segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Mundial de Clubes da FIFA - Fluminense 2 x 0 Al Ahly


Amigos, a caverna do Profeta está iluminada com o radiante sorriso do velho homem. Em sua jocunda felicidade, em sua incontida alegria, ele está irremediavelmente hipnotizado pela beleza do Carrossel Tricolor de Fernando Diniz. O sábio ancião viveu toda a história do Fluminense, vocês sabem, de Oscar Cox e Horácio Costa Santos a Martinelli e John Kennedy. E garante que a versão atual do Tricolor é a mais encantadora de todas.

Vocês são testemunhas oculares e auditivas de que o Profeta previu glórias e vitórias mil, ao longo dos tempos. Em 2010, quando poucos acreditavam no título do Brasileirão, quase ninguém!, o sábio vaticinou o fim do jejum tricolor com uma antecedência acachapante. Este ano, ele também teve a visão antecipada da Copa Libertadores erguida aos céus do Rio de Janeiro, sob os olhares atentos da nossa América de futebol.

Inevitavelmente, o Profeta viveu também tristezas com o Fluminense, claro, mas ele nunca se abalou. Pelo contrário, o velho homem sabia que as adversidades eram percalços necessários para a evolução. Não se chega a uma semifinal de Mundial sem aprender muito. O Carrossel Tricolor é fruto de um trabalho de gerações inteiras.

Todo clube, ao entrar em campo, representa seu passado, seu presente e seu futuro. O monumental Fábio defende a história de MarcosCastilho, FélixPaulo Victor e Diego Cavalieri. O obstinado Samuel Xavier é um Carlos Alberto e também um Oliveira e um Aldo. A fortaleza Nino faz um Pinheiro, um Edinho e um Thiago Silva. O destemido Felipe Melo é um Galhardo, um Ricardo Gomes e também Gum. O genial Marcelo defende o sangue de Marco Antônio, o suor de Altair e as lágrimas de Branco. O incansável André é um Denilson e um Jandir e também é DeleyMarcão. O bravo Martinelli faz um Oswaldo Gomes, um Telê e um Darío Conca. O maestro Paulo Henrique Ganso é Romeu Pellicciari e é também SamaroneDidi e Orlando Pingo de Ouro. O insinuante Keno faz um Tim, um Escurinho, um Cafuringa e também um Thiago Neves. O goleador Germán Cano é Welfare, é Flávio, é Waldo. O imparável Jhon Arias é Ademir, é Assis, é Romerito, é Hércules. Sob a batuta de Fernando Diniz, mas também de Zezé Moreira, Ondino Viera, Carlos Alberto Parreira e Abel Braga, o Fluminense joga com onze, mas parece que joga com quarenta e tantos. E quando entra John Kennedy no time, entram junto ÉzioWashingtonRivellino, Renato e Fred, e por aí vai, conforme será para todo o sempre, assim na terra como no céu.

O deserto das Arábias foi o palco da nossa mais recente vitória, os dois a zero sobre o Al Ahly. Pelo amor de Deus, ou de Alá, não façam pouco dos campeões africanos. Os egípcios lutaram como leões de esfinge e foram, especialmente no primeiro tempo, onze fanáticos, dispostos a qualquer sacrifício pelo triunfo. E até mesmo chegaram perto de abrir o placar, parando na atuação espetacular de Fábio. Eles só não conseguiram suportar os noventa minutos no mesmo ritmo: na etapa final, cansaram e sucumbiram ao irresistível Carrossel Tricolor. Marcelo sofreu o pênalti, Jhon Arias converteu a cobrança, Martinelli ganhou as divididas, e John Kennedy fechou o placar. Fluminense dois a zero.

Razão e emoção, inteligência e ousadia, estratégia e caos: em meio a suas aparentes contradições, o Carrossel Tricolor está ensinando ao mundo um novo jeito de jogar futebol.

Independente de qual for o adversário na decisão do Mundial de Clubes, o Fluminense está preparado. Venha o Urawa Red Diamonds, do Japão, venha o Manchester City, da Inglaterra, o Carrossel Tricolor está pronto para seu teste final.

A caverna, dizia eu no começo, está iluminada com o sorriso do Profeta. Penduradas nas úmidas paredes, as faixas de velhos e recentes triunfos do Fluminense são testemunhas. Contemplando o céu estrelado, o velho homem coça sua longa barba branca e imagina o futuro. Quem espera sempre alcança.

PCFilho

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