Escreveu uma poetisa, certa feita, que "amor" é uma palavra, duas sílabas, quatro letras e três cores. Quando o Fluminense entrou no gramado do Estádio MetLife para estrear na primeira Copa do Mundo de Clubes, era amor que invadia o meu peito. Uma palavra, duas sílabas, quatro letras e três cores.
Confesso que chorei na arquibancada em Nova Jersey. Passou um filme, como dizem por aí. A paixão inexplicável desde a mais remota infância, Ézio me ensinando pela TV o que era gol, a agenda que eu tinha do Fluminense com detalhes da história do clube, os difíceis anos noventa, o triunfo de Florianópolis, a dor infinita de nosso Maracanazo, a batalha do Couto Pereira e por aí foi.
Como segurar as lágrimas ao me lembrar de quem deveria estar aqui comigo vivendo isso, mas não está mais, devido à cruel imposição da natureza? Onde está tio João, onde está Marco Aquino? O Aquino com certeza teria topado essa viagem.
Eu estava meio cabreiro com o time do Fluminense, admito. E também tinha medo do poderoso Borussia Dortmund, o segundo melhor time alemão, um dos gigantes da Europa. Será que conseguiríamos jogar?
Pois o Fluminense não só jogou, amigos. O Fluminense dominou as ações do primeiro ao último minuto. Colocou os alemães na roda - como diriam os antigos, eles não viram nem a cor da bola. O empate em zero a zero foi um dos placares mais injustos que já presenciei.
Todos os atletas tricolores honraram A Camisa de uma forma que deu orgulho de ver. O Fluminense tinha onze leões famintos a correr pelo gramado nos Estados Unidos. O time entendeu a importância da missão e deixou tudo em campo, como tinha que ser. Foi uma dessas atuações antológicas, que estará para sempre gravada nas enciclopédias e nos almanaques tricolores, a despeito do placar em branco.
Sim, Everaldo tomou a decisão errada, naquele que poderia ter sido o gol da doce vitória tricolor. Faltou-lhe a ousadia de que todo centroavante precisa. Mas não crucifiquemos nosso atacante - até Waldo, o nosso eterno artilheiro, às vezes perdia uns gols de cambaxirra, como escreveu Nelson Rodrigues e como me confirmou tio João, algumas vezes. Também Everaldo foi um leão em campo, lutando bravamente por cada bola, dificultando decisivamente a transição de jogo dos alemães.
Nesta competição contra os maiores times do mundo na década, não temos como saber o que vem pela frente. A missão final parece mais que ingrata, parece mesmo impossível.
Mas uma Copa do Mundo é uma Copa do Mundo. Se continuar com a mesma vontade, a mesma entrega, a mesma fome e a mesma sede desta partida inaugural, o Fluminense pode tudo. Pode até mesmo desafiar o impossível, como já fez algumas vezes ao longo de seus 123 anos de história.
"Amor: uma palavra, duas sílabas, quatro letras e três cores" (Mariana Stofel).
PCFilho

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