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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

8 situações em que a FFERJ deliberadamente sabotou o Fluminense

Rubens Lopes, presidente da Federação do Rio de Janeiro.

Uma análise do desempenho recente dos clubes cariocas nos cenários brasileiro e sul-americano demonstra uma inequívoca superioridade técnica do Fluminense sobre seus três principais rivais (Botafogo, Flamengo e Vasco). Nas últimas dez temporadas (de 2006 a 2015), o Fluminense conquistou dois Campeonatos Brasileiros (2010 e 2012) e uma Copa do Brasil (2007), além de dois vice-campeonatos continentais (Copa Libertadores de 2008 e Copa Sul-Americana de 2009). No mesmo período, o Flamengo conquistou um Campeonato Brasileiro (2009) e duas Copas do Brasil (2006 e 2013), o Vasco uma Copa do Brasil (2011), e o Botafogo sequer chegou a uma decisão nacional ou internacional. Vasco e Botafogo ainda sofreram rebaixamentos no Campeonato Brasileiro (o Vasco caiu três vezes, e o Botafogo uma).

Entretanto, curiosamente, no Campeonato Carioca, competição organizada pela Federação do Rio de Janeiro (FFERJ), o Fluminense obteve muito menos sucesso que os seus co-irmãos. Nos dez últimos Campeonatos Cariocas, o Tricolor levantou a taça somente uma vez (em 2012). O Flamengo conquistou cinco títulos (2007, 2008, 2009, 2011 e 2014), o Botafogo três (2006, 2010 e 2013) e o Vasco um (2015). Por que a superioridade demonstrada pelo Fluminense nas competições nacionais e continentais não se refletiu na competição doméstica?

Muitos fatores poderiam explicar, dentre os quais destaco a falta de sorte. Sim, nos bizarros regulamentos do Campeonato Carioca, recheados de disputas de pênalti e decisões em jogo único, de fato a sorte fala muito alto. Entretanto, a suposta falta de sorte do Fluminense, sozinha, não poderia explicar tamanha distorção histórica. Por isso, resolvi escrever este post, que exibe evidências concretas de que a FFERJ tem deliberadamente sabotado o Fluminense nos últimos anos. O presidente da citada Federação, tal qual o garoto dono da bola numa pelada de rua, faz de tudo para que o time de seus desafetos não seja o campeão. Para um leitor imparcial, ficará demonstrada a ação implacável da FFERJ contra os interesses de seu clube fundador.

Não falarei aqui das confecções das tabelas recentes do Campeonato Carioca, sempre com o Fluminense jogando mais vezes no interior que os seus principais rivais (em especial Flamengo e Vasco), e com mudanças de local em cima da hora (como a transferência da estreia de 2015 do Maracanã para Volta Redonda, às vésperas do jogo). Também não citarei neste post as arbitragens dos jogos, apesar de o Fluminense ser constantemente garfado por árbitros do Rio de Janeiro (já fiz aqui no blog um post documentado com vídeos sobre esse assunto). Citarei neste post apenas os "atos administrativos" e as sabotagens "fora de campo" promovidas pela FFERJ (entidade cujo presidente adora alfinetar o Fluminense publicamente, e cuja gestão é investigada até por nepotismo).

1) O primeiro ato de Rubinho na presidência da Federação: anular, em 2006, o Campeonato Carioca conquistado pelo Fluminense em 2002.

Em 2006, Rubens Lopes assumiu a presidência da FFERJ - cargo que ocupa até hoje. Seu primeiro ato como presidente da Federação foi colocar "sub judice" o Campeonato Carioca que o Fluminense conquistou em 2002, ano de seu centenário. O motivo? Acreditem se quiserem: um suposto erro de arbitragem favorável ao Tricolor na semifinal contra o Bangu (que era dirigido na época pelo próprio Rubens Lopes). Entre 2006 e 2009, o Campeonato Carioca de 2002 ficou "sub judice" na lista oficial de campeões da Federação. Em 2009, o Fluminense enfim teve seu título confirmado pela Justiça Desportiva, contra a vontade do presidente da FFERJ. Este é, até hoje, o único caso registrado de tentativa de anulação posterior de um campeonato por erro de arbitragem, em qualquer federação do mundo, em qualquer época. 

2) Na polêmica dos lados das torcidas no Maracanã, briga entre Vasco e Fluminense, a FFERJ apoia incondicionamente - que surpresa! - o Vasco.

A despeito de o Fluminense ter garantido em contrato o uso do lado direito das arquibancadas do Maracanã, o presidente do Vasco Eurico Miranda insiste que o seu clube tem o "direito histórico" a posicionar sua torcida ali. A Federação de Futebol do Rio de Janeiro, claro, apoia o Vasco na briga, desde o começo. Em 2014, chegou a garantir que a torcida vascaína ficaria do lado direito no duelo do Campeonato Carioca de 2015 (devido à confusão, o jogo acabou sendo transferido para o Engenhão). Para o Campeonato Carioca de 2016, novamente tentou forçar a barra para o lado vascaíno, concedendo em regulamento o direito à escolha do lado ao campeão carioca do ano anterior (que, curiosamente, foi o Vasco). Como o Maracanã não está sendo utilizado em 2016, a canetada acabou sendo inútil.

