Há exatamente um ano, o Rei Pelé sucumbia à cruel imposição da natureza humana. Naquele cinzento dia 29 de dezembro de 2022, o maior ícone da história do Brasil e do futebol nos deixava órfãos. Ele pôde testemunhar somente 82 anos de sua eternidade.
Mais embaixador do país do que qualquer diplomata formado no Instituto Rio Branco, Pelé ainda nos ajuda, mesmo depois de morto: quando um gringo descobre que somos brasileiros, cita imediatamente "Pelé" e passa a nos tratar como se amigos de longa data fôssemos.
É Pelé o nosso exemplo máximo de que sim, nós podemos ser os melhores. Quando aquele menino, aos 17 anos, enfileirou três gols na França, em plena semifinal de Copa do Mundo, o brasileiro passou a acreditar, pela primeira vez na vida, que não devia nada a ninguém. E ali, na Suécia, ele só estava começando a nos encantar - viriam a seguir quinze anos do mais absoluto esplendor.
Pelé também nos ensina lições de humildade. Rivellino nos conta que certa vez, durante a preparação da Seleção para a Copa de 1970, foi servido aos jogadores um bife muito duro, uma "sola de sapato" impossível de se mastigar. "Não dá pra comer isso, o Pelé vai reclamar" - mas não: o Rei, pacientemente, cortava a carne em pedaços pequeninos, para que pudesse engolir. "Eu nunca vi aquele homem reclamar de bola, de chuteira, de camisa, de nada", relata o craque do Corinthians e do Fluminense.
Naquele Mundial, Pelé liderou o time de futebol mais espetacular jamais reunido. Com lances mágicos, parecia flutuar sobre os gramados do Jalisco e do Azteca. Sua assistência para o último gol, na decisão contra a Itália, é uma demonstração de sua genialidade: ele recebe o passe de Jairzinho, domina a bola, entende o recado de Tostão e, com a calma de uma criança brincando na sala de casa, rola para Carlos Alberto chutar. Era um maestro em ação, comandando sua orquestra de craques.
Nesse vídeo MA-RA-VI-LHO-SO, descobri que Tostão avisou Pelé que Carlos Alberto estava vindo. 😱 pic.twitter.com/jeWiWsxalQ
— Paulo Cezar Filho ✝️🙏 🇭🇺 (@pcfilho) July 2, 2018
O artista Andy Warhol um dia disse que a fama de Pelé não duraria quinze minutos, mas quinze séculos. Ele estava certo: enquanto nossas crianças de todas as idades forem hipnotizadas pela bola, Pelé será imortal.
Ele ainda habita em nossos sonhos. Vestido o uniforme canarinho, calçadas as chuteiras pretas, entra em campo e, mesmo oitentão, vale por três de vinte e poucos. Pega a bola, arranca em velocidade, tabela com a perna de um zagueiro, dribla o goleiro, marca mais um gol e dá o seu icônico soco no ar. Quem foi Rei nunca perde a Majestade.
PCFilho
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