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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sobre as eleições do Fluminense


Neste sábado 23, os sócios proprietários e contribuintes do Fluminense poderão votar na Assembleia Geral do clube, que decidirá o presidente e a composição do Conselho Deliberativo para o triênio 2014-2015-2016.

No modelo extremamente engessado das eleições do Fluminense, é necessário reunir 200 sócios, além do candidato a Presidente, para compor uma chapa e concorrer ao pleito. Este cenário, naturalmente, dificulta mudanças e facilita a perpetuação dos velhos nomes da política tricolor. A modificação do Estatuto, no ano passado, ao invés de democratizar o clube, engessou ainda mais o modelo, ampliando o período de tempo necessário para se candidatar à Presidência de um para cinco anos.

Somente duas chapas foram compostas: uma encabeçada pelo atual presidente Peter Siemsen, a outra pelo ex-jogador do clube Deley. Os grupos políticos dividem-se entre uma e outra chapa, da seguinte forma: com Siemsen estão Flusócio, Ideal Tricolor, Tricolor de Coração e "Esportes Olímpicos"; com Deley estão Democracia Tricolor e o grupo que apoiou Julio Bueno em 2010 (o mesmo grupo que, acreditem, apoiou Siemsen em 2007, liderado por Marcos Furtado).

Em suma, 2013 está sendo apenas mais uma etapa da eterna dança das cadeiras na política tricolor. O amigo de ontem é o inimigo de hoje, podendo voltar a ser amigo amanhã. (a quem interessar possa, desenhei aqui, em 2011, um retrospecto da dança das cadeiras). O pão-doce na vitrine da padaria continua o mesmo, só mudam as moscas que o rodeiam.

Em quem eu votaria, se fosse votar? Em nenhum dos dois, ora. Pouco importa qual chapa vencerá as eleições: o Fluminense não mudará, continuará sendo um clube administrado como um condomínio pé-de-chinelo, loteado por correligionários de campanha mamando em suas cada vez mais magras tetas. O futebol sobreviverá na elite, talvez até beliscando mais títulos, graças à torcida maravilhosa e à enxurrada de dinheiro de um patrocinador que mais parece proprietário do departamento de futebol.

A dívida total do clube segue aumentando de maneira perturbadora. Peter Siemsen recebeu em 2010 um passivo de já assustadores R$ 382 milhões, e está terminando seu primeiro mandato com mais de R$ 500 milhões. A seguir nesse ritmo, em 2016 a dívida passará dos R$ 620 milhões.

As campanhas seguem a mesma cartilha de sempre: promessas que não serão cumpridas, como já não foram, por exemplo, as de Peter Siemsen em 2010 (Cadê o saneamento financeiro? Onde está o CT? A auditoria foi realizada? O clube está menos dependente do patrocinador? Pois é...).

O ocorrido no Maracanã domingo ilustra bem o nível da política tricolor: o Presidente aparecendo no telão do estádio, no último jogo antes da eleição, apresentando como reforço do ano que vem o craque que ele mesmo vendera em 2011. Muito bonito...

Minha esperança? Reside em nós, quarenta, cinquenta, talvez sessenta tricolores, que temos a consciência de que o Fluminense caminha a passos largos para se tornar um clube médio do futebol brasileiro, enquanto duas dúzias de incompetentes enriquecem às custas de nossa paixão. Quem sabe um dia nós seremos duzentos ou mais. Em 2016, em 2019, em 2022, não sei. Só espero que ainda dê tempo.

PCFilho

13 comentários:

  1. PC,
    eu nunca pude ser sócio (por questões financeiras, não por falta de vontade) e, por isso, entendo muito pouco sobre a política interna do clube.

    Eu leio diariamente seu blog e fico muito preocupado com o futuro do clube. O que me preocupa ainda mais é (o que você tanto critica) a falta de transparência em tudo, principalmente nas contas.

    Há um tempo li uma matéria da FORBES sobre a redução da dívida do Fluminense com o Peter. De 40Mi para 3Mi. Que dívida é essa? Você saberia explicar de onde saem esses números?
    http://www.forbes.com/sites/ricardogeromel/2013/04/16/peter-siemsen-president-of-fluminense-football-club-we-will-buy-a-soccer-team-in-the-usa/

    Um grande abraço!

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  2. Eu respeito a posição do PC, mas num caso destes eu votaria na opção menos danosa já que as duas vertentes não são exatamente iguais.

