"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas" (José Saramago)
"Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. Podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos!" (Nelson Rodrigues)
Amigos, quando terminou a decisão do Mundial de Clubes, lá nas Arábias, o Profeta tratou de juntar os seus trapos e ir embora de Laranjeiras, mas de cabeça erguida. O velho sábio era um vencido? Nunca, jamais, em hipótese alguma! Vencido, como?, se temos de admitir a verdade límpida e cristalina de que o Fluminense merecia sorte melhor?
Não cabe, contra tal constatação, nenhum argumento, nenhuma questão, nenhum sofisma, nenhuma dúvida. Alguém poderá dizer que o Profeta não previu a força bruta dos bilhões de dinheiros dos europeus.
Exato, não previu mesmo. O Profeta é do tempo do tricampeonato, quando o futebol era amador, no sentido real da palavra: os futebolistas jogavam por amor, e nossos torneios eram decididos com o coração na ponta da chuteira. Seus ídolos são Marcos, Vidal e Chico Netto, Laís, Oswaldo e Fortes, Mano, Zezé, Welfare, Machado e Bacchi, os campeões de 1919.
É que, no âmbito doméstico, o Fluminense de 2023 conseguiu vencer o abismo financeiro que o separa dos mais ricos – há uns 8 ou 9 ou 10 times com mais grana no Brasil, alguns com muito mais, e ainda assim foi o Tricolor que levantou a Copa Libertadores aos céus do Rio de Janeiro, sob os olhares atentos da nossa América de futebol.
Talvez por isso, o Profeta – e todos nós, tricolores como ele – tenhamos nos iludido com a possibilidade de derrotar o Manchester City, em Jeddah. Afinal, se submetemos o milionário Flamengo àquela derrota acachapante no Carioca, por que não poderíamos fazer o mesmo com os ingleses no Mundial?
E nós encaramos com uma coragem espetacular os campeões europeus. Qualquer outro time teria recuado, teria armado uma retranca ou um ferrolho. O Fluminense não! O Fluminense não abdicou de jogar o seu futebol, de atacar, de agredir, de partir para cima. O Tricolor aprendeu a não abaixar a cabeça para ninguém.
O próprio Guardiola admite que, se a sorte tivesse sorrido primeiro para o Fluminense, o jogo seria outro. Infelizmente, o acaso estava do lado do Manchester City. Quem poderia prever que eles ganhariam um gol com menos de um minuto de jogo? Quem diria que a tecnologia burra da FIFA marcaria o impedimento inexistente de Germán Cano, num lance óbvio de mesma linha? E o gol-contra, então, que escaparia até à vidência de um Maomé?
No segundo tempo, mesmo com a desvantagem de dois gols, contra o melhor time da face da Terra, o Fluminense continuou bravo, tentando escalar aquele Everest intransponível. Três a zero, e os guerreiros insistiam em lutar. Que time corajoso é o Carrossel Tricolor de Fernando Diniz, que não joga a toalha em momento nenhum.
O Fluminense termina 2023 como o Profeta, de cabeça erguida, orgulhoso da jornada maravilhosa que cumpriu. O ano que vem tem novos desafios. Vamos tratar da Recopa contra a LDU, do tri Carioca, do bi da Libertadores, do quinto Brasileirão. A abarrotada sala de troféus da rua Álvaro Chaves continua clamando por novos habitantes. Afinal, é de glórias que o Fluminense vive: da Taça Colombo, dos heróis de 1919, à recente Copa Libertadores, dos guerreiros de 2023.
A revolução tricolor está só começando. Quem viver verá.
PCFilho
(inspirado, como sempre, em N. R.)
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