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quinta-feira, 13 de março de 2014

Observatório da imprensa esportiva #3 - UOL


Amigos, eu vinha resistindo a fazer o terceiro post da série "Observatório da imprensa esportiva" aqui no blog, por ser o tipo que me dá mais trabalho, mas a notícia que li ontem no site do UOL me obrigou a fazê-lo. Já na manchete, o jornalista deve ter feito Goebbels - o ministro da propaganda nazista - corar de vergonha alheia: "Em meio a onda de racismo, Fluminense cogita ressuscitar pó de arroz" (sic).

A vergonhosa manchete do site UOL.

Para quem não conhece a história do pó-de-arroz, faço aqui um breve resumo. Em 1914, alguns jogadores do America se desligaram do clube da Tijuca e foram para o Fluminense (dentre eles, o lendário Marcos Carneiro de Mendonça, primeiro goleiro da Seleção Brasileira e posteriormente presidente do Fluminense). Um dos atletas transferidos foi o mulato Carlos Alberto (sim, um mulato no "racista" Fluminense, antes ainda de o Vasco começar a jogar futebol, vejam só!). Carlos Alberto trouxe do America um costume curioso: passava pó-de-arroz no rosto antes das partidas. O motivo real não é consenso: a versão mais aceita é a de que ele tentava disfarçar a cor de sua pele, para se parecer mais com os outros futebolistas da época (quase todos, em todos os clubes, eram brancos). O amigo Marcos Carneiro de Mendonça conta outra história (vídeo abaixo):

Marcos Carneiro de Mendonça explicando a origem do "pó-de-arroz".

Em 13 de maio de 1914, no campo do Fluminense, jogavam o Tricolor e o America, e a torcida visitante provocou seu ex-atleta, gritando "pó-de-arroz" para ele. (O jogo terminou 1 a 1.) Com o passar dos anos, a torcida do Fluminense adotou o apelido, e o transformou em um dos símbolos do clube. Nos grandes jogos no Maracanã, nas décadas de 60 a 90, a recepção do time com o pó-de-arroz jogado nas arquibancadas sempre foi uma marca registrada da torcida tricolor. Após um período de proibição, o pó-de-arroz voltou em 2008, com notáveis aparições especialmente nos jogos da Copa Libertadores daquele ano.

Pó-de-arroz no Maracanã: um espetáculo lindo de se ver.

No Novo Maracanã, a festa do pó-de-arroz ainda não aconteceu, mas já há movimentações a respeito, por parte da torcida tricolor, com as aprovações do clube e do consórcio que administra o estádio. Provavelmente, voltará a ocorrer após a Copa do Mundo.

De forma covarde e mentirosa, o site UOL publicou a matéria associando o costume da torcida tricolor às recentes manifestações explícitas de racismo no futebol brasileiro. Uma comparação sem nenhum cabimento, já que nem mesmo a suposta "origem racista" do termo tem fundamento real, e a celebração do pó-de-arroz sempre foi festejada por todos os tricolores - brancos, pretos, mulatos, índios, amarelos, laranjas, verdes e grenás - nada tendo de racista ou preconceituosa.

O texto da matéria no UOL, que não é assinada, até cita a "versão tricolor" da história, mas ainda assim é um evidente exemplo de mau jornalismo. Até o momento da confecção deste post, ainda não havia sido publicado um pedido de desculpas ou uma retratação por parte do site.

Estamos de olho.

PCFilho

8 comentários:

  1. Ninguém tem colhão de assinar uma merda dessas...

    ST!

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  2. Acabamos de ver um dos maiores representantes do Fluminense, nada menos do que seu Capitão, o Fred, declarar na semana passada veemente apelo em favor do Tinga, como forma de desagravo, por racismo sofrido. Aí vem o UOL, através de seu mal informado e incompetente repórter incorrer neste equívoco? Ainda por cima em texto apócrifo, ou foi covarde e não teve coragem de assinar!?

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  3. Tem gente que ainda assina coisas como essa, abaixo da linha do esgoto.

    Aliás, Carlos Alberto jogara no America, cuja torcida o conhecia e dele devia guardar rancor, pois foi um dos dissidentes do AFC que se debandaram para o FFC.

    A torcida americana já sabia que ele passava produto para pele no rosto e o ofendeu por motivos óbvios, até porque o jogo foi no campo do AFC.

    Se quem escreveu isso for jornalista, deveria rasgar o seu diploma.

    Se o seu local de trabalho fosse sério, o demitiria.

    Basta visitar o FLUMEMÓRIA para ver foto de negro no FFC em 1910.

    Aliás, em que ano os picaretas do Vasco que tentaram enganar a Liga com os seus falsos amadores entraram no Campeonato Carioca mesmo?

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  4. Quando a reportagem não tem dono(e ás vezes tem), chama-se "mete qualquer coisa aí a seu gosto"... e o cara aproveita e publica o que a sua clubite manda..

    A prova definitiva disso, assinadas ou não, foi a campanha contra o Flu.

    Valia até passar por cima do regulamento do CB 2013, valia liminar, valia tudo, desde que se rebaixasse o Fluminense...que cumpriu o regulamento!!!

    Quando é framingo e curintia, é OMO TOTAL, branqueiam tudo, fingem que não veem...

    Em Portugal com Benfica e Sporting é igual, é OMO TOTAL:-)

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  5. PC como sempre a manipulação da imprensa...bela postagem.

    A Tradição e a História não podem ser equecidas.

    A "picaretagem" vascaína foi em 1923.

    Um abraço fraterno.

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  6. Não deveria ser proibido matérias não assinadas?

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  7. Obrigado a todos pelos comentários.

    Montanha, eu acho que matérias não assinadas podem existir, sim. Apenas não permitiria isso caso fosse editor de um portal ou jornal. Principalmente se a matéria tiver um conteúdo tão "delicado". Bom, na verdade, essa matéria eu teria vetado com ou sem assinatura, porque é mentirosa e canalha. :P

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  8. Essa matéria do UOL foi o cúmulo do "anti-fluminensismo".

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