    Porém, eu não declararia apoio a nenhum dos lados e manteria o sigilo do meu voto pré-eleição para não influenciar outros.

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  3. Não sou tricolor, mas (quase) sempre compartilhei as mesmas ideias politico-futebolísticas do PC, e vou meter o bedelho :P

    Acho que o caminho para a solução é planejar 5 anos e juntar os 200 sócios, começando agora, para já tentar mudar em 2019. Se 50 ou 60 já existem, então basta conseguir os 150 restantes (fácil, né?). Mas difícil é será enfrentar a Unimed. E mais difícil ainda será sobreviver sem ela...

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  4. Os 3 primeiros anos sem unimed seriam a provação, depois iria de boa.

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  5. Concordo em algumas coisas e não sabia que a dívida nesse mandato do Peter tinha aumentado tanto. Achei que ele tivesse conseguido dar uma "segurada".

    Mas tenho que discordar quando você fala do Fluminense se tornar um clube médio. O Fluminense sempre foi um gigante do futebol brasileiro e continuará sendo. Também não entendo em que a Unimed atrapalha.

    Não podemos tentar arrumar o clube , com a Unimed junto? Qual a influência da Unimed nessa dívida monstruosa? Acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Pelo contrário. A Unimed é a melhor patrocinadora do Brasil e isso causa inveja e raiva dos adversários.

    Me diga qual clube do Brasil não é falido. Todos ficam mendigando por um patrocínio pra sobreviver.

    O Flamengo tem a Globo do lado e mesmo assim é um clube falido. Fica mendigando patrocínio a cada ano, pra não quebrar de vez.

    Acho que a Unimed tem que ser vista como uma aliada e não como uma desculpa da falta de competência de nossos dirigentes.

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  6. André Gonçalves, obrigado por seu comentário. Respondê-lo me permitirá esclarecer alguns pontos.

    Quando escrevi que o Fluminense caminha para se tornar um clube médio do futebol brasileiro, escrevi com dor no coração. Eu sei que temos a vocação para ser o maior clube do Brasil (e do mundo). O problema é que não podemos achar que a vocação se cumprirá aconteça o que acontecer. Por dirigentes parecidos com os atuais, o Fluminense esteve à beira da extinção na década de 90. A "vocação para a eternidade" não pode servir de pretexto para nos acomodarmos.

    Sobre a Unimed, releia o que escrevi: eu não sou contra o patrocínio. Eu sou contra o modelo implementado, que é simplesmente a Unimed como dona do futebol. Sim, na prática é Unimed FC, não adianta negarmos. Não conheço outro patrocinador no mundo que tenha tanta interferência no time. No meu sonho, o Fluminense tem independência, caminha com as próprias pernas, com o patrocínio da Unimed, da Fiat, do McDonald's, do Greenpeace ou da Padaria da Pinheiro Machado, não importa.

    Eu também acho que a Unimed tem que ser vista como aliada. Hoje, ela não é aliada. Ela é a dona do futebol do Fluminense.

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  7. Realmente, na década de 90 tentaram destruir o Fluminense. E acho que só um clube gigante consegue ressurgir, como ressurgimos. Saímos da série C e no ano seguinte fomos um dos melhores do Brasil. Nossa camisa e nossa história pesam muito. E a Unimed na época não injetava o mesmo dinheiro de hoje. Fomos na tradição e com a força da torcida.

    Se o Fluminense não morreu em 99, temos que agradecer muito a nossa torcida. Nas arquibancadas e nos casos de Tricolores como o Celso Barros e o Parreira.

    Os dirigentes atuais podem não ser bons, mas nada se compara aos da década de 90. Tinha dirigente que queria simplesmente acabar com o futebol no clube.

    A situação agora é complicada, mas temos uma tranquilidade muito maior quando comparamos com aqueles tempos terríveis!

    Saímos da série C para o Tetra, Copa do Brasil e quase uma Libertadores, que no caso foi uma das maiores injustiças da história do futebol. Uma virada dessa não é pra qualquer clube.

    Também quero que o Fluminense possa caminhar com as próprias pernas um dia e pra que isso aconteça a torcida tem que responder novamente. Dessa vez se associando e ajudando o clube.O momento atual ainda não permite isso e temos que usar a ajuda da Unimed da melhor forma possível.

