terça-feira, 10 de junho de 2025

Há 50 anos, Fluminense vencia Bayern de Munique no Maracanã


Rio de Janeiro, 10 de junho de 1975.

Escalado com Félix; Toninho, Silveira, Assis e Marco Antônio; Zé Mário e Kléber; Cafuringa, Paulo Cézar, Rivellino e Mário Sérgio, o Fluminense entrou em campo no Maracanã, diante de 100 mil pessoas, ou talvez mais, para enfrentar o poderoso Bayern de Munique, que acabara de conquistar o bicampeonato europeu e era a base da seleção da Alemanha Ocidental, campeã mundial um ano antes.

Sim, o Bayern de Munique era simplesmente o bicampeão europeu vigente. Em 17 de maio de 1974, em Bruxelas, havia levantado a Copa da Europa (atual Champions League), ao derrotar por 4 a 0 o Atlético de Madrid na final. Em 28 de maio de 1975, em Paris, conquistara o bicampeonato, ao vencer o Leeds United por 2 a 0. (O clube alemão ainda ganharia o tricampeonato, batendo por 1 a 0 o Saint Étienne, em Glasgow, em 12 de maio de 1976).

Em resumo: a multidão foi ao Maracanã para testemunhar o maior desafio daquela recém-montada Máquina Tricolor: um jogo contra o melhor time europeu daqueles tempos (e talvez de todos os tempos).

A constelação que envergava o uniforme de Munique era a seguinte: Maier; Durnberger, Schwarzenbeck, Beckenbauer e Weiss; Roth, Tortensson e Rummenigge; Zobel, Müller e Kapellmann. Cinco deles estavam no escrete alemão que venceu a Copa do Mundo de 1974. Eram, portanto, além de bicampeões europeus, campeões mundiais. Sepp Maier era o melhor goleiro do mundo, Franz Beckenbauer era o melhor zagueiro do mundo, e Gerd Müller era o maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Além dos três gênios citados, Schwarzenbeck e Kapellmann também estiveram na conquista da Alemanha Ocidental em 1974.

O Fluminense foi só pressão no começo, entusiasmando até mesmo quem não é pó-de-arroz. Logo aos sete minutos, Rivellino deu um elástico na entrada da área, desnorteando a defesa alemã e abrindo espaço para o passe milimétrico a Kléber, que apareceu na cara do gol. Sepp Maier fechou o ângulo, e Kléber deslocou o goleiro. A bola não tinha bom destino, mas desviou caprichosamente na canela de Gerd Müller e morreu no fundo do gol. Gol-contra do maior artilheiro da história das Copas, e o placar do Maracanã anunciava: "Fluminense 1 x 0 Bayern".

O jogo seguiu assim: o Fluminense dava espetáculo, e o bicampeão europeu se defendia. Não foi só a grande partida da Máquina Tricolor: foi também o grande dia de Sepp Maier. O arqueiro alemão defendia tudo, até pensamento. A facilidade com que detinha os disparos brasileiros, sempre bem colocado, era de arrepiar. "Isto sim é que é goleiro", admiravam as testemunhas da atuação épica, nas arquibancadas, gerais e cadeiras. Começa a segunda etapa, e o show de Maier continua, com defesas incríveis e seguras. Elas eram feitas com tamanha simplicidade, que irritavam os atacantes do Fluminense e deliciavam quem as assistia.

Com a exceção do goleirão, os bicampeões europeus simplesmente não viam a cor da bola, totalmente envolvidos pelo futebol da Máquina Tricolor, comandada por Rivellino, Cafuringa e Mário Sérgio. Beckenbauer, Rummenigge, Müller, Kapellmann e os outros nada podiam fazer: era um show de bola dos astros de Laranjeiras. Apenas o arqueiro Maier conseguia deter o pó-de-arroz, com suas milagrosas intervenções.

No Fluminense, o destaque maior era Cafuringa: o ponta tricolor infernizava a vida dos elementos da defesa do Bayern de Munique, com suas arrancadas fulminantes e seus dribles desconcertantes. Os alemães estavam desesperados, completamente atônitos com aquela atuação do bravo Cafu. Dizem que Beckenbauer perguntou ao fim do jogo: "por que esse ponta não é titular da Seleção do Brasil?". A resposta a ele teria sido: "ele não é titular nem deste Fluminense".


O jogo terminou mesmo 1 a 0, um placar que não traduz o domínio colossal que o Fluminense exerceu durante os noventa minutos. O time que conquistara o bicampeonato europeu, apenas duas semaninhas antes, foi simplesmente atropelado pela Máquina Tricolor.

E foi assim que o Bayern de Munique descobriu que, na verdade, era somente o segundo melhor time da face da Terra...

PCFilho




Um comentário:

  1. Cinquenta anos hoje da maior vitória de um clube brasileiro contra uma equipe europeia em todos os tempos.

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