Com a contratação do argentino Luis Zubeldía, o Fluminense volta a ter um estrangeiro no comando técnico de seu time principal, algo que não ocorria desde 1997, quando o uruguaio Hugo de León teve uma passagem curtíssima por Laranjeiras.
Zubeldía será o 16º gringo a treinar o Fluminense. Vamos fazer um passeio pela história tricolor, listando todos os homens nascidos fora do Brasil que já treinaram o time principal do Fluminense?
Charles Albert Williams (Inglaterra) (1911-1912 e 1924-1926)
O inglês Charlie Williams foi o primeiro treinador contratado para atuar no Brasil, tendo sido uma peça fundamental para elevar o nível do futebol brasileiro nos primórdios. Após sua carreira como atleta (em que ganhou fama por ter marcado o primeiro gol de goleiro da história do futebol), Charlie Williams começou como treinador na seleção nacional da Dinamarca, vice-campeã olímpica em 1908. A convite de Oscar Cox, assumiu o comando técnico do Fluminense em 1911, ano em que conquistou o Campeonato Carioca de maneira invicta. Charlie foi um dos responsáveis pela elevação do nível do futebol praticado no Brasil. Ele voltou ao Fluminense em 1924, quando foi novamente campeão Carioca, conquistando também os Torneios Início de 1924 e 1925.
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| Charlie Williams, o primeiro professor do futebol brasileiro. |
Quincey Taylor (Inglaterra) (1917-1918 e 1934-1935)
O inglês Quincey Taylor, que trabalhava como professor de Educação Física no Gymnasio Anglo-Brasileiro, assumiu o comando técnico do Fluminense em 1917, liderando as duas primeiras conquistas do tricampeonato Carioca de 1917, 1918 e 1919. Ainda voltou ao clube para mais uma passagem, nos anos 1930.
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| O elegante Quincey Taylor com seus comandados em 1917. |
Ramón Platero (Uruguai) (1919)
O uruguaio Ramón Platero assumiu o comando técnico do Fluminense em 1919, substituindo o inglês Quincey Taylor, que havia sido bicampeão em 1917 e 1918. Platero manteve o ritmo e conquistou o tri, treinando aquele timaço inesquecível, que todo torcedor carioca sabia recitar: "Marcos; Vidal e Chico Netto; Laís, Oswaldo e Fortes; Mano, Zezé, Welfare, Machado e Bacchi". Comandou o Tricolor apenas no Torneio Início e naquelas 18 partidas do Campeonato Carioca de 1919, no qual teve o incrível retrospecto de 17 vitórias e 1 derrota, 68 gols-pró e 20 gols-contra.
Pode Pedersen (Dinamarca) (1920-1923)
O dinamarquês Pode Pedersen chegou ao Fluminense em 1920, em mais uma tentativa do Tricolor de trazer ideias de outros países, para melhorar o nível do futebol praticado no Brasil. Não chegou a conquistar títulos, tendo como melhor campanha o vice-campeonato Carioca de 1920.
Eugênio Medgyessi (Hungria) (1927-1928)
O húngaro Eugênio Medgyessi, também conhecido como Marinetti, trabalhou em diversos clubes brasileiros entre os anos 1920 e 1930. No Fluminense, conquistou o Torneio Início de 1927 (que viria a ser anulado após o próprio clube denunciar uma irregularidade em sua escalação) e a Taça Vulcain contra o Sporting de Lisboa em 1928 (o primeiro troféu internacional conquistado por um clube brasileiro).
Humberto Cabelli (Uruguai) (1935-1936 e 1944-1945) e Hector Cabelli (Uruguai) (1936 e 1945)
Entre 1935 e 1936, os irmãos uruguaios Humberto e Hector Cabelli trabalharam juntos na comissão técnica do Fluminense. Ambos chegaram a treinar a equipe profissional. Na primeira passagem, ficaram pouco tempo, mas ajudaram a montar um dos times mais espetaculares da história do futebol brasileiro, que manteria uma hegemonia impressionante durante os seis anos seguintes. Os irmãos Cabelli foram embora no meio do Campeonato de 1936, entregando o comando ao compatriota Carlos Carlomagno, mas ainda voltariam ao Fluminense entre 1944 e 1945, para mais uma passagem.
