O gigante Batatais

Amigos, é o que dizem: todo grande time começa com um grande goleiro.

Em 1935, o Fluminense já não conquistava o Campeonato Carioca havia 11 anos, e começou a montar o seu grande time: foi buscar os reforços em São Paulo, na Seleção Paulista que havia conquistado dois Campeonatos Brasileiros de Seleções Estaduais. O goleiro daquela seleção chamava-se Batatais.

Teve infância pobre, quando trabalhou como carpinteiro e com vidros. Quando estava empregado no Frigorífico Anglo, entrou para o time de futebol da fábrica: jogava de ponta-esquerda. Um dia, o goleiro da equipe adoeceu, e não havia substituto. Batatais foi para debaixo das traves. E de lá não saiu mais, pois descobriu sua vocação.

Em 1933, quando era o goleiro do Comercial de Ribeirão Preto, chamou a atenção da Portuguesa de Desportos. Da Lusa, transferiu-se para o Palestra Itália (atual Palmeiras), em janeiro de 1935. Seis meses depois, chegava a Laranjeiras, onde se tornaria um ídolo tricolor.

Durante os dez anos seguintes, Batatais fez história defendendo a cidadela do Fluminense. Foram cerca de trezentas partidas defendendo a camisa do clube (até hoje, este número só foi superado por três goleiros: Castilho, Félix e Paulo Victor). Batatais também chegou à Seleção Brasileira, sendo o arqueiro titular em dois jogos da Copa do Mundo de 1938 (Brasil 6 x 5 Polônia, e Brasil 4 x 2 Suécia).

De 1936 a 1941, o Fluminense conquistou cinco dos seis Campeonatos Cariocas disputados. Foi o período de maior domínio de um clube na história do certame que, na época, era o principal do país. Batatais foi o goleiro titular do Tricolor em todas estas campanhas.

O jogo mais marcante de Batatais com a camisa do Fluminense foi exatamente o que garantiu a conquista de 1941: o lendário Fla-Flu da Lagoa. Durante a partida, o arqueiro tricolor teve seu braço esmagado pelo pé do atacante rubro-negro Pirillo. Como não eram permitidas substituições, ele permaneceu em campo, apesar das terríveis dores no braço pisado (depois, descobriu-se que ele atuou com a clavícula deslocada). E, mesmo contundido, ele garantiu o título com defesas de cinema. Foi uma tarde heróica de Batatais.

Batatais à frente da equipe do Fluminense, no dia do Fla-Flu da Lagoa, em 1941.

Em 1946, Batatais encerrou sua carreira, defendendo o América. No mesmo ano, um jovem goleiro - fã de Batatais - começava a treinar no Fluminense. Seu nome era Carlos José Castilho.

Batatais faleceu jovem, aos 50 anos. Mas ainda vive em cada coração tricolor...

PC

(hoje, 20/05/2011, seria o 101º aniversário de Algisto Lorenzato, o Batatais)