo elogio. Assumo com muito orgulho: Nelson Rodrigues é mesmo minha maior inspiração. As crônicas dele e do irmão (Mario Filho) são mais atuais que muitos textos de hoje...

    2 de março de 2010 20:13

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