    A Unimed um dia sairá, mas temos que aproveitá-la como aliada por enquanto. Temos nossa base em Xerém, que pode render muito ainda, se for bem usada. Nenhum clube do Rio tem uma base como a nossa e estamos entre os melhores do Brasil nesse ponto. Poucos clubes revelam jogadores, como nós revelamos. Temos que construir nosso CT também e espero que esse projeto saia do papel logo!

    Eu acho que o futebol brasileiro é muito equilibrado e não vejo um clube grande sequer que não tenha sérios problemas financeiros. O Flamengo com toda ajuda da Globo e com sua tentativa de manipulação, não ganha um título de expressão desde 2009. E contou muito com a sorte também, pois foi o campeão da história dos pontos corridos com o menor número de pontos. Tiveram muita "sorte".

    Todos sabemos que existe uma tentativa da mídia de colocar Flamengo e Corinthians como os principais clubes do Brasil. Mas acho que eles não vão ter vida fácil. Basta olhar o que o Cruzeiro fez esse ano, sem o mesmo investimento desses dois clubes citados.

    A tentativa precipitada do Peter de andar com as próprias pernas é que nos colocou na briga por não rebaixamento. Foi precipitada e agora ele vai usar a Unimed como aliada para dar continuidade ao trabalho.

    No final, todos os clubes do Brasil são reféns de um patrocinador. A diferença é que uns dependem do Guaravita, outros da Caixa, que na minha opinião não deveria patrocinar clubes de futebol, e por aí vai... Acho que o Governo injeta muito dinheiro em alguns clubes de forma incorreta e acho que já virou abuso.

    Mais uma vez é a torcida que tem que "abraçar" o clube, se associando. Acho que daremos um grande salto ano que vem no número de associados, se fizermos boas campanhas. Somos o 2° do Rio em número de associados, mesmo com um ano péssimo. O Flamengo se distanciou um pouco, por causa da final da Copa do Brasil. Mas assim que chegarmos pra disputar títulos novamente, nosso número de associados vai crescer muito.

    Também questionei muito o Peter durante esses três anos e espero que ele tenha aprendido algumas lições e que evolua junto com o clube. Quero ver o tão prometido CT sair do papel. Será mais um grande salto pro clube.

    Agradeço sua resposta e é sempre bom debater com Tricolores.

    ST!

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  8. Não duvidando de você, mas li que a dívida atual está em 442 milhões. Onde você viu que ultrapassou os 500 milhões? Tem algum link ou fonte? Obrigado.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Pedro Ivo, as fontes para o cálculo da dívida do Fluminense são os balanços que o próprio clube é obrigado a publicar em seu site, na aba "Transparência".

    No balancete do 3º trimestre de 2013, o passivo circulante está em R$ 264.179.000,00. Esse valor corresponde à dívida que vence nos próximos 12 meses, ou seja, entre 01/10/2013 e 30/09/2014.

    No passivo não circulante, o valor lançado é de R$ 485.626.000,00, que corresponde à dívida que vence após 1 ano, ou seja, a partir de 01/10/2014.

    Normalmente a soma do passivo circulante com o não circulante, representa a dívida total das empresas. Entretanto, no caso específico do Fluminense, devemos subtrair a parcela referente às cotas de televisão do contrato firmado pelo período de 2014 a 2015 no montante de R$ 85.427.000,00 e as cotas de televisão do aditivo contratual firmado pelo período de 2016 a 2018 no valor de R$ 156.000.000,00, que foram registrados no balanço de 2012, tanto no Ativo como no Passivo. A soma destes dois valores é R$ R$ 241.427.000,00, podendo ser encontrada no Ativo Não Circulante deste mesmo balancete do 3º trimestre de 2013, que corresponde aos valores a serem recebidos pelo clube a partir de 01/10/2014.

    Portanto, a dívida total do clube em 30/09/2013 estaria próxima dos R$ 508 milhões:
    R$ 264.179.000,00
    + R$ 485.626.000,00
    – R$ 241.427.000,00

    Para se obter o número correto é necessário saber se dentro dos R$ 73 milhões a receber lançados no ativo circulante, constam parcelas de contrato de TV a receber de 10/2013 a 09/2014.

    No início da gestão a dívida era de R$ 382.158.000,00, conforme o balanço patrimonial de 31/12/2010, que pode ser encontrado também no site do clube.

    Espero ter esclarecido as coisas. E queria ver alguém me explicar que "saneamento financeiro" é esse que faz com que a dívida cresça tanto...

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  11. André Gonçalves, não vou continuar o debate, pois acho que já disse tudo que havia para ser dito.

