(por
Thiago Rachid)
Gerir um clube do tamanho do Fluminense não é tarefa fácil e falhas podem acontecer. Quando estas ocorrem pelas dificuldades da empreitada, não ficamos frustrados, afinal não conseguiremos vencer todos os desafios. Quando elas acontecem por incompetência da Diretoria, ficamos frustrados, mas é algo de se esperar de uma gestão semi-amadora como a do Fluminense e de tantos clubes brasileiros. Mas o que realmente chateia são as falhas por negligência. Ver o Fluminense perder oportunidades por conta da omissão dos seus gestores aborrece porque deixa na torcida o sentimento de passividade. Estamos vendo o cavalo passar selado diante de nossos olhos, mas não assumimos as rédeas por desatenção ou preguiça.
Vou dar três exemplos que a mim parecem pra lá de óbvios. O primeiro é o fato de o Fluminense ter sido o pioneiro do futebol no Brasil e berço da Seleção Brasileira, a maior campeã do mundo. Há uma referência na Sala de Troféus ao fato de termos sediado a primeira partida da Seleção no Estádio das Laranjeiras e outras contribuições que demos ao esporte no Brasil. Mas isso é muito pouco para trazer turistas ao Clube. O Rio de Janeiro é o principal destino turístico do país pentacampeão, está sempre cheio de turistas que adoram futebol e o Fluminense tem um ativo que não explora: o fato de ter sido a casa da Seleção, o berço de uma equipe que encanta o mundo há quase cem anos. Urge que seja feita uma parceria com a CBF para que permitam o uso da marca e para que se crie um Museu da Seleção mantido e explorado pelo Fluminense. Se a CBF não negociar e não autorizar, que se faça um espaço para a História do Futebol Brasileiro, em que a referência à Seleção seja indireta, mas que capitalize a importância histórica daquele espaço para a formação da Seleção e do esporte no Brasil. Outros clubes lendários exploram a sua história para fazer dinheiro com seus museus: River Plate, Boca Juniors e Barcelona, por exemplo, faturam uma fábula com eles. E não falta espaço, pois ainda temos o subsolo do prédio histórico das Laranjeiras e a alternativa de transferir a parte administrativa para outro espaço.
Além desse desperdício de oportunidade, apenas em 2013 duas outras oportunidades de fortalecer a nossa marca com medidas simples, tanto na Copa das Confederações, quanto na Jornada Mundial da Juventude, foram negligenciadas. Nos dois eventos, tivemos uma invasão de turistas brasileiros e estrangeiros na cidade e o Fluminense nada fez para aparecer. No evento esportivo, poderíamos explorar a nossa importância para o futebol no Brasil com ações de marketing no Aeroporto, na Rodoviária, nas Estações do Metrô e da Central do Brasil, vinculando o Fluminense ao fato de sermos o “Marco Zero” do futebol no Brasil e transformando o clube na marca carioca do futebol para os que estão conhecendo a cidade. Seriam medidas baratas e que gerariam resultado, pois poderiam ser distribuídos brindes e oferecidos produtos do Clube para venda, além de divulgar a Sala de Troféus como uma atração no Rio, já que há entre os turistas que visitam a cidade muitos que gostam de futebol, tanto que o Maracanã é o segundo ponto turístico mais visitado do Rio, só perdendo pro Cristo Redentor, mas na frente do Pão de Açúcar, por exemplo.
Quanto à Jornada Mundial da Juventude alguém poderia argumentar: é um evento religioso, o público não quer saber de futebol. Será? Recebemos mais de um milhão de pessoas na cidade e a maioria mais que absoluta era de jovens. Jovens gostam de futebol e o Fluminense ainda poderia trabalhar em cima da forte identidade que tem com o Papa João Paulo II, criador das Jornadas Mundiais da Juventude e co-padroeiro do Clube, ao lado de Nossa Senhora da Glória. Poderíamos ter distribuído brindes como bandeiras relacionando João de Deus com o Clube, medalhas, artigos baratos, o que faria com que os peregrinos se identificassem com o Fluminense e eventualmente visitassem o Clube, a Sala de Troféus e consumissem produtos licenciados não só durante o evento, mas também depois, por terem criado a simpatia com a marca.
Observem, amigos, que são oportunidades perdidas que nos chateiam e que não voltam mais. Tanto desejamos, não só a internacionalização e fortalecimento da marca Fluminense, como também a renda que isso pode gerar para o clube, que ver a oportunidade escorrendo pelo ralo deixa na gente o gosto amargo da frustração.
Ainda teremos a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Que este lamento sirva de grito de alerta para que ao menos nestas o Fluminense se faça presente.
Parabéns a você, PC, e ao Thiago pelo texto.
ResponderExcluirSempre achei que nossa sala de troféus poderia ser mais aproveitada, mais mostrada aos turistas, em qualquer época. Sempre temos muitos turistas na cidade. Mas não é. Durante os eventos, ainda teríamos o apelo das cores do Tricolor, que poderia atrair os italianos que aqui estiveram.
Infelizmente, estamos anos-luz atrás de um Barcelona, um Real ou qq outro grande clube europeu. Até mesmo do argentino Boca Juniors, que explora bem o seu estádio nesse aspecto. Mas lamentavelmente, o máximo que fazem por aqui, e não só o Flu, é oferecer a camisa do clube ao visitante ilustre. É válido, mas muito pouco em termos criativos. Depois reclamam...
Grande Rachid, ótimo texto.
ResponderExcluirA inoperância do marketing do Fluminense durante a Copa das Confederações foi mesmo gritante, o Fluminense deveria ter aparecido, principalmente por se tratar de um evento de futebol.
Quanto à JMJ, eu confesso que não conhecia a dimensão do evento, esperava algo bem menor. E, apesar dos transtornos causados à minha própria vida aqui no Leme, achei o evento espetacular. E acho mesmo óbvio que o Fluminense deveria ter aproveitado a oportunidade. Muitos gringos teriam adorado conhecer o Fluminense. Eu mesmo fui abordado algumas vezes por gente que queria trocar camisas de futebol que eu estava vestindo.
A única ação foi a óbvia entrega da camisa ao Papa Francisco, oportunidade que caiu no colo, pelo acaso de sermos vizinhos do Palácio da Guanabara e portanto o melhor lugar para o pouso do helicóptero que trazia Sua Santidade.
A Copa do Mundo e as Olimpíadas serão oportunidades ainda maiores que essas que passaram. Será que o Flu continuará dormindo?
Enfim, obrigado pela colaboração ao Jornalheiros, um abraço!
PC
Prezados, pessoal agora está falando do Carlos Alberto. Se tem grana pra trazer Felipe e CA, por quê não nos devolveram o Conca?
ResponderExcluirÓtimo texto Thiago.
ResponderExcluirRealmente o nosso marketing é péssimo!
Eu mesma falei com um dos funcionários do marketing sobre aproveitar, que o melhor jogador da Copinha (FRED) é nosso jogador. Poderiam ter feito um evento no tal Bar dos Guerreiros, que é caro pra kct, mas que muitos teriam ido se fizessem um evento com a presença do Fred. Você aceitou a simples idéia? Nem eles.
Saudações Tricolores.
ALÊ.