Quem já visitou alguma vez a sala de troféus do Fluminense certamente se deparou com o impressionante e belíssimo troféu da foto, de mais de dois metros de altura, provavelmente a maior taça da história do futebol mundial. Neste texto, contarei a história de tal obra de arte, a Taça Gardano, habitante da sede do Fluminense desde 1936 e para sempre.
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| Manchete do Jornal dos Sports em 10/12/1936, anunciando a disputa da Taça Gardano: "A maior taça do Brasil para o cotejo dos maiores rivaes" |
Idealizada pelo senhor Leonidas Cappucini, representante da célebre fábrica de chocolates Gardano & Cia. Limitada, a Taça Gardano foi oferecida ao Jornal dos Sports em dezembro de 1936, às vésperas da melhor-de-três entre Fluminense e Flamengo, que decidiria o Campeonato Carioca daquele ano. O diário, então, decidiu ofertar o troféu ao vencedor daquela decisão, com a posse temporária de um ano. O clube que vencesse mais Fla-Flus pelo Campeonato Carioca em um período de três anos, entre 1936 e 1938, teria a posse definitiva.
Assim foi noticiado o destino da Taça Gardano, na edição de 10 de dezembro de 1936 do Jornal dos Sports: "O nosso director, em conversa com o cavalleiro Leonidas Cappucini, lembrou o Fla-Flu. E lembrou o Fla-Flu por um motivo simples: fôra o match dos clássicos rivaes o que maior enthusiasmo despertara no público. Tanto assim que até agora os Fla-Flus de 36 renderam mais de 350 contos. Por outro lado apresentava-se a opportunidade de uma "melhor de três", que seria em disputa da Taça Gardano. A suggestão foi aceita plenamente pelo cavalleiro Leônidas Cappucini. O campeão carioca de 36, o vencedor do Fla-Flu, inscreveria o seu nome na "Taça Gardano" e ficaria seu detentor por um anno. Dos dois rivaes, o que obtivesse, um sobre o outro, maior número de victorias em três annos, ficaria o detentor definitivo da Taça Gardano".
O Fluminense venceu aquela melhor-de-três, com uma vitória e dois empates, ficando assim com o Campeonato Carioca e a posse temporária da Taça Gardano:
Na temporada seguinte, o Campeonato Carioca viu mais dois Fla-Flus, com uma vitória do Fluminense e um empate. O Fluminense, que conquistou também o Bicampeonato Carioca, manteve a posse da Taça Gardano:
Assim, já com duas vitórias no duelo, o Fluminense precisaria apenas de mais uma vitória sobre o rival, no Campeonato de 1938, para ficar de vez com o troféu. Já no jogo do primeiro turno, naquele domingo, 11 de setembro de 1938, o Fluminense venceu o Flamengo por 2 a 0, no estádio do rival, na Gávea, com gols de Romeu Pellicciari e Sandro, garantindo a posse definitiva da Taça Gardano.
Em novembro, o Fluminense perdeu o Fla-Flu do returno, mas o revés não teve maiores consequências: a Taça Gardano já era tricolor, e o Tricampeonato Carioca chegou da mesma forma. O Fluminense se estabelecia, definitivamente, como o clube mais vencedor do futebol nacional - e tinha a maior taça do Brasil para provar.
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| Os jogadores do Fluminense que participaram de todos os Campeonatos Cariocas entre 1936 e 1938: Romeu Pellicciari, Machado, Brant, Guimarães, Hércules, Orozimbo e Batatais. |
PCFilho
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