    Apenas comentarei uma linha sua: "todos os clubes são reféns de um patrocinador"? Não, não são. Não de forma tão aprofundada como o Fluminense.

    O único presidente de patrocinador que você conhece é o Celso Barros. Qual é o presidente do patrocinador do São Paulo? Você não sabe. Nem do São Paulo, nem do Corinthians, nem do Flamengo, nem do Botafogo. Nesses times, eles são, de fato, patrocinadores: assinaram um contrato, e transferem para o clube o valor previsto nesse contrato.

    No Fluminense, não é assim. A Unimed dá "ao clube" a quantia que ela quiser (e na verdade o dinheiro nem passa para a conta do clube). A Unimed tem participação nos direitos econômicos dos atletas (!!!). A Unimed paga o diretor executivo de futebol do Fluminense (!!!).

    Não tenho dúvidas de que a grana da Unimed é a principal responsável pelos sucessos recentes do Fluminense em campo. Porém, vale mesmo a pena se prostituir dessa forma, em troca de glórias passageiras?

    Bom, os sócios do Fluminense já dizem "sim" a esse modelo há pelo menos 3 eleições. Então, parece que sim, o Fluminense acha que vale a pena.

    Paciência. Só que eu não sou obrigado a concordar.

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  12. Foi interessante saber que o Peter na verdade não está "saneando" dívida alguma.

    Nessas horas é que eu questiono. Será que vale a pena ter um patrocinador que coloque o dinheiro na mão desses dirigentes?

    Vejo o Deley rodeado de corruptos e o Peter mentindo para todos os Tricolores!

    Como vamos confiar milhões nas mãos dessas pessoas? Além de não investirem no futebol, teremos o dinheiro mal gasto ou desviado?

    Venderam nossa maior revelação dos últimos tempo a preço de banana.

    O menos pior no momento é a Unimed mesmo, pois nos tornamos reféns da mediocridade de nossos dirigentes.

    Flamengo tem a Globo e dinheiro do Governo. Corinthians tem a Globo, dinheiro do Governo e participações do Lula. O Atlético-MG é comandado pelo BMG, assim como o Cruzeiro.

    Óbvio que nenhum desses "patrocinadores" aparecem na mídia, até para se preservarem. E o que mais rola nesses clubes é desvio de dinheiro.

    O debate é complexo, pois entra muito a questão da honestidade dos dirigentes também. Prefiro a Unimed injetando o dinheiro diretamente no clube, do que o dinheiro passando de mão em mão, conforme sabemos que acontece em todos os outros clubes. Dinheiro sendo desviado...

    Fechando aqui. Espero um dia ver um dirigente competente e honesto, que faça o Fluminense andar com as próprias pernas. E espero que se espelhem em modelos de gestão fora do nosso país. Pois se for pra ter como espelho os clubes do Brasil, sempre anularei meu voto!!!!

    ST

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  13. http://globoesporte.globo.com/platb/olharcronicoesportivo/2013/06/24/o-endividamento-dos-principais-clubes-brasileiros/
    De acordo com esse link, empresas de consultoria avaliaram a dívida em 404,8 e 434,9 milhões em 2011 e 2012 respectivamente.
    Para chegar a esse número, eles somaram o ativo do clube à exceção do imobilizado e do intangível. Depois diminuíram do seu passivo total. Eu chequei e os resultados batem. Descobri essa matemática através desse link: http://www.bocaonews.com.br/ckfinder/userfiles/files/RELATORIO%20PLURICONSULTORIA.pdf

    Não tenho muito - quase nenhum pra dizer a verdade - conhecimento em contabilidade. Portanto não posso julgar se a conta feita por essas empresas de consultoria são as mais adequadas.
    Segundo o balancete de 2013, além da conta que você fez, os consultores diminuiriam o ativo circulante de 76.528, os depósitos judicias de 6.240 e a contribuição social a recuperar de 2.199. Esses três itens somados chegam ao valor de 84.967 que você deveria subtrair do que considerou dívida.
    No caso, teríamos 749.805 de passivo menos 326.394 de ativo circulante e as contas a serem consideradas no ativo não circulante. A dívida, dessa maneira, seria atualmente de 423.411.
    Foi isso que eu compreendi. Não sou muito entendido do assunto, portanto posso ter perdido algum detalhe. Caso eu tenha deixado algo passar, aguardo sua resposta. Acho o tema de dívidas importantíssimo para o futuro do Fluminense. Daí meu interesse na questão.

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