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domingo, 13 de junho de 2010

Curiosidades das Copas do Mundo

Dado o sucesso dos posts Os recordes das Copas do Mundo e Recordar é viver - França de verde e branco, resolvi juntar aqui outras curiosidades da história dos Mundiais. Este post é resultado também de alguns tópicos na comunidade do Fluminense no orkut. Agradeço pelas colaborações dos membros de lá, em especial o amigo Fernando Mello.

1930
No jogo Iugoslávia x Bolívia, na Copa de 1930, os bolivianos entraram em campo cada um com uma letra estampada no uniforme, gerando uma mensagem de onze letras para a torcida uruguaia. Qual era essa mensagem? V-I-V-A---U-R-U-G-U-A-Y, uma tentativa de ganhar a simpatia da torcida local. Conseguiram, pois os 800 presentes no Parque Central de Montevideo entraram em êxtase. Mas não adiantou nada: os iugoslavos venceram por 4 a 0.

1934
A seleção da Alemanha de 1934 foi utilizada pelo governo para fazer propaganda do nazismo. As camisas possuíam, no lado direito, uma águia com a suástica estampada no peito.

1938
No jogo Brasil 6 x 5 Polônia, a Seleção jogou pela primeira vez de azul em uma Copa do Mundo. O escrete, que na época vestia sempre branco, perdeu o sorteio do jogo com a Polônia, que também jogava de branco. E assim tivemos que improvisar, pegando emprestadas camisas azuis, num tom mais claro que o azul dos calções. Como tudo foi feito às pressas, nem mesmo o escudo da CBD foi bordado nos novos uniformes (foi a única partida de Mundiais em que a Seleção jogou sem seu escudo).
[ muita gente pensa que a estréia do uniforme azul somente se deu em 1958, na final contra a Suécia, mas não é verdade ]

1950
O jogo final, no Maracanã (Brasil 1 x 2 Uruguai), foi a última partida da Seleção com a camisa branca, em Copas do Mundo. Além do goleiro Barbosa, a camisa também foi escolhida como culpada, nessa mania do brasileiro de achar culpado pra tudo. A partir de 1954 e até hoje, a camisa titular da Seleção é a amarela, desenhada originalmente pelo gaúcho Aldyr Garcia Schlee. Curiosamente, Aldyr posteriormente se tornou torcedor declarado do Uruguai.
PS: que tal jogarmos a Copa de 2014, novamente no Brasil, de branco? Eu adoraria ver isso acontecer...

1954
Quem foi o goleiro da Seleção Brasileira nas eliminatórias para a Copa de 1954? Veludo, do Fluminense. E quem foi o goleiro da Seleção Brasileira na Copa de 1954? Castilho, também do Fluminense! No Mundial, Veludo foi seu suplente. Isso mesmo: o goleiro reserva do Tricolor era melhor que os titulares de todos os outros clubes brasileiros. Este fato era muito comentado na fase de preparação do escrete, que foi realizada em Nova Friburgo, região serrana do Rio.

1958
A Seleção não havia levado uniformes reservas para a Suécia, pois a única outra equipe amarela era a própria anfitriã, e era o costume da época que os donos da casa jogassem com o uniforme reserva. Na final, se enfrentariam exatamente Brasil e Suécia. Dois dias antes do jogo, a FIFA resolveu que em Mundiais não havia mando de campo, e então houve o sorteio para ver quem jogaria de amarelo. Deu Suécia, e a Seleção Brasileira precisou correr para comprar seu uniforme. O roupeiro Francisco de Assis encontrou as camisas azuis, sem golas brancas, e bordou todos os escudos da CBD, na véspera da final. Com medo de a mudança de uniforme surtir um efeito negativo sobre os jogadores, o chefe da delegação brasileira (Paulo Machado de Carvalho, que hoje dá nome ao Estádio do Pacaembu), tratou de acalmar os atletas: "Nós vamos vencer. Vamos jogar com a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida". Deu certo, o Brasil venceu por 5 a 2, de virada, e ganhou sua primeira Copa do Mundo.

1962
No Mundial de 1962, uma equipe sul-americana estreou vestindo camisa vermelha, e calções e meias pretos. Estranhou a combinação? O detalhe em azul-celeste nas meias denunciava: era o Uruguai, pela primeira vez vestindo sua camisa reserva numa Copa do Mundo, diante da Colômbia. O uniforme surgiu em 1932, num amistoso Uruguai x Argentina, em que ambos jogaram com camisas reservas. Depois, em 1935, o Uruguai foi campeão sul-americano vestindo vermelho em todas as partidas. Desde então, a Celeste Olímpica passou a adotar o vermelho como segundo uniforme. Voltando ao jogo de 1962, o Uruguai vermelho venceu a Colômbia por 2 a 1. Mas depois, vestindo o tradicional azul-celeste, perdeu para Iugoslávia e União Soviética, dando adeus ao sonho do tri.

