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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Inveja de quem chora

(por Mario Vitor Rodrigues)

Eis que aconteceu o esperado. O esperado, repito. Ninguém, honestamente, desconsiderava a chance de mais um rebaixamento tricolor, o quarto e mais vergonhoso de sua história. Bem ao contrário, aliás, o torcedor do Fluminense acordou, neste último domingo, como que se preparando para o pior. Torcendo, esperançoso, claro que sim, afinal é de sua natureza, mas era pesado o fardo de um ano inteiro, inteirinho, repleto de motivos que o fizessem colocar os pés no duro e frio chão.

O Tricolor, liderado por uma miríade de amadores, acima de todos seu insensatamente incensado Presidente, desde dezembro do ano passado anunciava vocação para escolher caminhos equivocados.

Primeiro, quando, ao invés de fazer a leitura correta, ou seja, de que o time precisava de reforços, pois conquistara o Brasileiro apresentando futebol sofrível, além disto para aumentar a competitividade dentro do elenco, jamais demonstrar-se satisfeito com o título nacional, mas faminto, pela América e pelo Mundo (raciocínio obrigatório em qualquer clube que se diz grande), optou por cristalizar a “família Abel”.

Depois, já explícita esta cretina e fracassada política, fazendo jogos e campanhas ridículas, principalmente na Libertadores, ainda assim ter chafurdado na soberba de não mudar o curso das coisas. 

É sintomático, típico de quem, insisto, não pensa grande. Tiveram pudores para admitir o absoluto e colossal erro de planejamento. No fundo, devem ter pensado “tudo bem, ganhamos o Brasileiro no ano passado, este ano a gente leva na maciota, quem sabe beliscamos uma vaga na Libertadores, vida que segue”.

A arrogância do amador sempre é seu maior pecado. Mais até que sua incapacidade. O incapaz, se tiver caráter, saberá reconhecer suas limitações. O arrogante, não. O limitado, quando se acha o tal, teima, insiste e, pior, às vezes, para não deixar dúvidas de que está no comando, aprofunda suas más escolhas.

Assim, por quê não vender Wellington Nem? Não era necessário, ninguém pagou multa rescisória e o jogador não queria sair, mas e daí? 

Por quê não vender Thiago Neves? Já não é aquele de 2008, a torcida reclama bastante dele e ainda vale uma grana. 

Deco decidiu se aposentar? Talvez ele já estivesse aposentado desde o meio do ano passado, mas, vá lá, preciso colocar alguém no seu lugar. Quem? Felipe. Afinal, se Deco tem 36 e encerrou a carreira, nada como trazer alguém de 36 que ainda não o fez.

Porém, ironias à parte, futebolisticamente nada foi pior, mais criminoso e sentenciador, que, ao demitirem Abel Braga, não terem imediatamente reconduzido Muricy ao comando da equipe. Nada. O Fluminense começou a construir seu descenso ali.

Muricy, me lembro bem, à época, perguntando se voltaria ao Flu, respondeu de maneira cristalina “Por quê não?”. Seria uma medida tranquila, não traria maiores traumas internos, um técnico vitorioso que já conhecia bem o elenco. Era acertar sua volta e começar a remodelar o elenco para 2014.

Mas não. Muricy não foi opção. Muricy, afinal, falou sobre ratos. Está aí, meus caros, que fique de lição para todos nós: ratos alimentam um rancor danado. Ratos preferem afundar o barco a perdoar uma verdade dita.

Teria uma dificuldade enorme e seria extremamente doloroso elencar todas as cretinices cuidadosamente lapidadas por Peter Siemsen, Celso Barros, Rodrigo Caetano, Marcelo Teixeira, Sandrão, Flusócio e seus aliados políticos, dentre os quais Ideal Tricolor e Tricolor de Coração, mas que não reste dúvida: são estes os donos do tetra-rebaixamento.

Ainda ontem, assisti a cenas de torcedores chorando por nossa derrocada. Choravam copiosamente, demonstravam dor e sofrimento.

Senti inveja.