3) À revelia do Fluminense, FFERJ inscreve atleta sub-15 tricolor como jogador do Vasco.

Em 2015, o meia-atacante Paulo Vítor, do time juvenil do Fluminense, foi aliciado pelo Vasco, numa conduta ilegal do clube de São Januário. A FFERJ tomou partido no imbróglio - adivinhem a favor de qual clube! - à revelia do Fluminense, a Federação inscreveu o atleta tricolor como jogador do Vasco. Os clubes brasileiros deram razão ao Fluminense no caso, e boicotaram o Vasco em torneios da base.

4) Fred é suspenso da semifinal do Campeonato Carioca de 2015 por dar uma opinião na beira do gramado, após ser (injustamente) expulso. Julgamento de atletas que cometeram agressões em jogo anterior só acontece depois do Campeonato.

Às vésperas da partida de volta da semifinal do Campeonato Carioca de 2015, Fred foi julgado e condenado por ter dado uma opinião na beira do gramado, após ser expulso (de maneira inequivocamente injusta) do Fla-Flu da 1ª fase. Enquanto isso, os quatro atletas expulsos por agressões no jogo entre Flamengo e Vasco, que ocorreu semanas antes das declarações de Fred, tiveram seus julgamentos adiados e puderam jogar as semifinais do Campeonato Carioca normalmente. Curioso o tratamento diferenciado para o craque do Fluminense, não?

5) FFERJ transfere o Clássico Vovô decisivo da semifinal do Carioca de 2015 do Maracanã (estádio da final da Copa do Mundo) para o Engenhão (que estava em obras, com metade da capacidade), quatro dias antes da realização do jogo.

Como não poderia deixar de ser, os dois jogos da semifinal entre Fluminense e Botafogo, no Campeonato Carioca de 2015, estavam marcados para o Maracanã, estádio da final da Copa do Mundo do ano anterior, e portanto o melhor palco possível para as partidas. Após o Fluminense vencer o primeiro jogo por 2 a 1, a FFERJ resolveu, a pedido do Botafogo, transferir a segunda partida para o Engenhão (que estava em obras e com apenas metade da capacidade disponível). A mudança do local do jogo se deu apenas quatro dias antes da sua realização (ferindo frontalmente a legislação brasileira). Além disso, na mesma semana, o Fluminense viu seu principal jogador (Fred) ser absurdamente suspenso por dar uma opinião (vide item 4, acima neste post). Jogando em "sua casa", o Botafogo venceu por 2 a 1 e acabou se classificando na disputa de pênaltis.

6) FFERJ faz de tudo para Fluminense e Flamengo desistirem de disputar a Primeira Liga.

(Foto: Dhavid Normando / Futura Press)

Insatisfeitos com o Campeonato Carioca (será por quê?), Fluminense e Flamengo se articularam com clubes de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para organizar a Primeira Liga, torneio com maior potencial de lucro. A despeito de os clubes terem o direito constitucional de disputarem as competições que bem entenderem, a FFERJ fez o possível para sabotar as participações de Flu e Fla na Primeira Liga. Rubens Lopes ameaçou até não repassar para a dupla os valores referentes aos direitos de transmissão do Campeonato Carioca, e desfiliar os dois clubes. No fim, forçada pela Lei, a FFERJ autorizou, a contragosto, a participação de Flu e Fla na nova competição.

7) FFERJ nega inscrição de Gérson no Campeonato Carioca de 2016. Mas quando um clube amigo pediu aumento do número de estrangeiros, foi atendido...

Alegando não poder modificar o regulamento da competição, a Federação negou a inscrição do meia tricolor Gérson no Campeonato Carioca de 2016, porque o Fluminense já tinha 5 atletas inscritos com menos de 20 anos. O curioso é que a Federação já havia alterado alguns itens do regulamento para facilitar as inscrições de atletas por parte dos clubes: diminuiu essa idade-limite de 21 para 20 anos, excluiu os goleiros desse item do regulamento, e aumentou o limite de estrangeiros para 5 por jogo (a pedido do Botafogo). Mas quando é o Fluminense que solicita algo, há que se criar uma dificuldade, né?

8) A suspensão do bandeirinha que errou a favor do Fluminense - e o perdão ao bandeirinha que, no mesmo jogo, cometeu o mesmo erro, mas contra o Fluminense.

Na partida Madureira 3 x 3 Fluminense, pelo Campeonato Carioca de 2016, dois dos seis gols foram irregulares, um do Fluminense e um do Madureira. Em ambos os lances, os autores dos gols estavam em posição de ligeiro impedimento - portanto, eram jogadas de marcação difícil. No dia seguinte, a Federação puniu o auxiliar Wagner de Almeida Santos, o que beneficiou o Fluminense - ele estava escalado para o jogo Vasco x Flamengo, mas foi colocado na "geladeira" e substituído por Dibert Pedrosa Moisés. O auxiliar Michael Correia, o que prejudicou o Fluminense, foi "perdoado pela dificuldade do lance". A mensagem não poderia ser mais clara, poderia?
(observação: na mesma rodada, dois pênaltis foram marcados equivocadamente, um para o Vasco, um para o Flamengo - e nenhum dos árbitros sofreu punição pelos erros.)