1966
A Itália foi surpreendentemente eliminada ainda na primeira fase em 1966, com derrotas para União Soviética e Coréia do Norte. Alguns italianos supersticiosos puseram a culpa nos calções pretos utilizados nessas partidas.

1970
Na Copa do México, a Inglaterra se tornou a primeira seleção a vestir três camisas diferentes em um único Mundial. Na primeira fase, o English Team jogou de branco contra Romênia e Brasil. Na terceira partida, diante da Tchecoslováquia, os ingleses estrearam o uniforme todo azul-claro, idealizado pelo técnico Alf Ramsey. Acontece que, nas TVs em preto-e-branco, muito comuns na época, era impossível diferenciar a camisa azul-clara da camisa branca dos tchecoslovacos. Assim, os ingleses foram forçados a abandonar o uniforme azul-claro. Nas quartas-de-final, diante da Alemanha Ocidental, os ingleses atuaram com camisas vermelhas.

1974
A FIFA passou a obrigar a presença dos números dos jogadores também na parte da frente dos calções. Cinco seleções passaram a exibir também o logo da fabricante no lado direito das camisas: Argentina, Austrália, Escócia, Polônia e Uruguai.

1978
A Copa da Argentina foi marcada pelo frio do rigoroso inverno local. Das 16 seleções, 14 atuaram com mangas longas (as exceções foram Suécia e Escócia). Neste Mundial, o México vestiu a famosa marca norte-americana de grife Levi-Strauss. Foi a primeira e única aparição da Levi's nas Copas do Mundo.

1982
Nessa Copa, o jogador argentino Ardiles atuou com a camisa 1, mesmo sendo de linha. O goleiro Fillol era o camisa 7 da alviceleste. Explica-se: o critério adotado pelos hermanos para a numeração foi a ordem alfabética. Ardiles também ficou famoso por estrelar o filme "Fuga para a vitória", com Pelé, Bobby Moore, Michael Caine e Sylvester Stallone.

1986
As seleções da Escócia e da Inglaterra, ambas patrocinadas pela Umbro, inovaram em 1986, ao colocar os escudos de suas federações no lado direito dos calções. A moda foi pegando aos poucos, até que em 2006 todas as 32 seleções presentes passaram a adotá-la.

1990
A Costa Rica atuou contra Brasil e Suécia com uniformes listrados em preto e branco, verticalmente. Oficialmente, foi uma homenagem ao La Libertad, um dos clubes de futebol mais antigos do país, que completava 75 anos de fundação. Como o jogo contra o Brasil foi realizado em Turim, cresceu a especulação de que os costarriquenhos estavam na verdade tentando ganhar o apoio dos tifosi da Juventus, clube da cidade que também joga com listras verticais em preto e branco. No entanto, o uniforme foi mantido para a partida contra a Suécia, realizada em Gênova. Acho que foi pura coincidência.

1994
Em 94, duas camisas receberam grande destaque: a do goleiro mexicano Jorge Campos, toda colorida, e a da seleção dos Estados Unidos, toda estrelada. Outras novidades foram os calções maiores, indo até a altura dos joelhos, e os números na parte da frente das camisas.

1998
Na Copa da França, dois uniformes se destacavam sobre os outros: o do México, que trazia a imagem da Pedra do Sol Asteca; e o da Croácia, estreante em Mundiais, com grandes quadrados vermelhos e brancos (como os do brasão de sua bandeira).

2002
A equipe de Camarões tentou inovar, com as camisas sem manga. Mas a novidade foi barrada pela FIFA, e então a seleção africana resolveu utilizar camisas com mangas pretas, que de longe davam a impressão de que não existiam.

2006
A Holanda foi a campeã da inovação nos uniformes. Em cada jogo, foram bordadas nas camisas as bandeiras de cada confronto. E o uniforme reserva também foi belíssimo: branco, com uma faixa transversal nas cores da bandeira (vermelho, branco e azul).

Quem gostou desse post certamente apreciará o livro "A História das Camisas de Todos os Jogos das Copas do Mundo", obra de Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, com ilustrações de Mauricio Rito. Será que os autores da obra disponibilizariam um exemplar para sorteio entre os leitores? :)

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