Inveja, este sentimento tido como repulsivo, mas no fundo tão puro quanto o próprio amor. Sim, quanto o próprio. Da mesma forma que não somos capazes de decidir por quem vamos nos apaixonar, também não podemos pré-determinar o desejo de ser o outro. Simplesmente acontece.

Ontem, comigo, foi assim.

Ao ver tricolores chorando, lamentei por mim.

Já não consigo mais.

Tenho muito nítido, cada vez mais e de forma especialmente dolorosa, o quão malfadado está o Fluminense sob o comando destes que acabaram de se reeleger para mais três anos. Chorar, portanto, é impossível.

O choro não é prerrogativa apenas de quem ama. Amor ao Tricolor jamais me faltou nem faltará enquanto ainda estiver por aqui.

O choro é de quem acredita.

E eu não acredito.

Ou o Fluminense é assumido com coragem, por gente que encare de vez as mudanças fundamentais que precisam ser feitas, ou não acredito.

E não acredito.

(Mario Vitor Rodrigues já colaborou outras vezes com este blog)

13 comentários:

  1. Não fiquei triste, não fiquei chateado, fiquei foi envergonhado após ontem. De fato não entendi porque não fiquei triste e porque nunca mais senti aquela animação de 2008. Pensava eu que era porque fiquei traumatizado com aquela Libertadores. De fato fiquei,mas as lágrimas que hoje NÃO escorrem é fruto da mesma descrença que bem citou MV.

    Até quando aturaremos essa corja à frente do nosso querido clube? Até quando?

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  3. Mais uma vez leio "ou tomamos a frente ou o Flu vai se perder de vez"...pois bem,onde estavam os doutos senhores que não fizeram uma chapa para concorrer às ultimas eleições para "salvar" o Flu,posto que são os salvadores da pátria e que todos os demais estão levando o Flu à aniquilação??

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  4. O "Petérito Mais Que Perfeito" tira o "tesão" de qualquer Tricolor!

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  5. Caro Rafael Soares Rigaud,

    Por acaso o douto senhor tem noção de todos os requisitos necessários para montar uma chapa e concorrer às eleições do Fluminense? Em resumo, são necessárias 200 assinaturas de sócios (proprietários ou contribuintes) adimplentes há mais de um ano, e mais o candidato à Presidência, que precisa estar adimplente há pelo menos 5 anos. Pergunto: o douto senhor acha que é fácil preencher esses requisitos? Acha que é moleza?

    Eu, Mario Vitor e mais alguns bravos tricolores, descontentes com a gestão Fischel-Horcades-Siemsen, trabalhamos e muito de 2008 para cá, na tentativa de mudar o Fluminense, gastando dinheiro dos nossos bolsos e tempo que poderíamos estar dedicando a outras coisas. E o douto senhor, o que esteve fazendo neste período?

    A menos que esteja completamente satisfeito com a gestão Fischel-Horcades-Siemsen, o que eu duvido, já que esta gestão briga para não cair ano sim, ano não, e finalmente caiu esse ano, o douto senhor também poderia ter montado uma chapa para concorrer às eleições do Fluminense, né?

    Falar de nós é muito fácil. Mas o papel que exercemos nos últimos anos - o de única oposição de fato a este modelo que leva o Fluminense à insolvência - tem sido muito importante para o Fluminense. Não fôssemos nós, praticamente não existiriam críticas à gestão do Fluminense. E a ausência de críticas não pode ser considerada boa, em nenhuma circunstância.

    Falhamos, sim, ao não conseguirmos fazer nosso discurso ser ouvido. E sinceramente espero que o rebaixamento ao menos tenha essa consequência positiva: a de acordar os torcedores do Fluminense, que não nos escutavam ou fingiam que não nos escutavam.

    Enquanto a torcida e os sócios faziam ouvidos moucos, satisfeitos com as taças conquistadas unicamente pela enxurrada de dinheiro do patrocinador, nosso grupo, que nunca chegou a ter mais de 50 sócios, esteve de mãos atadas.