Por essas e por muitas outras, já defendo há tempos a desfiliação do Fluminense da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. O Tricolor não pode ser forçado a continuar em uma entidade que não o quer... Aposto que muitas outras federações brasileiras aceitariam de braços abertos o clube mais importante da história do futebol brasileiro. Até quando os dirigentes tricolores aceitarão passivamente essa situação?

PCFilho

18 comentários:

  1. Excelente post! Também sou favoravel a desfiliação do Fluminense da FERJ. Os estaduais atrapalham o calendário do futebol brasileiro, que já é bastante apertado! Defendo o Brasileiro de fevereiro a novembro com jogos somente nos finais de semana!

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    1. Nosso calendário ficaria mesmo muito melhor. 38 datas pro Brasileirão, 14 datas pra Copa do Brasil e 14 datas pras competições sul-americanas (ocorrendo paralelamente, como na Europa).

      Os únicos times que perderiam com o fim dos Estaduais seriam os paulistas, já que o Paulistão é o único estadual que dá lucro aos clubes.

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  2. Excelente argumentação. É fato notório e muito claro que o Fluminense vem sendo prejudicado há tempos. Mas.existe um outro componente nessa equação. O próprio Fluminense tem mostrado total desinteresse pelo campeonato. Isso facilita a tarefa do Roubinho e seus amigos bandidos.

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    1. Eu não vejo esse suposto desinteresse do Fluminense pelo Campeonato Carioca, não.

      O Tricolor sempre escala seus titulares, incentiva a torcida a ir aos jogos, e os disputa com seriedade, a despeito dos fragilíssimos adversários.

      As únicas vezes em que houve esse "desinteresse" foram nos anos em que o clube participou da Copa Libertadores. Mas o mesmo "desinteresse" é mostrado por todos os clubes, quando estão disputando a Copa Libertadores. Não é uma exclusividade do Fluminense.

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  3. O excelente artigo acima, mostra a ERA RUBINHO.
    Por outro lado, a FERJ sacaneia MUITO o Fluminense desde 1986, ERA CAIXA D'Água, que com Eurico Mirando formaram o Rubinho.
    O Flu não participa da curriola.

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    1. Obrigado pela ótima observação, Alexandre.

      A escassez de títulos cariocas do Fluminense começou exatamente em 1986, ano em que essa quadrilha se apoderou da FFERJ. Dos 30 Campeonatos desde então, o Fluminense só conquistou 4 (1995, 2002, 2005 e 2012). Muito pouco para o clube que era absolutamente hegemônico na competição (dos 17 Campeonatos Cariocas entre 1969 e 1985, o Fluminense ganhou NOVE).

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  4. No tempo do maior presidente do clube, o magistral Arnaldo Guinle, sequer isto que hoje acontece seria cogitado. De uns tempos para ca, passamos a ter presidentes fracos, incompetentes e ladroes. Nao há representividade. O atual, então, e um descalabro. Contrata apostas, idosos, e jogadores que nao jogam há dois anos, jonathan e Henrique. Marcelo Penha, da pena. Volta villela. Que saudade da alcunha time da elite. Hoje somos renegados, por esta corja, que representa bem a luta do nos contra eles. O mundo que conhecia acabou.

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  5. Mas, infelizmente, o cenário mudou totalmente a partir da introdução do voto unitário, em que os votos dos clubes de menor investimento tem o mesmo peso dos grandes, como se adviessem daqueles os subsídios necessários às despesas destes, as quais são, sem sombra de dúvidas, muito maiores. Com isso, os Rubinhos e Euricos canalizaram os votos dos pequenos e, juntos, tem mais poder de fogo que a dupla Fla-Flu. Em tempo: a apresentação da matéria está perfeita !

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Resolvi deletar meu post, pq pode me comprometer... vai que o cara morre...

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  8. Parabéns pelo artigo. Tem que colocar nas redes sociais. Abc

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  9. Mais uma...

    Flu e Fla fecham acordo para disputar o clássico no Pacaembu, cada clube recebendo 800 mil reais. Aí vem a FFERJ e veta.

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    1. Um dia depois, dona FFERJ cedeu e autorizou o Fla-Flu no Pacaembu. Menos mal.

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  10. Desfiliação é difícil, pois certamente a CBF não autorizaria a filiação do Fluminense em outra Federação e, uma vez desfiliado, o Flu perderia os seus direitos com relação a disputa dos campeonatos no país.

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    1. Não é verdade. Há clubes de Goiás que são filiados à Federação do Distrito Federal. A CBF poderei perfeitamente autorizar o Fluminense a se filiar a outra federação. Aliás, essa exigência de ser filiado a uma federação estadual nem existe, que eu saiba.

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  11. Por que o Fluminense nunca deu entrada na Justiça exigindo a destituição desse presidente da FERJ por desvio evidente de função ou algo assim?

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