Carlos Carlomagno (Uruguai) (1936-1938)
O uruguaio Carlos Carlomagno ajudou o Fluminense a estabelecer a maior hegemonia da história do futebol carioca, comandando o time avassalador que conquistou o tricampeonato Carioca entre 1936 e 1938. Os esquemas táticos de Carlomagno se destacavam especialmente contra o Flamengo, o segundo melhor time brasileiro da época, tanto que ele foi um treinador invicto em Fla-Flus, com 9 vitórias e 4 empates em 13 jogos.
Ondino Viera (Uruguai) (1938-1942 e 1948-1950)
O uruguaio Ondino Viera é um dos gigantes da história do Fluminense. Com mais de 300 partidas, é o terceiro treinador com mais jogos no comando técnico tricolor, superado apenas por Zezé Moreira e Abel Braga. Conquistou os Campeonatos Cariocas de 1938, 1940 e 1941, além dos Torneios Início de 1940 e 1941, do Torneio Extra de 1941 e do Torneio Municipal de 1948. Valorizando tática e treinamentos individuais, Ondino é considerado o inventor do esquema 4-2-4, que revolucionou o futebol brasileiro. No Brasil, ele também comandou Bangu, Botafogo, Vasco, Palmeiras e Atlético Mineiro. Ondino foi também o treinador da seleção nacional do Uruguai na Copa do Mundo de 1966.
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| Ondino Viera, lenda tricolor, instruindo seus atletas. |
Athuel Velázquez (Uruguai) (1943-1944)
O uruguaio Athuel Velázquez comandou o Fluminense em 41 jogos entre as temporadas de 1943 e 1944.
Adolpho Milman "Russo" (Argentina) (1955)
Adolpho Milman, o Russo, ídolo tricolor nascido na Argentina, filho de ucranianos, trabalhou no Fluminense principalmente como auxiliar e treinador de times juvenis, mas chegou a ser técnico do time principal em 1955. Ele trabalhou também na comissão técnica da Seleção Brasileira (como Russo era cidadão brasileiro, muitas vezes não é citado como estrangeiro, vide meu texto sobre ele: Afinal, onde nasceu Adolpho Milman, o Russo, ídolo do Fluminense?).
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| Russo e João Saldanha, em jogo da Seleção no Maracanã, em 1969 (foto: Agência O Globo). |
Fleitas Solich (Paraguai) (1963-1964)
O treinador paraguaio Fleitas Solich, que comandou o Flamengo durante muitos anos, teve também uma breve passagem pelo Fluminense, com 30 jogos entre 1963 e 1964, tendo sido vice-campeão carioca em 1963.
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| Fleitas Solich no Maracanã. |
Alfredo González (Argentina) (1967)
O argentino Alfredo González, que atuou como jogador e treinador em diversos clubes brasileiros, teve uma curta passagem no comando técnico do Fluminense, durante três meses da temporada de 1967.
José Omar Pastoriza (Argentina) (1985)
O argentino José Omar Pastoriza, campeão da Copa Libertadores de 1984 com o Independiente, chegou ao Fluminense para comandar o clube na Copa Libertadores de 1985, mas se desentendeu com a diretoria e comandou o time somente em um amistoso.
Hugo de León (Uruguai) (1997)
A passagem relâmpago de Hugo de León pelo comando técnico do Fluminense em 1997 foi simbólica do caos que era a gestão do clube naqueles tempos: ele permaneceu somente uma semana no cargo, sendo demitido após três jogos (vitória sobre o Botafogo, derrota para o Palmeiras e empate com o Cruzeiro).
Observação:
- nos primórdios, o Fluminense era comandado por uma comissão técnica chamada Ground Committée, composta por um grupo dos próprios jogadores. Em algumas dessas ocasiões, havia estrangeiros nessa comissão, mas para efeitos deste post considerei somente os treinadores de fato.
Boa sorte, Luis Zubeldía!
PCFilho






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