quinta-feira, 13 de maio de 2010

Os sete milagres do Olímpico


Amigos, há sujeitos que não acreditam em milagres. Quanto a mim, confesso com satisfação: eu acredito piamente em milagres. Melhor ainda: eu só acredito em milagres. A meu ver, o fato lógico e indiscutível não merece nada mais que a nossa repulsa. É necessário extrair de cada acontecimento o que nele há de inverossímil, de maravilhoso, enfim, de miraculoso.

Não consigo entender como se poderia viver e sobreviver sem os milagres. Agora mesmo, no mundo do futebol, estamos vivendo uma sucessão de milagres. Os protagonistas dos milagres são, quase sempre, os meninos do Santos. (eu juro que, antes de começar a escrever, não havia pensado no trocadilho dos santos com os milagres)

Pois bem, nesta quarta-feira, no Olímpico, enfrentaram-se o Grêmio e o Santos. Os gaúchos quase nunca perdem em casa. Os santistas quase nunca perdem. Portanto, estava desenhado o grande jogo, partida de ida da semifinal da Copa do Brasil.

Como todo grande jogo, a batalha do Olímpico precisava dos seus milagres. E o protagonista dos primeiros milagres da noite tem nome, sobrenome e apelido: Paulo Henrique Ganso. Vinte e um anos apenas, e nele já se vê a experiência de um veterano, nele já se vê a classe de um maestro. Amigos, Ganso foi o dono do primeiro tempo. Passes magistrais, dribles desconcertantes, lançamentos milimétricos. E, acima de tudo isso, uma visão de jogo incomum. O Santos tem em suas fileiras um autêntico craque de bola. Sob a batuta do espetacular camisa dez, os meninos da Vila Belmiro chegaram logo aos dois a zero, em pleno Estádio Olímpico.

As estatísticas recentes dizem: o Grêmio só perdeu dois dos últimos cinquenta jogos no Olímpico. Mas os garotos do Santos não querem saber de estatísticas, não querem saber de adversários, não querem saber de nada. Eles simplesmente atropelam quem cruzar seu caminho, sem dó, sem piedade. E hoje no caminho dos meninos estava o Grêmio Portoalegrense. Quando André enfiou o segundo gol do Santos, um silêncio constrangedor tomou conta do Estádio Olímpico. A multidão apavorada parecia estar em um velório, não em uma partida de futebol.

Ainda na primeira etapa, em uma jogada espetacular, Ganso mostrou que é um gênio. Sim, gênio. No próximo encontro com Pelé, ele poderá olhar nos olhos do divino crioulo, e perguntar-lhe intimamente: "como vai, colega?". O chute encobrindo Victor foi uma pintura, digna de ser exposta no Museu do Louvre, ao lado da Mona Lisa. A bola, no entanto, foi desviada pelo nefasto Sobrenatural de Almeida, e caprichosamente beijou o travessão. Uma lástima, pois aquela bola merecia o destino das redes. A torcida gremista se renderia, sublime, e aplaudiria o lance de pé, tenho certeza. No entanto, foi apenas um quase-gol. Fomos mesmo para o intervalo com o placar de dois a zero para o Santos.

O segundo tempo trouxe um Grêmio diferente. A torcida voltou a apoiar. O trio Douglas, Jonas e Borges estava disposto a qualquer sacrifício pela vitória. E, aproveitando-se de vacilos da defesa santista, foram enfiando um gol atrás do outro. Quando o Santos acordou, já estava quatro a dois para o Grêmio. Que jogo, amigos, que jogo! Os dois milagres iniciais do Santos de repente estavam ofuscados pelos quatro milagres posteriores do Grêmio. Não é à toa que o tricolor portoalegrense possui o apelido de "imortal". A virada desta quarta-feira é histórica. Entra, desde já, para os grandes momentos da história do Grêmio. Quem não esteve no Olímpico não viveu.

Mas dizia eu anteriormente que Paulo Henrique Ganso se revelara o mais novo gênio do futebol brasileiro. Dêem a um gênio uma situação quase irreversível, e ele terá o combustível perfeito. O Grêmio deu a Ganso uma virada avassaladora. E Ganso a utilizou para criar uma nova obra de arte. O lançamento para Robinho foi espetacular, surreal, indescritível. Quando a defesa gremista se deu conta, o atacante da Seleção estava sozinho, de frente para a meta de Victor. Com bom atacante que é, Robinho consumou o gol. Grêmio 4, Santos 3, placar final.

Sete gols, sete milagres, e temos um jogo para sempre. As testemunhas da batalha poderão contar aos filhos e netos que estavam lá, e viveram. Quarta-feira que vem, é na Vila Belmiro. Será que os Santos de casa também fazem milagres?

PC

2 comentários:

  1. PCste comentário usando a camiseta onde está escrito "Imortal Tricolor". Tenho que discordar de ti em um ponto, quando falas que um trio gremista voltou disposto a mudar o placar do jogo.

    Acho falta de consideração falar que apenas Jonas, Borges e Douglas vieram com esse intuito. Inclusive acho que este Douglas nem faria parte do meu "trio salvador".

    Hugo fez um jogo totalmente diferente do apresentado por ele mesmo no primeiro tempo. E Rodrigo foi uma parede em vários lances do ataque santista. Meu tri seria Borges, Hugo e Rodrigo.

    Abraços, PC.

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  2. O Grêmio deu muita sorte.
    Tem que agradecer ao Mancha pelas duas falhas que proporcionaram a virada.
    Acho difícil o alvinegro praiano não ser o campeão absoluto deste ano.

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