quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A história recente da política tricolor


Era uma noite do inverno de 2004. No imponente edifício Argentina, ali na praia de Botafogo, tomava lugar uma reunião decisiva para os destinos do Fluminense (há quem diga que o encontro foi no próprio Fluminense; enfim, o local não importa tanto). Estavam presentes David Fischel – presidente que terminava seu segundo mandato – Julio Domingues, Marcos Furtado, Julio Bueno, Roberto Horcades, Peter Siemsen, e mais alguns dirigentes e conselheiros tricolores à época. Na pauta, um único assunto: a escolha do sucessor de Fischel, que não mais poderia se reeleger.



Abro parênteses aqui porque sei que alguns tricolores já arregalaram os olhos. Siemsen numa reunião com Julio Bueno, Fischel e Horcades? No mesmo lado da mesa? Há sete anos? Isso realmente aconteceu? É possível o cenário político mudar tanto em tão pouco tempo? Eu sei que estas perguntas estão agora incomodando 9 em cada 10 leitores. A resposta para todas elas é sim: todos estes nomes já decidiam os destinos do Fluminense naquela época (para os que não se recordam, Siemsen foi vice-presidente jurídico de Fischel). Todo esse desconhecimento da comunidade tricolor me apavora: é a prova de que muitos dos sócios votaram praticamente às cegas em 2010. E isto não pode ser bom. Fecho parênteses.



A decisão daquela noite fria de 2004 foi tão importante quanto surpreendente: o vice-presidente médico Roberto Horcades não era um candidato nada óbvio. Mas, após algumas recusas, acabou sendo a alternativa encontrada. Seria ele mesmo o candidato da situação nas eleições de 2004. Se Horcades tivesse recusado, talvez, quem sabe, já teríamos Siemsen candidato naquela época. Outro concorrente naquele pleito foi José de Souza, que fazia parte da gestão Fischel mas rompeu com ela. Na oposição, havia dois candidatos: Augusto Ramos e Paulo Mozart (este expoente do Grupo Tricolor de Coração). Como todos sabemos, Horcades venceu.



No pleito de 2007, a citada reunião já não seria possível, pois o grupo se dividira. Horcades tentava a reeleição, apoiado por José de Souza, e seu oponente seria Siemsen, apoiado por Fischel, Julio Bueno, Marcos Furtado, Flusócio, Ideal Tricolor… (Paulo Mozart – do Grupo Tricolor de Coração – novamente se candidatou, numa chapa sem chances reais de vitória. O grupo foi acusado pela Flusócio de colaborar decisivamente para a reeleição de Horcades, ao “rachar a oposição”. A matemática não sustenta esse argumento: Horcades foi reeleito com mais votos que a soma das duas outras candidaturas.).



Já nas eleições de 2010, Siemsen, apoiado por Flusócio, Ideal Tricolor, Unimed (!!!), Tricolor de Coração (!!!) e alguns vice-presidentes de Horcades (!!!), enfrentaria Julio Bueno, apoiado por Marcos Furtado, Julio Domingues e o próprio Horcades. (Confesso, é bastante difícil acompanhar a dança das cadeiras…). Siemsen venceu com alguma facilidade.



Que a forma de fazer política no Fluminense precisa evoluir, eu espero que esteja óbvio para o leitor. Que o clube precisa de novos sócios, idem.



Tudo que peço, a quem já é sócio e a quem pretende se associar, é que se informem. Não tomem minhas palavras – nem as de ninguém – como verdades absolutas. Escutem todos os lados. Qualifiquem o seu voto para o pleito de 2013. O Fluminense precisa desse nosso esforço, para sair do caos atual e finalmente se refundar, entrando no século XXI.



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Para que um novo sócio possa votar nas eleições de 2013, ele deve se associar até outubro de 2012. Seguem abaixo informações sobre as regras das eleições do Fluminense. Minha fonte é o próprio Estatuto do clube (que, apesar de notoriamente ultrapassado, não deverá ser modificado pelo atual Conselho Deliberativo).



Podem votar e ser votados todos os que se associarem ao clube até um ano antes do pleito, e mantiverem as mensalidades em dia. Como o próximo ocorre no final de 2013, quem deseja participar deve se associar até setembro de 2012.



