Notícia da vitória do Fluminense sobre o Al Ahly em 1961. A Noite Esportiva, 27/05/1961. |
Na segunda-feira 18, Fluminense e Al Ahly, do Egito, se enfrentarão na semifinal do Mundial de Clubes da FIFA, na Arábia Saudita. Os dois clubes já duelaram uma vez antes, em 1961, em um amistoso internacional no Cairo, capital da então República Árabe Unida (fusão do Egito com a Síria, que durou de 1958 a 1961).
Treinado pelo lendário Zezé Moreira, o Fluminense estava começando uma excursão internacional. No dia 24 de maio de 1961, havia jogado em Lisboa contra o Sporting, de Portugal (derrota de 2 a 0). No dia 26, o Tricolor entrou em campo no Cairo, para enfrentar o Al Ahly, clube mais famoso do Egito. Foi o primeiro jogo da história do Fluminense contra uma equipe africana, e também a primeira partida do Fluminense na África.
O Fluminense posado para o amistoso no Cairo. Em pé: Clóvis, Jair Marinho, Edmílson, Altair, Castilho e Pinheiro. Agachados: Calazans, Paulinho Omena, Waldo, Telê e Escurinho. |
O encontro foi realizado no Estádio Internacional do Cairo, palco que havia sido inaugurado no ano anterior. O Fluminense venceu por 2 a 1, gols de Waldo e Telê, com Saleh Selim descontando para o Al Ahly. Na imprensa brasileira, o nome do time egípcio foi traduzido para "Nacional", significado de "Al Ahly" em árabe.
O diário A Noite noticiou assim a partida, no dia 27: "CAIRO (UPI - A NOITE): O Fluminense, do Rio de Janeiro, venceu o Nacional Esportivo do Cairo Sporting Club, por 2 x 1, em partida realizada ontem, nesta capital. Os gols da partida foram assinalados por Valdo, aos 43 minutos do primeiro tempo, e Telê, aos 4' do segundo tempo para o Fluminense e Saleh, o único dos locais, aos 33' da segunda fase. Presenciaram ao encontro 18 mil espectadores que ovacionaram a equipe brasileira quando esta deixava o gramado após a vitória".
Em seguida, fez um resumo da partida: "Logo ao início da partida os visitantes demonstraram maior capacidade de jôgo e, de imediato, não conseguiram tentos pois seus ataques (constantes) esbarravam na defensiva local. Apesar da maior presença na cancha da equipe brasileira, os locais conseguiram equilibrar a partida durante um certo período e somente aos 43' da primeira fase, Valdo, centroavante dos visitantes, atirando de oito metros de distância, conseguiu marcar o primeiro gol. Para a segunda etapa os locais voltaram mais harmonizados e realizaram vários ataques de perigo, todos neutralizados pela defensiva visitante. Aos 4', Telê, invadindo a área egípcia, marcou o segundo ponto dos brasileiros. Somente aos 33', Saleh, avante local, assinalou o ponto de honra dos locais e o jôgo não teve outra modificação no placar terminando com a vitória do Fluminense por 2 x 1".
O Jornal dos Sports também publicou uma nota sobre a partida: "Sem exibir todo o seu football, o Fluminense venceu ontem, na cidade do Cairo, capital da República Árabe Unida. Os dois a um mostram que o prélio foi duro e exigiu dos jogadores cariocas o máximo de empenho para que fôsse possível o triunfo. O nosso companheiro Carlos Alberto disse em seu telegrama, que os jogadores egípcios lutaram com alma, mas tiveram que se curvar ante a maior categoria do Fluminense".
No dia 28, o Fluminense voltou a campo na República Árabe Unida, para enfrentar o Tanta Sports Club, em Tanta, outra cidade do Egito: foi uma nova vitória tricolor, por 3 a 0, gols de Pinheiro (de pênalti) e Henrique Jaburú (2). Após essa partida, o elenco retornou à Europa, realizando mais alguns amistosos, em Bulgária, França, Itália e Espanha. Foi no último jogo desta excursão que Waldo deu um show contra o Valencia, marcando dois gols na vitória tricolor por 3 a 2 (vide Efemérides Tricolores - 1º de julho). Ele acabaria sendo negociado com o próprio Valencia, que buscava um centroavante após a trágica morte do brasileiro Walter Marciano de Queirós, em acidente automobilístico dias antes. Assim, os jogos dessa excursão foram os últimos de Waldo com a camisa do Fluminense.
De volta ao Brasil, já sem Waldo, o Fluminense faria um Campeonato Carioca ruim, terminando somente na quarta colocação, empatado com o Bangu. Com 319 gols marcados, um deles contra o Al Ahly, Waldo é até hoje o maior artilheiro da história tricolor.
Waldo, mito tricolor. |
Ficha Técnica
26/05/1961 - Al Ahly 1 x 2 Fluminense - Estádio Internacional do Cairo (Cairo, República Árabe Unida)
Público: 18.000 presentes.
Al Ahly: Adel Heikal (Marwan Kanafani); Tarek Selim e Foad Abou Ghedia (Said Aboul Nour); Talaat Abdel Hamid, Rifaat El-Fanageely e Taha Ismail; Mimi El-Sherbini, Anwar Saleh, Saleh Selim, Ezzat Aboul Rous (Awadain) e Mahmoud El-Gohary.
Fluminense: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis (Dari) e Altair; Edmílson (Edil) e Paulinho Omena (Henrique Jaburú); Calazans, Telê (Oldair), Waldo e Escurinho (Hílton Oliveira). Técnico: Zezé Moreira.
Gols:
0-1: Waldo (aos 43 minutos do 1º tempo);
0-2: Telê (aos 4 minutos do 2º tempo);
1-2: Saleh Selim (aos 33 minutos do 2º tempo).
PCFilho
(com informações do Almanaque Tricolor (Alexandre Berwanger, Gunter Angelkorte e Sergio Trigo), do Jornal dos Sports e d'A Noite)
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