    Eu continuarei tentando, não vou desistir fácil do Fluminense. Tenho a certeza de que podemos levar o Fluminense a uma gestão verdadeiramente profissional, acabando com essa mamata implementada pela gestão Fischel-Horcades-Siemsen.

    A você, faço um pedido: use melhor o seu tempo dedicado às coisas do Fluminense. Se não está disposto a ler críticas à gestão, não venha aqui, não leia meus textos, nem os dos meus amigos. Agora, se acha que a gestão merece ser criticada, então se junte a nós, e pressione os conselheiros e os dirigentes a fazerem as coisas de forma diferente.

    É isso: não perca seu tempo com a gente. Infelizmente, por enquanto nós somos apenas uns poucos críticos. Não podemos fazer muito para mudar o Fluminense. Use seu tempo para pressionar aqueles que podem.

    Saudações Tricolores,
    PC

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  6. Realmente não há o que chorar quando a esperança de dias melhores não é quebrada, também estou seco, pior, não vejo luz que me indique o tamanho do túnel.
    A única dica é que esta falácia de flusócio x atraso é enorme.
    Também penso na minha infância, quando o bullying fazia parte do processo educacional da molecada na rua, adivinhem quem era o pato?
    Em geral o inexperiente arrogante, que naquela época respondia por otário. Já vi inclusive o bola seis da situação, ironicamente, ser elevado ao posto de mascote da galera do mal que assim iam fazendo suas vítimas, afinal só eles podiam espancar o pentelho.
    Foi impressão minha ou o colégio eleitoral diminuiu da penúltima para última eleição? Pobre FFC...
    Veremos em 2016 qual será o efeito do SF sobre o tamanho e a qualidade de nosso colégio eleitoral, 4 x 1?! Pior que está não fica...

    ST

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  7. Realmente não há o que chorar quando a esperança de dias melhores não é quebrada, também estou seco, pior, não vejo luz que me indique o tamanho do túnel.
    A única dica é que esta falácia de flusócio x atraso é enorme.
    Também penso na minha infância, quando o bullying fazia parte do processo educacional da molecada na rua, adivinhem quem era o pato?
    Em geral o inexperiente arrogante, que naquela época respondia por otário. Já vi inclusive o bola seis da situação, ironicamente, ser elevado ao posto de mascote da galera do mal que assim iam fazendo suas vítimas, afinal só eles podiam espancar o pentelho.
    Foi impressão minha ou o colégio eleitoral diminuiu da penúltima para última eleição? Pobre FFC...
    Veremos em 2016 qual será o efeito do SF sobre o tamanho e a qualidade de nosso colégio eleitoral, 4 x 1?! Pior que está não fica...

    ST

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  8. Discordo fortemente quanto a questão Muriçoca, não creio que precisaríamos da volta do Muricy aquela altura, a não demissão do Abel e um cobrança forte interna resolveria tudo (junto com o pagamento das premiações e salários atrasados).

    E mesmo que mandassem o Abel embora não deveria ter trazido alguém com o perfil do Profexô, deviam ter trazido um treinador copeiro para ganhar a Copa do Brasil e garantir um lugar no meio da tabela no brasileiro.

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  9. Bela resposta, PC.

    Sobre o substituto do Abel, qq outro técnico teria sido melhor do que o escolhido. Mas, novamente, o patrocinador fez prevalecer sua vontade. E não duvido se o RG voltar em 2014. O patrocinador gosta do cara e já se manifestou.

    ST

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  10. E depois de tudo ainda expõem na mídia framengueira que a queda de braço continua em relação ao RC. Não muda. Não vai mudar.

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  11. Grande resposta, irmão!

    Eu queria entender o que motiva um indivíduo a participar dessa linha de frente dos mercenários que comandam o clube. Enquanto os sanguessugas enriquecem às custas do Fluminense, a linha de frente é incansável em defendê-los...de graça! Vai entender...

    Rafael, outra coisa, pra que serve um "Gestor de Arenas"? O que ele vem fazendo? O que esse indivíduo faz que eu ou você não podemos fazer? Pra que pagar 20 mil reais mensais a alguém que não se diferencia do tricolor comum em nada?

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