A eleição será disputada em turno único, por quantos candidatos se apresentarem, obedecendo aos critérios mínimos que explicarei no próximo parágrafo. Se o candidato vencedor obtiver mais que o dobro de votos do segundo colocado, terá direito a preencher todas as 150 cadeiras rotativas do Conselho Deliberativo. Senão, possuirá 135, deixando as 15 restantes para o segundo lugar. É bom lembrar que as outras 150 cadeiras do Conselho Deliberativo cabem aos conselheiros beneméritos, que devem manifestar vontade de ocupá-las. Se os vitalícios não chegarem a ocupar as 150 cadeiras a que têm direito, estas passarão a ser ocupadas pelos suplentes da chapa vencedora.



Para um sócio se candidatar à Presidência do Fluminense, ele deve apresentar sua chapa - uma lista com os nomes de presidente, vice-presidente e 200 sócios aptos. Esta lista de 200 nomes é subdividida, da seguinte forma:
- 15 primeiros nomes: serão conselheiros mesmo que a sua chapa seja a segunda colocada, a menos que esta obtenha menos que a metade dos votos da chapa vencedora;
- 120 nomes a seguir: serão conselheiros somente se sua chapa for a vencedora da eleição;
- 15 nomes a seguir: serão conselheiros somente se sua chapa for a vencedora da eleição, com mais que o dobro dos votos da segunda colocada;
- 50 nomes a seguir: são os suplentes, serão conselheiros somente se sua chapa for a vencedora da eleição, e os vitalícios não ocuparem suas cadeiras.



Embora uma das promessas de campanha de Peter Siemsen tenha sido um projeto de associação em massa - que demandaria uma reforma no Estatuto, especialmente nos artigos que explicam as regras acima - isto não será feito para a próxima eleição, segundo a Flusócio publicou recentemente (nada que me espante - quem me lê há algum tempo sabe que eu avisei sobre isso ainda na época das eleições passadas). Portanto, as regras para o pleito de 2013 serão mesmo estas.



Se o leitor está insatisfeito com a situação atual do Fluminense e deseja efetivamente participar de um processo de mudança, precisa se associar ao clube. Afinal, se o quadro de sócios aptos a votar for semelhante ao do pleito de 2010, provavelmente os grupos que estão no poder continuarão lá. Transparência e Profissionalismo continuarão sendo apenas palavras bonitas, sem aplicação em Laranjeiras.



Há duas modalidades: sócio-proprietário e sócio-contribuinte. Na primeira, é necessário comprar o título (hoje, custa R$ 3.960,00), mas em compensação o valor das mensalidades é menor (R$ 60,00). Na segunda modalidade, paga-se somente a joia (R$ 242,00), mas as mensalidades são mais caras (R$ 121,00). Todos os detalhes estão disponíveis no próprio site do Fluminense (clique aqui).



Por fim, reescrevo aqui o apelo: tudo que peço, a quem já é sócio e a quem pretende se associar, é que se informem. Não tomem minhas palavras – nem as de ninguém – como verdades absolutas. Escutem todos os lados. Qualifiquem o seu voto para o pleito de 2013. O Fluminense precisa desse nosso esforço, para sair do caos atual e finalmente se refundar, entrando no século XXI.



PC

4 comentários:

  1. Esta mesma retrospectiva feita agora pelo PC, eu já vinha fazendo desde 2004 (quando fiz parte da chapa do Mozart), passando por 2007 e chegando a 2010. Claro que eu (com espaços restritos ou renegados) e uns poucos não tínhamos estrutura e condições para combater com essas verdades as mentiras/omissões protagonizadas pelo exército de lavagem cerebral criado pelo projeto de poder da flusócio, mas espero que agora isso tudo pode chegar aos ouvidos de mais e mais tricolores, para que eles possam identificar quem é quem nessa dança de cadeiras.

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  2. Sou um dos eleitores arrependidos do senhor Peter Siemsen.

    Meu Deus, como eu gostaria de ter lido um texto como esse antes da eleição de 2010. Como eu gostaria...

    Votei sem estudar o cenário, sem saber quem era quem. E hoje percebo que contribuí para a continuação do processo de destruição do Fluminense.

    Se arrependimento matasse, não estaria aqui hoje.

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  3. A questão é: existia uma escolha em 2010?! todos os candidatos eram igualmente ruins e faziam parte da ciranda.

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  4. Nisso você está correto, bigmontz.

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